Um blog do Ministério Fiel
Quando você, pastor, duvida da eternidade
Se você é cristão, as palavras de Apocalipse 21 nunca devem envelhecer: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Ap 21.4) Não importa em que época da vida você se encontre, essa grande promessa é extremamente relevante.
Recentemente li essas palavras com uma nova crente que eu pastoreava em seus estágios finais de vida. Quando terminei de ler, orei e disse a ela: “Não se preocupe Carol, não vai demorar muito até que esse curto período de sofrimento seja substituído por uma eternidade de alegria, adorando Jesus.”
Não muito depois disso, Carol voltou para a glória. Ao olhar para ela, lembrei-me das quatro semanas anteriores. Pensei em como nós, como igreja, passamos um tempo ao lado de sua cama – orando com ela, lendo a Bíblia para ela, conversando, rindo e chorando com ela. Fiquei triste por ela ter ido embora, mas feliz por seu sofrimento ter cessado. Confortei a mim mesmo e a sua família dizendo: “Carol está com Jesus agora. Ela realmente está em um lugar melhor”.
A Realidade da Eternidade
Quase imediatamente após dizer isso, dúvidas inundaram meus pensamentos interiores: Carol está, realmente lá? É realmente nisso que você acredita? Você realmente acha que existe algo mais além desta vida?
Como pastor, prego sobre a realidade da eternidade todas as semanas. Eu mantenho a esperança da salvação eterna e advirto as pessoas da condenação eterna. Eu sei que cada pessoa vai passar a eternidade na presença de Deus ou separada dele. É a realidade mais importante do mundo. E o pensamento da salvação – passar a eternidade em alegria sem fim com meu Salvador – é tão real para mim que muitas vezes me leva às lágrimas.
Então, depois desse encontro cara a cara com a morte, tive que me perguntar: Por que a dúvida repentina?
Tesouro na Terra
Enquanto orava e refletia sobre isso, nas semanas após a morte de Carol, fiquei convencido de que estava fazendo exatamente o que Jesus disse para não fazer em Mateus 6.
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mt 6.19-21).
Fui pastor de um estado municipal em Middlesbrough por muitos anos, então sei que – na melhor das hipóteses – ministrar em lugares difíceis pode ser difícil, decepcionante e desanimador. Podemos ser tentados a parar de buscar encorajamento e consolo do Senhor e, em vez disso, buscá-los no mundo. Isso é seriamente perigoso, mas é exatamente o que eu estava fazendo.
A ironia disso é que achei que minha caminhada com Deus estava indo bem. Era consistente com minha vida devocional e pessoal de oração. Meu estudo das Escrituras aumentou e minha preparação para o sermão era muito mais profunda do que nos últimos tempos.
No entanto, quantidade nem sempre é igual a qualidade. Apesar de minha carga de trabalho ter aumentado, minha alegria não. Por causa disso, eu estava buscando recompensas e conforto no temporário, ao invés de no eterno.
Um coração errante é um grande perigo para qualquer pessoa envolvida no ministério. Gostamos de pensar que merecemos recompensas por todo o trabalho árduo que fazemos. É quando começamos a pensar em recompensas temporárias que nossos corações geralmente vão para coisas como comida, bebida, sexo ou dinheiro. E para quem já viu o tamanho da minha cintura, sabe onde é minha primeira escala!
Olhos no Presente
Além de distrações pessoais, também estava distraído pelo meu ministério. Passei o ano viajando pelo país procurando construir parcerias evangélicas. Eu estava tentando levantar finanças e reunir apoio para oração, sonhando e esperando que a Igreja New Life Church, em Middlesbrough, pudesse comprar o prédio que estávamos alugando, contratar nossa própria equipe e construir uma igreja saudável.
Todas essas coisas são desejos sábios e piedosos, até que sua alegria dependa deles. Comecei a perceber que toda vez que uma parceria não acontecia, ou pedidos de financiamento eram rejeitados (tornando a compra do prédio da igreja muito improvável), minha alegria e motivação para o ministério eram diminuídas.
Eu estava procurando validação, como plantador de igrejas, nas coisas temporárias que estava tentando construir. Achei que a igreja e meu papel seriam validados por tijolos e argamassa, um site chamativo e uma grande equipe de funcionários. Todas essas coisas são boas e úteis, mas são temporárias. E eu tinha me esquecido disso.
Esperança Eterna
Ao sentar-me com a família de Carol – seu marido, filhos, sua mãe e seu pai – percebi que eles não se importavam com nossa construção, parcerias evangélicas, equipe ou site. O que importava para eles era a eternidade. Eles estavam preocupados com o Evangelho Eterno e um Salvador Eterno, Aquele que salvou Carol da condenação eterna e agora estava lhes dando esperança e conforto.
Foi neste momento que Deus me lembrou que quase todas as minhas decepções com a implantação de igrejas aconteceram quando coloquei meu foco e entreguei meu coração às coisas temporárias deste mundo. A fé de Carol em seu leito de morte me ensinou que, independentemente da situação temporária em que nos encontramos e quaisquer finanças e recursos que possamos ou não ter, nossa alegria não vem do temporário, mas do eterno.
Se quisermos perseverar no ministério, precisamos compreender a alegria que só pode ser encontrada direcionando nossos corações e olhos para o céu. Devemos fixar nossos olhos na eternidade – o Evangelho Eterno que aponta para um Salvador Eterno. Afinal, quando nossa curta carreira na terra terminar, a eternidade será o que mais importa.