Um blog do Ministério Fiel
O Leão Ruge: Pensamentos sobre a COVID-19
Um dos meus alunos no Greenville Presbyterian Theological Seminary me pediu para refletir sobre a atual situação da COVID-19 (novo Coronavírus).
Em primeiro lugar, afirmamos com as Escrituras que tudo o que está ocorrendo a esse vírus, em todo o mundo e em nosso próprio país, faz parte do propósito bom e soberano de Deus. Deus pré-ordenou tudo o que acontece, e ele executa os seus decretos através da sua providência (Daniel 4.34-35; Salmo 135.6). Ao afirmarmos o decreto universal de Deus, não descartamos as causas secundárias, mas confessamos que a causa primeira é o bom prazer de Deus. Essa obra de Deus abrange todas as doenças e mortes; também todas as perturbações na sociedade e na economia. Além disso, Cristo como Rei mediador está dirigindo todas as coisas para o bem da sua igreja (Efésios 1.22,23). A realidade do controle soberano de Deus sobre o novo Coronavírus e sua propagação tem influência direta sobre o nosso pensamento, discurso e comportamento em resposta a ele.
Segundo, uma vez que a pandemia está de acordo com a vontade santa de Deus, devemos nos perguntar: “O que ele está fazendo?” Amós demonstra a relação de causa e efeito através de uma série de perguntas retóricas sobre causa e efeito: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo? Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa? Levantará o leãozinho no covil a sua voz, se nada tiver apanhado? Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? Levantar-se-á o laço da terra, sem que tenha apanhado alguma coisa? Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça?”. Então, ele aplica a relação às obras de Deus em 3.3-8: “Sucederá algum mal à cidade, sem que o SENHOR o tenha feito? Certamente, o SENHOR Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas. Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o SENHOR Deus, quem não profetizará?”
Deus está rugindo e ele revelou coisas em sua palavra a respeito das quais devemos pensar e falar.
Primeiro, Deus está agindo através dessa “calamidade natural” com todas as suas repercussões, para proclamar o seu santo julgamento. De fato, Deus é longânimo e tardio em se irar, mas ao longo da história, periodicamente, ele age em julgamentos temporais. É seguro dizer que nada de uma importação mundial como essa ocorreu desde a Segunda Guerra Mundial. Deus está julgando as nações por causa da sua idolatria e corrupção. Mas, vamos chegar perto aqui da nossa casa. Deus não está julgando os Estados Unidos? Aproximadamente 140.000 abortos foram realizados somente neste ano (desde 1º de janeiro de 2020). Pervertemos o santo relacionamento do casamento com promiscuidade sexual, adultério, pornografia e sodomia. Entre os nossos muitos ídolos estão o esporte e o materialismo.
O Leão está rugindo? Certamente ele está.
Segundo, Deus está disciplinando e treinando o seu povo. Os cristãos não estão isentos dos sofrimentos desse vírus. Pedro ensina que o julgamento começa pela família de Deus (1Pedro 4.17). No entanto, para nós não é um julgamento de punição, mas de disciplina: “Filho meu, não rejeites a disciplina do SENHOR, nem te enfades da sua repreensão. Porque o SENHOR repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem” (Provérbios 3.11-12). Essa disciplina é corporativa e individual; pode ser por pecados específicos ou mais geralmente, para corrigir e refinar. Individualmente, devemos examinar nossas vidas, para averiguarmos se Deus está nos corrigindo por pecados específicos. Se discernirmos atitudes ou ações específicas que se relacionam especificamente com as consequências do vírus, arrependamo-nos e busquemos a graça de Deus. Se não descobrirmos relações específicas, busquemos a graça santificadora de Deus através das coisas que sofremos.
Corporativamente, Deus está refinando a sua igreja. Como cristãos, repetidamente e de forma rebelde temos profanado o dia santo de Deus com trabalho e recreação (algo que Deus conecta à idolatria, Ezequiel 20.13-16). Por causa do vírus, muitos são proibidos de trabalhar ou de jogar todos os dias da semana.
Cada vez mais a igreja substituiu a sagrada adoração pelo entretenimento. Deus fechou as portas das nossas igrejas. O povo de Deus ficou satisfeito em ter apenas um culto em seu dia. Deus removeu todos os cultos. Negligenciamos o privilégio do culto corporativo. Somos incapazes de adorar corporativamente.
Qual será, então, a nossa resposta? Eu ofereço seis sugestões abaixo.
Primeiro, não olhe com um sentimento de autojustiça para aqueles que sofrem. Comece você mesmo. Arrependa-se (Lucas 13.1-5). Arrependa-se dos seus pecados, dos pecados e dos pecados do nosso país.
Segundo, busque a graça santificadora de Deus para sua vida. Não desperdice a sua aflição. Ore para que Deus trabalhe em sua vida através dessa provação. Lembre-se de que ele prometeu que tudo isso está cooperando para o seu bem (Romanos 8.28).
Terceiro, peça a Deus que, em sua ira, ele se lembre da misericórdia. Ore para que ele retire a mão de juízo e mostre graça. Ore para que, através dessa pandemia, muitos venham ao conhecimento salvífico do Senhor Jesus Cristo. Ore por oportunidades de falar com os seus vizinhos a respeito da santidade e da graça de Deus. Ore pela transmissão ao vivo dos cultos. Muitas pessoas que não iam aos cultos da igreja estão ouvindo o evangelho.
Quarto, ore pelas pessoas gravemente doentes em todo o mundo. Ore para que Deus poupe suas vidas. Ore por aqueles que não têm o suprimento das suas necessidades básicas na vida diária. Ore para que não haja uma recessão econômica mundial.
Quinto, não fique ansioso. Deus cuidará de você (Mateus 6.25-44; Filipenses 4.4-7). Descanse no cuidado amoroso do seu Salvador soberano. Agradeça a Deus por tudo o que ele está fazendo. Ao orar, lembre-se da definição de oração no Breve Catecismo de Westminster, pergunta 98: “O que é oração? Oração é um oferecimento dos nossos desejos a Deus, por coisas conformes com a sua vontade, em nome de Cristo, com a confissão dos nossos pecados, e um agradecido reconhecimento das suas misericórdias”.
Sexto, durante o nosso tempo de isolamento e quarentena, podemos desenvolver uma grande empatia por nossos irmãos e irmãs ao redor do mundo, que não têm permissão para se reunirem no dia do Senhor, em culto corporativo, por causa da perseguição. O que nós tomamos como certo, eles não podem desfrutar. Lembre-se deles e ore por eles.