Treinando presbíteros durante a pandemia do Coronavírus

O Coronavírus deu aos líderes da igreja uma rara oportunidade de acelerar a maneira como treinam futuros presbíteros e líderes. Lamento que muitos perderão essa chance.

Se os diáconos precisam primeiro ser testados antes de servirem (1Tm 3.10), quanto mais os presbíteros? A disseminação do Coronavírus e as muitas consequências que ele tem trazido para a liderança da igreja fornecem uma excelente, e possivelmente única, janela de oportunidade para examinar e melhorar o caráter, o dom e a teologia de potenciais presbíteros.

Considere a multiplicidade e variedade de questões que estão convergindo hoje em dia, com as quais um presbítero em potencial tem que lidar. Normalmente, devemos deixar passar alguns anos para que essa multiplicidade e variedade de preocupações se coloquem no caminho de um irmão para testá-lo e equipá-lo. Mas em apenas algumas semanas, está tudo aqui diante de nós. Que presente do Cabeça da igreja!

Teologicamente, há uma mina de ouro de áreas hermenêuticas e teológicas para explorar. Os presbíteros e pastores atuais assistem aos “pré-presbíteros” navegando nisso e ensinando-os ao longo do caminho. Podemos ver se um irmão pensa teologicamente e é equilibrado em sua doutrina ou se segue todas as teorias da conspiração.

Em termos de desenvolvimento do caráter, podemos ver se um presbítero em potencial prefere assistir filmes durante todo o seu tempo de vigília ou se “arregaça as mangas” para melhorar a si mesmo, sua teologia e seu serviço aos outros. Também vemos se ele tira proveito desse sabbath forçado (dispensa do emprego) para descansar, desenvolver seu caráter e respirar em nossa sociedade insanamente ocupada. Podemos ver seus medos, esperanças, economia e muito mais.

Em termos de desenvolvimento dos dons, os presbíteros atuais têm a chance de apoiar um pastor em potencial em muitas áreas da habilidade ministerial – aconselhamento, trabalho em equipe, compaixão, ensino, liderança de grupos de oração, liderança de devocionais e administração de fundos.

Na vida da igreja, os presbíteros atuais assistem e ajudam esses irmãos a lidar com as preocupações eclesiológicas (a igreja virtual é “igreja”?) E questões pragmáticas (como promoveremos a vida de retorno à congregação?). Vemo-lo preocupado com as necessidades financeiras de ovelhas potencialmente negligenciadas. Nós o vemos buscando os retardatários e os coxos. Nós o vemos moderando opiniões opostas sobre a gravidade desse problema.

É raro que os presbíteros em potencial possam obter um curso de preparação intensivo de dois meses feito pelo pastor. E é uma oportunidade única que os presbíteros atuais não devem perder, mesmo que isso signifique colocar um pouco de lado outros deveres ou oportunidades ao pastorearmos o rebanho. Lamento que tão poucas igrejas existentes tenham uma categoria de mentoria para a próxima geração, além de comprar clérigos frescos do seminário.

Irmãos, não vamos perder esta oportunidade encoberta. Podemos nos sentir como pastores horríveis se não levarmos mantimentos para uma viúva querida na igreja durante o confinamento. Mas fracassaremos se não fizermos nosso trabalho de preparar pessoas para nos substituir.

Portanto, não vamos abordar apenas o Coronavírus em nossos grupos fechados de presbíteros! Vamos deixar que os outros nos assistam pensar teologicamente e nos envolvermos pastoralmente. Receio que, se perdermos essa oportunidade, levaremos anos esperando que cenários igualmente oportunos surjam em nosso caminho.

Ao desencadear o Coronavírus, Cristo nos deu uma oportunidade única de examinar e preparar futuros presbíteros para sua igreja.