Saindo de uma igreja em paz

Se você está lendo isso e é cristão, espero que você seja membro de uma igreja local ou esteja procurando ativamente por uma. A Palavra de Deus está cheia de promessas à igreja de Cristo no tocante à igreja de Cristo. Como crentes em Cristo, fomos abençoados com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais (Ef 1.3) e fomos feitos herança divina em Cristo (v. 11). Esse estado celestial traz benefícios celestiais, entre os quais “a riqueza da glória da sua herança nos santos” (v. 18). Unidos a Cristo, temos acesso total ao Salvador e àqueles a quem ele salva. Cristo se entregou totalmente à sua igreja, e ele deu sua igreja completamente à sua igreja. Não é Jesus ou a igreja; pelo contrário, esses são relacionamentos mutuamente inclusivos, ordenados para o seu bem e para a sua glória. Por desígnio de Deus, os membros da família de Deus – incluindo seus pastores, presbíteros, diáconos e membros – trazem glória a ele servindo, amando e abençoando os outros membros da família. Por todas essas razões e mais, deixar a igreja local nunca deve ser feito em silêncio, isolamento ou ambiguidade.

Foi minha experiência que discussões relacionadas a deixar uma igreja geralmente envolvem questões de por que e quando. Por exemplo, os membros da igreja costumam fazer perguntas como “Devo deixar minha igreja se não concordar com isto ou aquilo”? E “Deus me dá a liberdade de deixar minha igreja por qualquer motivo ou apenas por motivos específicos”? Para ficar claro, as respostas a essas perguntas são importantes, exigindo cuidadosa consideração, estudo das Escrituras, conselhos e oração. Mas tive muito menos conversas relacionadas a como deixar uma igreja quando circunstâncias atenuantes ditavam uma mudança – por exemplo, ao assumir uma nova posição em uma nova empresa em outra cidade ou, no caso de um casal recém-casado , quando cada cônjuge frequentava uma igreja diferente antes do casamento ou quando um membro idoso muda de residência por motivos de saúde. Situações como essas são comuns na igreja.

Então, como devemos deixar nossa igreja? Primeiro, devemos continuar a fazer tudo, seja em palavras ou ações, em nome do Senhor Jesus (Cl 3.17). Tudo significa tudo mesmo. Isso inclui a forma como deixamos uma igreja. Quando deixamos uma igreja local em nome de Jesus Cristo, reconhecemos seu senhorio sobre todas as coisas, não apenas em nossas vidas, mas em todos os assuntos relacionados à igreja. Por fim, é Cristo Jesus quem é a cabeça de seu corpo, a igreja (Cl 1.18). Ao procurar nos enraizar em Cristo e nos relacionar com Cristo, na forma como deixamos uma igreja, testificamos a realidade de nossa identidade em Cristo. Testificamos a realidade de que ele morreu por nós, para que não mais vivamos por nós mesmos, mas por ele (2Co 5.15).

Segundo, devemos continuar a obedecer fielmente, nos submetendo aos nossos pastores e presbíteros (Hb 13.17). Presumo que, quando você pensou em ingressar na sua igreja, sentou-se com um presbítero ou pastor para se tornar conhecido pela igreja. Em resposta, presumivelmente, eles pediram que você prestasse seu testemunho em Cristo, explicaram a declaração de fé, discutiram o processo de membresia e assim por diante. A sua saída, deve ser da mesma maneira. Ao notificar seus pastores e presbíteros sobre sua situação, você oferece a eles a oportunidade de incentivá-lo, orar por você e aconselhá-lo enquanto eles consideram o que sua partida pode significar para o resto da igreja. Ao trazer seus pastores e presbíteros para o processo, você convida, à participação, aqueles que estão vigiando por sua alma (Hb 13.17), aqueles que foram chamados para cuidar espontaneamente, de boa vontade e de maneira honrosa de você (1Pe 5. 2-5).

Terceiro, devemos continuar nos submetendo fielmente, aos outros membros de nossa igreja, por reverência a Cristo (Ef 5.21). Por submissão mútua e amorosa a nossos irmãos e irmãs em Cristo, incorporamos a promessa de que Deus está construindo uma casa espiritual feita de pedras vivas (1Pe 2. 5). Como pedras vivas, devemos abrir nossa vida a outras pessoas na igreja para edificação mútua. Sair de uma igreja não é simplesmente uma realidade material, mas uma realidade espiritual que afeta outros membros da igreja. Os membros de sua escola dominical, pequenos grupos, grupos de estudo da Bíblia e outras esferas relacionais podem e devem ser convidados a orar por sua partida, assim como você deve continuar orando por eles. De certa forma, esses atos aparentemente pequenos e submissos testemunham o grande amor e bondade que Cristo nos mostrou na igreja, nos equipando ainda mais para suportar os encargos uns dos outros em amor (Ef 4.2).

Por fim, é importante lembrar que a maneira como saímos de uma igreja não se refere, primeiramente, a uma lista detalhada de etapas, mas é uma extensão de nossa identidade em Cristo e uma extensão de nosso coração, alma e mente. Vivemos uma era de individualismo no Ocidente e uma era de coletivismo no Oriente. Ambas as ideologias afirmam ter sabedoria autoritativa para a humanidade, mas os cristãos sabem que é somente através da loucura da cruz que se encontra a verdadeira sabedoria vivificante (1Co 1.18). Embora as Escrituras não nos forneçam uma lista específica de etapas a seguir para deixar a igreja, podemos ter consolo de que Deus redimiu um povo para si mesmo e criou a instituição da igreja com Cristo como Cabeça. Pela clareza de sua estrutura – seus pastores, professores, diáconos e membros – e pelo poder do Espírito Santo, podemos aplicar seu padrão de autoridade e relacionamentos para desenvolver um procedimento sábio e confiável das medidas a serem tomadas. Ao fazer isso, nós e as pessoas ao nosso redor podemos continuar a provar e ver que o Senhor é bom. Que possamos continuar a descobrir as riquezas de sua gloriosa herança nos santos. E acima de tudo, que Deus seja glorificado em seus santos.

Por: J.D. Bridges. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: Leaving a Church Peaceably.

Original: Saindo de uma igreja em paz. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.