A igreja precisa fazer mais para combater o racismo?

Depois de mais uma tragédia amplamente divulgada pela imprensa, o racismo volta a ser pauta de discussões, postagens nas mídias sociais e tema de manifestações.

Entre tantas manifestações na internet, a cobrança por ações e posicionamento da igreja me chamou a atenção. Há acusações, inclusive, de que se os cristãos não fizessem algo, estariam pecando!

Fomos colocados contra a parede e constrangidos a falar algo, muitas vezes pelos próprios crentes cobrando seus pastores!

Discutir biblicamente sobre temas atuais e usar essas oportunidades para pregar o evangelho é fantástico. Porém, será que esse sentimento de que a igreja não faz nada pelo racismo é verdadeiro se não tivermos pregações sobre o tema, ou se o pastor não postar um versículo com uma hashtag condenando essa prática?

Será que a igreja precisa fazer mais para combater o racismo?

O que é o racismo?

Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, homem e mulher (Gn 1.27). Logo, todos os seres humanos são iguais em essência e valor (Gn 9.6). Se é assim, de onde surgiu o racismo?

Quando o homem desprezou a Deus, de onde vem sua identidade (Gn 1.27), ele perdeu a referência e começou a tentar se afirmar desprezando a vida do outro (Gn 4.1-8).

A Bíblia fala sobre diversos casos de racismo. No Antigo Testamento, vemos Israel desprezar as outras nações (veja a história de Jonas e o motivo que o levou a desobedecer a Deus, Jn 4.2). No Novo Testamento, vemos os judeus desprezarem os samaritanos.

Paulo nos lembra que a raiz do racismo é o desprezo a Deus (Rm 1.18-32). Ou seja, o racismo não é a raiz do problema, mas o sintoma de uma sociedade que despreza a Deus como Deus.

Qual é a solução para o racismo?

Quando Jesus aqui viveu, pregou contra o racismo. Ele falou com a mulher samaritana, combatendo o machismo e o racismo ao mesmo tempo (Jo 4.1-45). Contou uma parábola onde o herói era samaritano (Lc 10.25-37).

Jesus sofreu ataques racistas por ser de Nazaré (Jo 1.46), aparentemente chamado de filho da prostituição (Jo 8.41) e de samaritano endemoninhado (Jo 8.48).

Foi rejeitado pelos judeus, pelos romanos e negado por Pedro. Sofreu a condenação do pecado daqueles que o desprezaram (1 Pe 2.22-24).

Mas sua morte e ressurreição derrubaram o racismo. Nele, a igualdade de valores é restaurada e todos são um (Gl 3.28). Em Cristo, o muro que separa raças é derrubado (Ef 2.11-22). No evangelho, não olhamos mais para as pessoas na perspectiva humana (2 Co 5.16).

Por isso, a única solução cabal para o racismo é o evangelho de Jesus Cristo.

O que a igreja faz para combater o racismo

Se o racismo é fruto do pecado, e o evangelho é a única solução para o problema, logo, o melhor combate a esse mal é pregar o evangelho. E é exatamente isso que a igreja faz o tempo todo, não apenas quando esse assunto volta à pauta.

A exposição bíblica revela o evangelho em cada página da Escritura, mostrando que, em Cristo, devemos amar a Deus acima de todas as coisas e com tudo, e amar ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.34-40).

Pense comigo: se as pessoas amarem a Deus em primeiro lugar, e o próximo como a si mesmo, haverá racismo? Essa é a proposta do mundo ou de Deus? Quem faz mais para combater o racismo: o mundo – que só volta a esse tema de tempos em tempos, nunca trazendo uma solução real; ou a igreja – que prega o evangelho transformador?

A igreja manifesta a glória de Deus ao unir pessoas diferentes (Ef 3.10) que, de outra forma, seriam inimigas (Ef 2.14-16), transformando-os em um povo e família, na expectativa de viverem a eternidade nessa diversidade em adoração a Deus e a Cristo (Ap 7.9-10).

Então, sim, a igreja está constantemente combatendo o racismo. O mundo, porém, despreza a solução, e por isso está condenado ao racismo, feminismo, xenofobia, homofobia e toda espécie de desprezo um pelo outro (Rm 1.28-32, 2 Tm 3.1-17).

O mundo se preocupa mais com o racismo do que a igreja?

Por não sair às ruas, colocar fogo em delegacias ou usar hashtags, a igreja pode ser acusada de não estar nem aí. Porém, já mostramos que isso não é verdade.

Mas, minha pergunta para você cristão é: você realmente acredita que o mundo está preocupado com o racismo? A sociedade se importa com as vidas da forma como Deus quer? Quem dita a ordem da pauta deste mundo (cf Ef 2.2; 1 Jo 5.19)? Será que ele deseja a paz e a harmonia?

Se a sociedade está tão interessada na igualdade e nos direitos humanos, por que nada é falado sobre o massacre de cristãos ao redor do mundo todos os anos? Uma discussão não anula a outra. Porém uma é mais ignorada.

Não podemos repetir o que o mundo grita sem o filtro da Palavra. Somos ovelhas no meio de lobos. Precisamos ser espertos como as serpentes e simples como pombas (Mt 10.16). Precisamos desconfiar da motivação do discurso do mundo.

Então crentes podem protestar contra o racismo?

Sim! Felizes os que desejam a justiça, porque serão satisfeitos (Mt 5.6)! Mas lembre-se: apenas postar tela preta não resolve o problema. É necessário pregar o evangelho!

Por isso, proteste pregando! Mostre qual é o real problema e a única solução cabal!

A igreja precisa fazer mais par combater o racismo?

Talvez. Se ela está apenas repetindo o discurso do mundo, sim, precisa fazer muito mais. Mas se está pregando fielmente a Palavra (1 Co 1.21-23), aproveitando as oportunidades para mostrar a razão da nossa esperança nesse assunto (1 Pe 3.15), ela está cumprindo bem o seu papel. Nesse caso, as cobranças não se justificam.