Elas são a voz de Deus em meio a pandemia

Já é um grande privilegio ser uma missionária, e durante uma pandemia mundial as oportunidades de ministrar neste mundo só aumentam. Tive o privilégio de me conectar quase semanalmente com várias missionárias que servem ao redor do mundo e conversar sobre suas circunstâncias. Adoro ouvir suas histórias para ter um vislumbre de suas lutas e como Deus está trabalhando em suas vidas durante esta pandemia.

À medida que o nosso tempo em quarentena passa, tenho observado várias mudanças por meio das minhas conversas com essas mulheres. Primeiro, observei que, quando receberam as notícias de parar as atividades e ficar em casa, muitas delas ficaram, de fato, um pouco aliviadas. Não é comum termos um tempo na vida em que as coisas desaceleram, muito menos param. Então, as mulheres estavam descansando, recuperando o fôlego, relaxando e aproveitando tempo com suas famílias.

Não demorou muito para que as missionárias tentassem descobrir como continuar a ministrar ao seu povo. Muitas vivem em países com restrições muito rígidas que não lhes permitem sair de casa, exceto em alguns dias específicos e ainda assim, somente a pé e apenas para comprar alimentos e produtos farmacêuticos essenciais. Elas não podiam visitar as pessoas a quem normalmente ministravam. São pessoas pobres, sem acesso à internet ou tecnologias para mensagens de texto ou vídeo-conferência. Portanto as missionárias estavam sentindo-se bem isoladas do povo que amam e do qual querem cuidar e alcançar com o Evangelho. Com o entendimento de que as circunstancias ficariam diferentes por um tempo incerto essas mulheres começaram a pensar em maneiras criativas de alcançar e continuar a ministrar às mulheres e crianças que Deus colocou em suas vidas.

Em pouco tempo, todas estavam pedindo oração. Elas (com seus maridos) estavam gravando ou transmitindo ao vivo a escola dominical, estudos Bíblicos para mulheres ou cultos na igreja. Foi interessante ouvir cada uma compartilhar seu coração a respeito de sair da sua zona de conforto para gravar essas sessões. Muitas falaram sobre suas limitações no idioma. Sabiam que seu próprio povo entenderia e perdoaria as gafes, mas a ideia de gravar algo que qualquer pessoa do mundo pudesse acessar pela internet era uma proposta mais assustadora.

No entanto, Deus usou esse tempo para espalhar sua Palavra. Uma amiga de um país da América Latina já havia planejado, antes da pandemia, estudar o livro Mentiras em que as Mulheres Acreditam e as Verdades que as Libertam com o pequeno grupo de mulheres em sua igreja. Ao longo à quarentena, elas pediram que ela fizesse algum estudo online e ela resolveu começar pelo estudo que havia planejado. Ela iniciou transmissões ao vivo no Facebook e o pequeno grupo de participantes rapidamente se tornou uma audiência de mais de 300 mulheres, incluindo algumas de outros países de língua espanhola. Que benção! É interessante pensar que nada disso teria acontecido sem o vírus.

Uma outra amiga que ministra na Europa contou que ela e seu marido prepararam uma transmissão para sua pequena igrejinha e enviaram aos seus membros. Um deles resolveu divulgar a transmissão no Facebook, não na sua página pessoal, mas na página pública da cidade inteira! Embora seus próprios erros na língua os constrangiam, foi uma enorme porta aberta para o Evangelho ser compartilhado na cidade inteira com pessoas que nunca entraram em sua igreja.

Há missionárias que acabaram de chegar ao campo missionário e nem tinham começado a aprender o idioma quando a pandemia surgiu. Elas estão em um país novo, sem conseguir falar o idioma, não podem sair das suas casas e se sentem confusas quanto ao que Deus está fazendo com elas. Compartilharam com as outras como elas estão conhecendo seus vizinhos por meio de “conversas” todas as noites às suas portas. Uma delas começou o hábito de tomar café toda tarde com uma vizinha, cada uma em sua própria varanda. As missionárias veteranas que estão no mesmo país há anos se admiraram com essa grande benção e porta aberta para evangelizar suas comunidades. Elas mesmas nunca tiveram portas abertas com seus vizinhos.

Os missionários que trabalham com 300 refugiados num país europeu se esforçaram para encontrar uma maneira de continuar a fornecer alimentos para eles, pois eles não podem trabalhar e dependem de organizações de caridade para a vida diária. Graças a Deus, os missionários descobriram um meio de seguir os regulamentos do país e ainda distribuir comida para essas pessoas. A melhor notícia dessa situação é que, enquanto preparavam e distribuíam 90 sacolas de comida duas vezes por semana, alguns vieram procurando respostas do Senhor. Os missionários os ensinaram sobre Jesus e alguns o aceitaram como Salvador.

Graças a um policial compreensivo, a missionária que tinha sido impedida de entrar em contato com seu povo carente pôde levar comida para eles. As pessoas estão passando fome em seu país e a necessidade é grande. Com permissão do governo, esses missionários e pastores nacionais podem entregar comida às famílias carentes. Sem permissão para sair de suas casas, eles podem ser presos e/ou apreendidos. Graças a Deus, eles receberam permissão a cada semana e agora entregam sacolas de comida para 70 famílias em dois bairros e servem almoço para 80-120 pessoas carentes da comunidade.

Mais recentemente, houve uma nova mudança em nossas conversas, à medida que os governos tomam decisões de reabrirem seus países. Os missionários que não saem de casa há 45 dias agora podem sair por uma hora com seus filhos menores de 13 anos, contanto que fiquem dentro de um raio de um quilômetro de sua casa. É incrível ver os sorrisos em seus rostos por poderem estar fora de casa novamente!

Agora os missionários estão tendo que decidir quando e como abrir suas igrejas. É uma decisão enorme que os pastores de todo o mundo estão enfrentando. É claro que esses missionários desejam estar face a face com seu povo novamente, de ministrar e falar a verdade à vida das pessoas que Deus colocou em suas vidas.

Os missionários sempre procuram maneiras de se conectar com as pessoas ao seu redor e essa pandemia abriu uma porta enorme. Todo mundo tem sua história sobre esse momento. Todos passaram por algum tipo de sofrimento ou incerteza devido à situação mundial. Agora os cristãos conseguem conversar com qualquer pessoa do mundo sobre essa pandemia e usar o sofrimento e a incerteza para falar a verdade à vida das pessoas em todos os lugares do mundo. Temos uma esperança inigualável em nosso Deus fiel e amoroso que devemos compartilhar com um mundo sofredor e necessitado.