Cara, está na hora de crescer!

*Este artigo é um resumo do workshop de Tiago Santos proferido na Conferência Fiel Jovens Interativa 2020.

A maturidade pode ser definida como aquilo que alcançou o estado adulto, a condição de plenitude física, intelectual e emocional. Por vezes esse conceito é estabelecido com base no envelhecimento, na idade, mas não é bem por aí. Há pessoas velhas que possuem uma cabeça dura e há jovens que são maduros. A maturidade está associada à noção de responsabilidade, isto é, responder por seus atos, ter condições morais de assumir o compromisso e as consequências de seus atos.

É possível aprender muito sobre maturidade e responsabilidade com os livros de sabedoria da Bíblia. Esses livros não são de promessas ou para mostrar causas e efeitos, mas para nos ensinar a vivermos a vida prática. Eles trazem uma observação inteligente e realista da vida, reconhecendo os dilemas de um mundo caído. Nós aprendemos a saber usar a língua, a domar as palavras, reconhecer fraquezas e limites, ter senso de reconhecimento, tomar decisões difíceis, lidar com os dramas da vida e realizar conquistas. Na Bíblia, o sábio é quem assume responsabilidade diante de Deus e dos homens por todas as suas ações. Ele olha para si em primeiro lugar. O sábio também é alguém que sabe amar. É alguém que vive Coram Deo nas coisas simples do dia a dia. Na sabedoria bíblica vemos o ideal da imagem restaurada de Deus no homem através de um estilo de vida que glorifica a Deus.

É por isso que Jesus Cristo personifica toda a sabedoria das Escrituras. Ele personifica a sabedoria e maturidade plenas. E todo aquele que o segue é chamado à maturidade. Paulo exemplifica isso em suas diretrizes a Timóteo em sua primeira carta destinada a ele. Em 1 Timóteo 4.12, Paulo o alerta para o risco de pessoas considerarem-no uma pessoa imatura, embora Timóteo provavelmente tivesse cerca de 30 anos. Paulo lhe diz para não permitir que as pessoas o desprezem por causa da idade.

Da mesma forma, não podemos ser radicais a ponto de não se importar com o que os outros pensam. Essa ideia é individualista, narcisista e egoísta, pois não leva em consideração o impacto mútuo que uma pessoa provoca na outra. Da mesma forma, não se deve querer ser reconhecido pelos motivos errados, geralmente pautados na vaidade. Nós temos responsabilidade para com o nosso próximo! É preciso transmitir uma imagem verdadeira de quem somos, não como expressão de superioridade, mas para abençoar a comunidade sendo padrão, isto é, um molde, um modelo a ser seguido. Mais do que ser respeitado, Timóteo estaria apontando o caminho da maturidade em Jesus Cristo, cativando aqueles que o observam. Foi assim que a igreja de Tessalônica se tornou modelo de generosidade.

Você pode dizer com bastante honestidade que você é um modelo a ser seguido? As coisas que você diz, faz, pensa são modelos para outras pessoas? Dentre as cinco qualidades que Paulo menciona, pensemos sobre o procedimento. De alguma maneira ele sintetiza as outras virtudes, pois ele reflete externamente uma realidade interna do coração. Logo, é preciso primeiro ter uma maturidade no coração, fruto da obra de Jesus Cristo. E o procedimento que somos chamados a realizar é aquele que nos leva a assumir responsabilidades, pois ele será um farol para os de fora e um guia para os de dentro.

Eis alguns princípios práticos para começar hoje a desenvolver a maturidade. Primeiro, esse crescimento é resultado da graça de Deus em sua vida. Depois disso, é preciso assumir responsabilidades intencionalmente, as quais influenciarão sua maneira de viver. Você é responsável ou dá desculpas?

Além disso, uma vez que sabedoria e maturidade começam nos níveis mais básicos, você pode se fazer algumas perguntas para avaliar seu nível de maturidade. Caro rapaz, você arrumou sua cama hoje após acordar? Você limpa o seu quarto? Você dobra e organiza suas roupas? Como você serve a sua família em sua casa? Você participa da vida familiar assumindo responsabilidades? Você cumpre as suas tarefas?

Também é possível levar essas perguntas a outros campos. Por exemplo, você está pactuado como membro em uma igreja local? Você se esforça para estar junto à igreja nos cultos ao Senhor cultuando de forma verdadeira? Lembre-se que o culto é comunitário. Você busca servir à sua igreja com seus dons e talentos? Já se dispôs a fazer alguma tarefa básica como varrer ou cortar a grama que está crescendo nos fundos sem que ninguém veja, sem necessidade de aplausos? Fazer as coisas que ninguém quer fazer também é responsabilidade. Você se aproxima de pessoas que são mais “difíceis” de se relacionar? Não se faz acepção de pessoas na igreja. Você contribui financeiramente com a sua igreja e com o avanço de missões? São perguntas que você pode fazer para se avaliar.

Você trabalha? Note que não é se você tem emprego, e sim se você trabalha. Você busca aprender algum ofício? Você cumpre suas obrigações do seu trabalho? O que você faz com os recursos do trabalho que realiza? Você sabe gerenciar bem seus recursos?

E também chegamos aos relacionamentos (tanto presenciais quanto virtuais, agora neste tempo de pandemia). Como você trata seus pais e irmãos? Você é conhecido por ser manso, paciente, pela sua retidão e por sua integridade? Como você lida com seus conflitos? Você consegue refrear seus impulsos de raiva? Como você lida com seus impulsos e fracassos? Você cai no extremo da autocomiseração e da autopiedade ou no outro extremo da ira e da raiva? Você encoraja seus amigos ou prefere ser da “zueira”? Você encoberta os vacilos do seu amigo ou ajuda em amor a superar seus pecados? Como é o seu namoro? 

Se ao final dessas perguntas você puder dizer que é um exemplo, não para a autoglorificação mas para a glória de Deus, é porque você está crescendo. E se você acha que não possui sabedoria, lembre-se do que Tiago ensina: peça a Deus (Tg 1.5), que não a nega, mas dá a sabedoria para quem busca, e você verá que a fonte de sabedoria é Cristo e, quanto mais semelhante a Cristo você for, mais sábio você será.