Dando Adeus à Netflix

Acabamos de dar adeus à Netflix aqui em casa.

Foi com essa sentença que me pronunciei publicamente pelas redes sociais no meio de uma semana absolutamente comum, mas cujos desdobramentos seriam um pouco menos comuns. Explico as razões. Tomei conhecimento de que algo além do tolerável na perspectiva cristã estava ocorrendo, e isso me conduziu a cancelar a minha assinatura da Netflix, que lançou alguns vídeos em coprodução com um grupo chamado Porta dos Fundos, cujos conteúdos geralmente são de humor debochado e irreverente, comumente marcados por muito sarcasmo, e que tem se especializado em ser morbidamente ácido com respeito a temas do cristianismo. Nas suas fileiras consta que há gente que já andou por igrejas e que, portanto, mesmo não comungando com o corpo de Cristo, sabe o que está fazendo. Os dois títulos chamados de “Especial de Natal” que me surpreenderam foram “Se beber não Ceie” e “A primeira tentação de Cristo”. Sem maiores detalhes, no primeiro, os discípulos tomam um porre na Última Ceia e acordam de ressaca no dia seguinte sem saberem onde Jesus foi parar e, no segundo, Jesus faz 30 anos e, ao retornar da tentação no deserto, traz seu namorado para apresentar a todos.

Ao passarem de alocadores a produtores ou coprodutores de vídeos que zombam claramente da fé alheia, especialmente de Cristo, os serviços deixaram de ser compatíveis comigo e minha casa, uma vez que entendo que a verba mensal que pago representa parte da verba utilizada nesse projeto. Um cristão passaria, então, de cliente com reservas a patrocinador da desfaçatez com que trataram a fé cristã.

Mateus 20.19 apresenta o próprio Jesus dizendo que precisava ir a Jerusalém, onde seria entregue às autoridades. Ali seria condenado à morte e seria entregue aos gentios para ser zombado, açoitado e crucificado. Começa a zombaria pela forma da traição: um beijo daquele que andava com Jesus. Preso, Jesus recebeu cusparadas no Sinédrio e foi achincalhado com perguntas sarcásticas enquanto era torturado. Ironizado diante de Pilatos, recebeu roupas e títulos por pura chacota enquanto se esvaia em dores e tormentos. Chegando à cruz, continuaram a ridicularizar de Cristo, a começar de judeus, passando por gentios, e vendo todos à uma a zombarem dele, incluindo religiosos, soldados e até o ladrão vizinho de cruz. Aliás, estar numa cruz já era uma humilhação e uma zombaria terrível. Eram todos impenitentes. Até que Paulo, em 1 Coríntios 11, alerta quanto àqueles que, sendo irmãos, continuam a zombar de forma velada de Cristo, pois o que, sendo irmão, come e bebe da Ceia do Senhor sem o discernimento correto torna-se réu de juízo, sendo em algo semelhantes àqueles que zombaram e vilipendiaram do Senhor.

Manter-me na qualidade de um patrocinador de produções cinematográficas que zombam e vilipendiam o Senhor é o mesmo que esbofeteá-lo, cuspir nele, bater em sua cabeça para lhe enterrar os espinhos da coroa, zombar com deboches, forçá-lo a andar nu pelas ruas carregando o grande peso do madeiro, furá-lo ao lado com uma lança, gritar para que ele desça da cruz se for capaz. Ou, para os que estão mais perto, é o mesmo que deixar o Senhor sozinho a caminho da cruz, sumir enquanto ele sofre, negar que o conheça, fugir com medo de Roma e, mais tarde, comungar apenas esteticamente sem o discernimento real do Senhor, ajuntando desgraça sobre a própria cabeça sob o juízo de Deus. Tudo isso é coproduzir zombaria e humilhação ao Senhor.

O episódio do serviço de streaming tem mais valor do que possamos imaginar. É o autoexame: onde está o coração dos cristãos de nosso tempo? Vale qualquer coisa para termos momentos de lazer, e esse lazer pode ser qualquer um? Cristo é honrado ou é zombado pela verba que despejamos nos serviços pelos quais pagamos voluntariamente? Alguém que se diz cristão pode se entregar a qualquer tipo de coisa e sair ileso disso? Indo além: Cristo tem sido honrado ou achincalhado no trabalho, na faculdade, na família e na igreja local? Se nos habituarmos a zombar do Senhor, nós o faremos com aquelas frases já conhecidas, como “isso não faz mal”, “deixe de ser exagerado”, “pode sim, porque Deus é puro amor”. Deus nos poupe de zombarmos de sua santidade!

Além da preocupação espiritual, há o aspecto dos direitos à nossa cidadania. O Código Penal se posiciona contra o que foi feito em seu Artigo 208, que esclarece que “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso” é passível de pena de detenção ou multa segundo a lei. Algumas pessoas podem não saber o que fazer, então seguem pelo menos duas dicas: 1) encerrar sua parceria; 2) fazer contato para externar sua opinião ou reclamação: entre 8h e 23h você pode ligar gratuitamente para a Netflix pelo 0800-761-4631. No Facebook, deixe sua mensagem através deste link.


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Por: Joel Theodoro. © Coalizão pelo Evangelho. Website: coalizaopeloevangelho.org. Todos os direitos reservados. Original: Dando Adeus à Netflix.