Discípulos buscam santidade

Um dos “mal-entendidos” comuns da doutrina da justificação somente pela fé é o de que ela seja uma ficção sem consequências práticas para a vida. Esse tem sido um argumento polêmico usado pelos apologistas católicos romanos contra a visão protestante do “sola fide” – a verdade bíblica de que somos justificados somente pela graça, somente pela fé e somente em Cristo. Além disso, antinomianos de todos os tipos argumentam que, como os crentes estão sob a graça e não mais sob a lei, eles podem viver de uma maneira moralmente “relaxada”.

De onde vêm essas caricaturas da vida cristã, Paulo não é a fonte disso. Na verdade, ele é totalmente contrário a ela. Na carta aos romanos, o apóstolo descreve as profundezas do evangelho da justificação somente pela fé, sobre a qual a nova vida em Cristo está enraizada e se desdobra. A justificação é a base da santificação. O primeiro é o fundamento do segundo, e o segundo é o resultado espiritual do primeiro. Como Charles Hodge escreveu em seu comentário de 1886 sobre Romanos: “É impossível alguém compartilhar os benefícios de sua morte [isto é, Jesus Cristo] sem estar em conformidade com sua vida”.

Aqui é onde entra a santidade. A santidade é a marca inevitável do discípulo de Jesus Cristo. Uma vida cristã profana é simplesmente um oxímoro, uma contradição de termos, uma negação da realidade da justificação somente pela fé. Em Romanos 6.12–16, Paulo revela o significado de uma vida santa em termos de uma transição radical – de estar sob a lei, aqui significando que o indivíduo está morto pelo pecado e a serviço da injustiça, para estar sob a graça, aqui significando que o indivíduo se tornou vivo para Deus e serve à causa da justiça.

A santidade é a evidência espiritual e prática de que a transição ocorreu e está funcionando adequadamente em termos reais. Novamente, vale a pena citar Hodge: “A graça, em vez de levar à indulgência do pecado, é essencial para o exercício da santidade”. Sob a graça, a santidade é o sinal da justificação. Sem a santidade visível na vida cristã, todas as caricaturas de justificação ficcional e antinomianismo infelizmente se tornam possíveis. Uma vida profana é uma desculpa para que zombadores da fé cristã sejam reforçados em seus preconceitos errados contra o evangelho. Uma vida santa é um sinal da veracidade da Palavra de Deus e do poder de sua graça para trazer vida onde a morte e o pecado reinaram anteriormente. Que grande responsabilidade sobre nós, discípulos de Jesus, de sermos santos, porque Deus é santo (1 Pedro 1.16).

Por: Leonardo De Chirico © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: Disciples Pursue Holiness.

Original: Discípulos buscam santidade. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.