Um blog do Ministério Fiel
O Coronavírus é realmente sério?
“Não se esqueça de limpar sua mesa no trabalho”, minha mãe disse por telefone, no meu caminho para o trabalho.
Olhei para o pacote de lenços desinfetantes, que ela havia me dado alguns dias atrás, sentado no banco do passageiro – um verdadeiro confidente para os próximos dias.
Ela não detectou meu proverbial revirar de olhos (estava na minha cabeça, é claro), mas ouviu minha risada. Era uma coisa muito maternal de se dizer, especialmente para sua filha adulta, em plena atividade, que estava dirigindo para o trabalho.
“Isso é realmente sério?” Eu perguntei.
Ela investigou as estatísticas mais recentes sobre o Coronavírus – a velocidade com que está se espalhando, o número de infectados e seus impactos financeiros. Parece que todo mundo é especialista nisso hoje em dia.
Três tipos de pessoas
Eu observei de três tipos de pessoas relacionadas ao Coronavírus:
- Aqueles que estão estocando desinfetantes e outros materiais de forma apocalíptica,
- Aqueles que olham para o resto do mundo com contrariedade aborrecida e um toque de moralmente correto, e
- Aqueles que estão cautelosamente conscientes e particularmente alertas em relação a alguém que espirra ou tosse por perto.
Normalmente não sou uma pessoa do dia do juízo final. Eu me colocaria em algum lugar entre contrariadamente aborrecida e cautelosamente consciente. Eu assisti o papel higiênico, a água e as toalhas de papel desaparecerem das prateleiras das lojas, nas últimas semanas, com um proverbial – e às vezes literal – revirar de olhos
Parte disso é um incômodo hipócrita com o que percebi como um super exagero em relação ao Coronavírus. Comparei com o jogo de tabuleiro Pandemic, que meu marido, e eu gostamos de jogar. No jogo, você está tentando salvar o mundo do surto de várias doenças. Mas a ameaça é baixa, porque, afinal, é apenas um jogo. Não existem surtos mortais reais, certo?
Mas é, a morte, o único padrão para determinar se algo é sério?
Indiferença privilegiada
Eu me perguntei por que fiquei irritada com a coisa toda. Eu realmente confio em Deus nessa área? Estou desatenta e inconsciente? Hipócrita?
Penso que a resposta, em parte, é que posso me dar ao luxo de estar menos preocupada. Eu não tenho condições de predisposição à doença. Não sou idosa. Tenho bons cuidados de saúde na América no século XXI. As probabilidades estão a meu favor. Meu privilégio me permite ser indiferente.
Mas esse não é o caso para todos.
Aqueles de nós, que se encontram em algum lugar entre contrariadamente aborrecido e cautelosamente consciente, devem levar a sério os medos dos outros e reconhecer que, para alguns, o Coronavírus é realmente uma ameaça. Se alguém pode morrer ou não disso, só a possibilidade de ficar gravemente doente é real e é assustadora.
O mundo quase sempre vê e sente os efeitos da queda, mesmo que não chamemos assim. Todos os dias, de alguma forma, todos somos lembrados de que há algo terrivelmente errado com a maneira como as coisas são. E há momentos como esses em que somos lembrados da ameaça cada vez maior do Coronavírus em cada embalagem de desinfetante para as mãos que vemos. Momentos em que medo, pânico e doença – todos os frutos de Gênesis 3 – são inevitáveis.
Que oportunidade temos como cristãos!
Compartilhar a esperança e a paz em meio ao medo
Temos a chance de expressar esperança aos medos de nossos amigos, familiares, colegas de trabalho e outros, durante um período em que o pânico global é uma possibilidade séria. E em qualquer situação, sempre temos a maior esperança que poderíamos dar a alguém – há alguém que tira o medo da morte (Hebreus 2.15) porque ele a derrotou.
Nosso advogado, Jesus, sabe como é viver em um mundo imprevisível e destruído. Por algum tempo, ele fez da terra sua morada física, chorou pelas doenças que encontrou, pela perda espiritual que observou e pela morte ao seu redor.
Ele se sensibilizou tanto com as preocupações e medos dos outros, que chorou com a morte de seu amigo, Lázaro (Jo 11.35), e imagino, até certo ponto, os efeitos nas irmãs de Lázaro, Maria e Marta.
E por nós, ele leva a nossa dor – e a dor daqueles que nos rodeiam – tão a sério que ele se junta a nós nela. Ele é o grande Sumo Sacerdote que simpatiza com nossas fraquezas (Hebreus 4.15). É assim que podemos encontrar a paz diante do Coronavírus. Essa é a esperança que podemos dar ao povo, e é o convite que fazemos a pessoas de fora da família da fé.
O Coronavírus é sério. E mesmo que não fosse, os medos daqueles ao nosso redor são. Em vez de revirar os olhos e suspirar irritados, talvez Deus esteja nos chamando para compartilhar esperança e paz em meio aos medos muito reais das pessoas.