Alguns homens gostam de lutar

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.” (Gl 5.13)

Há um momento no filme 1917 de Sam Mendes (que, a propósito, é brilhante, e você deve vê-lo, pois este post não é uma resenha), em que o Aspirante Cabo Schofield, encarregado de atravessar um território infestado de inimigos para entregar notícias cruciais de uma emboscada secreta às linhas de frente britânicas, recebe um aviso sobre o comandante a quem ele está levando a carta. “Tenha certeza de que haja testemunhas, alguns homens gostam da luta”.

A instrução é preocupante. Mesmo que Schofield esteja levando ordens diretas, que salvará milhares de vidas, ele é advertido de que as ordens podem ser ignoradas. Por quê? Porque, independentemente do comando superior para se retirar, independentemente do custo, independentemente das probabilidades impossíveis e da morte imprudente que se seguiria, há, em alguns, um zelo pela batalha que se sobrepõe a qualquer bom senso. Quando você se sente pronto para a guerra, quando anseia pela fúria do conflito, não guerrear é covardia, inutilidade, sem sentido.

Alguns homens gostam da luta.

Mas esses não são homens de verdade. Homens de verdade estão dispostos a lutar somente quando for necessário. Falsos homens estão ansiosos para lutar, sem se importar com mais nada.

Essa lição é importante para qualquer cristão e ainda mais pertinente para os líderes cristãos. Vivemos tempos cruciais para a igreja, especialmente no Ocidente. Existem escaramuças, oportunidades diárias para entrarmos em guerra com nossos vizinhos, nossos irmãos, com os desconhecidos do Twitter com seus dedos ansiosos para teclar. Somos chamados a travar uma guerra implacável contra nossos pecados (Hb 4.12) e as forças espirituais do mal (Ef 6.12). Mas nem todo convite para lutar contra carne e sangue deve ser aceito. E raramente esses convites devem ser feitos.

Aqueles que estão no ministério cristão devem levar isso especialmente a sério. Às vezes é necessário lutar. Gostar de lutar não. De fato, gostar de lutar é proibido.

Considere se você não está, de fato, com cada tweet cáustico, destruindo sua qualificação para o ministério. Não é viril acordar todas as manhãs pensando nos irmãos como seus inimigos, nem mesmo naqueles dos quais você discorda em assuntos importantes. “é necessário que o servo do Senhor não viva a contender (2Tm 2.24). Pastores são proibidos de entrar em contendas (1Tm 3. 3).

E embora a violenta limpeza do templo pelo Senhor possa oferecer algum modelo de zelo sagrado que valha a pena imitar, ele falou muito mais diretamente sobre abençoar aqueles que nos odeiam, orar por aqueles que nos perseguem e dar a outra face. Essas são ordens diretas.

Mas alguns homens não se importam. Eles gostam da luta. Não importa o custo, não importa a morte que isso possa trazer.

Por isso, trazemos o testemunho de responsabilidade sóbria e espírito de renúncia. Seremos homens o suficiente para ouvir? Corajosos o suficiente para obedecer? Humildes o suficiente para nos arrependermos?

Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração… (Cl 3.15).

Por: Jared C. Wilson. © The Gospel Coalition. Website: thegospelcoalition.org. Traduzido com permissão. Fonte: Some Men Just Like the Fight.

Original: Alguns homens gostam de lutar. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.