Mandando a real sobre sexo (rapazes)

*Este artigo é um resumo do workshop de Thiago Guerra proferido na Conferência Fiel Jovens Interativa 2020.

Você conhece a história do biquini? Em 1946, pela primeira vez na história, em uma piscina em Paris, as pessoas olhavam para uma mulher que vestia apenas três triângulos. O inventor da peça que revolucionou o modo de se vestir era um engenheiro em mecânica automobilística. O nome “biquini” vem do Atol de Bikini, membro das Ilhas Marshall, no qual foram realizados inúmeros testes nucleares pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Seu criador entendia que a mulher era, de fato, uma “bomba sexual”. A cultura da época estava deixando claro que homens e mulheres não deveriam mais se poupar, mas explodir. E aqui há uma ironia. Se a sexualidade distorcida é uma verdadeira bomba, nós acabamos nos destruindo. Pesquisas revelam que dois terços dos homens cristãos assistem pornografia pelo menos uma vez por mês; 54% dos pastores assistem pornografia; 49% dos adolescentes cristãos entendem que a coabitação é algo comum. E, como a cultura pedia a libertação das mulheres para o sexo pois elas estavam sendo oprimidas, elas são as que mais sofrem hoje. As mulheres buscam romance mas se tornaram objetos. Elas desejam relacionamentos mas os homens buscam divertimento. E os homens fazem isso sem sentir culpa, deixando-a para os supostamente mais fracos: mulheres e crianças. A revolução sexual feriu a todos com seus estilhaços, manchando a história de todos nós.

Vejamos quatro conselhos práticos sobre o que pensar sobre o sexo e a sexualidade.

1. Vocês são homens, não animais nem anjos. Deus criou o homem à sua imagem. Por que é importante lembrar disso? Pois por vezes tratamos a sexualidade como algo animalesco ou angelical. É o animal que não consegue controlar seus instintos e que conquista pela força se for necessário. Os animais não são seres morais, mas são guiados apenas por questões biológicas. Mas, por outro lado, podemos tratar a sexualidade de modo angelical, isto é, sempre reprimir, tratando-a como algo proibido. Por trás dessas abordagens está o neognosticismo, o qual, por depreciar e desprezar o corpo, enxerga a possibilidade de se entregar ao liberalismo e agir como animais, ou reprimi-lo por não poder sentir desejos sexuais. Mas somos seres humanos, seres morais, e no cristianismo o corpo é importante.

2. Desfrute do fruto do sexo mas no contexto certo para que esse desejo seja satisfeito (Gn 2.24). Primeiro, é preciso estar preparado para deixar pai e mãe. Segundo, unir-se a uma mulher com todas as responsabilidades que isso implica. Só então é que você pode celebrar isso com a relação sexual. Fora desse contexto, não podemos satisfazer o desejo, embora seja possível ter o desejo. Então, se você é solteiro, fuja da luxúria, fuja da tentação, lute com todas as suas forças, coloque grades de proteção se for preciso. Cuidado com os filmes que você assiste, com as músicas que você ouve, com suas conversas, com seu namoro e/ou noivado. Você não tem que pensar até onde pode ir, e sim em se revestir cada vez mais de Cristo. Esse é um convite à verdadeira masculinidade bíblica, em que você deve ser capaz de liderar, prover e proteger sua família. Além disso, ser capaz de enxergar além das características físicas pois, no final das contas, o que sustenta o casamento é a amizade entre os cônjuges.

3. Não só desfrute no contexto certo, mas também do jeito certo. Por vezes há a tendência de pensar que entre quatro paredes não há controles, ou que o ser humano se torna autônomo. Há um erotismo piedoso permitido e uma liberdade para fantasias lícitas na relação sexual, como observado em Cantares, por exemplo. Neste mesmo livro somos chamados a ficarmos embriagados de amor pela esposa. Mas nem toda fantasia é permitida. Pensar em outra pessoa ou diminuir sua esposa a alguém que não seja ela não é permitido. Você deve sentir prazer na sua esposa da forma que ela é. Além disso, a autoridade na relação é compartilhada. Logo, há liberdade desde que não se fira a consciência, a autoridade ou o corpo do outro. Da mesma forma, o sexo é sacrifício, não buscando a autogratificação, mas buscando satisfazer a esposa. É doação. Por fim, fuja do que é antinatural. Cada órgão foi criado com um devido fim. Não há necessidade de inovações ou apetrechos. A beleza do sexo está em seguir padrões criacionais dentro dos limites bíblicos e com consentimento mútuo entre o casal.

4. Não transforme o que é bom em algo supremo. Isso é idolatria. Curta a sua esposa sem receio. Adão louvou a sua esposa quando a encontrou debaixo do amor que ele tinha pelo Senhor. Mas, se tornar esse amor em supremo, você acabou de criar um falso ídolo que nunca cumpre o que promete. Achar que a reputação, imagem ou satisfação depende do sexo é exigir dele mais do que foi criado para ser ou te dar. Ele não pode te dar redenção.

Assim como Deus deu a Adão alguém que foi osso dos seus ossos e carne de sua carne, Ele também nos deu alguém que se encarnou. Assim como Deus deu a Adão alguém que o fizesse companhia, Deus nos deu um bondoso amigo (Jo 15.15). O convite dele para nós é “aquele que crê em mim jamais terá sede.” Talvez você tenha abusado do sexo e se tornado um ídolo para você. Você precisa de um Salvador. Aqueles que creem em Cristo não perdem sua sexualidade, mas possuem um Senhor sobre ela. Somente em Cristo Jesus a sexualidade será uma dádiva e poderá ser desfrutada nos moldes estabelecidos por Deus.