À luz das letras, palavras e linhas

Quando tudo parecia perdido, um homem lê, à luz de velas, as verdades do evangelho, antigas e eternas verdades reveladas nos Salmos, em Romanos, em Gálatas… e o mundo nunca mais foi o mesmo. Post tenebras lux: depois das trevas veio a luz.

O que Lutero leu e ensinou foram letras e linhas – as das Sagradas Escrituras, Sagradas Letras. Entrelinhas era o que os medievais e os místicos liam e à partir do que – desse informe e vazio caos de pressupostos e de desejos corrompidos – eles ensinavam; e por isso o mundo estava em trevas.

Ponderando e obtendo compreensão das letras do texto revelado (e não subentendido) nas Sagradas Letras da Bíblia – e confrontando os pecados do velho mundo com essas mesmas Letras e Linhas Sagradas, foi que os Reformadores iluminaram o mundo com a luz do santíssimo evangelho da glória e da graça de Deus, transformando tudo de trevas e tormentos em luz e liberdade. Nascia, assim, por meio de letras, palavras e linhas das Escrituras, o novo mundo.

Tristemente, ainda hoje há quem, travestido de piedade e adornado de sofismas, batalhe por um retorno às entrelinhas. Chama a isto de “atualização”! Não se iluda, pois não passa de “remistificação”, coisa do velho mundo [vide escritos de Francis Schaeffer que tanto combateu esse liberalismo teológico que ele chamava de místico em essência, posto que se não há verdade proposicional absoluta em letras e linhas, o que resta é a interpretação que cada um dá, o sentido que cada um “encontra” no vazio e na falta de forma das entrelinhas.]

Enquanto os Reformadores trouxeram luz onde havia trevas, hoje uns tantos querem levar trevas onde há luz. Os reformadores tentaram remover o eclipse para que a luz do evangelho pudesse brilhar novamente em seu brilho total e ser vista com clareza – em letras, palavras e linhas. Mas hoje alguns preferem a escuridão (e a escravidão) das entrelinhas.