Chegue mais perto

*Este artigo é um resumo da palestra de Ed Welch proferida na Conferência Fiel para Pastores e Líderes 2020 Online.

Todos nós sabemos disto: que desejamos estar próximos daqueles que amamos. Essa é uma característica universal da nossa humanidade. Às vezes queremos estar perto de pessoas que sequer conhecemos! Gostamos de estar perto de pessoas. Todos nós temos exemplos de como é natural e humano estar perto, estar junto. É um modo primário com o qual identificamos o amor. É também um modo primário com o qual é possível identificar problemas nas nossas relações. Portanto, sabemos disto: podemos ver facilmente nosso desejo pela proximidade em nossas relações do dia a dia.

Uma vez que este é um tema predominante na vida humana, ele também será um tema imenso nas Escrituras. A origem, a fonte dessa proximidade, está no nosso próprio Deus. Mas quando é que esse tema da proximidade aparece nas Escrituras? Ora, quanto mais cedo e frequente algo aparece, mais importante é esse tema. E nós o encontramos logo no segundo verso das Escrituras: “E o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.” Essa passagem diz que o céu e a terra não foram projetados para serem distantes. Aqui, no comecinho das Escrituras, o Espírito do Deus vivo se aproxima desta espécie de parto, sobre o que está nascendo. E as Escrituras carregam este tema consigo.

Quando o Espírito se aproxima, uma das primeiras coisas que vemos é que a vida nasce em todo lugar. Nós vemos algo similar em 1 Reis 17, no qual Elias estende completamente seu corpo sobre o corpo de uma criança morta que receberá do Senhor a vida. O Senhor é alguém que se aproxima de nós, até mesmo na nossa criação. Assim, a vida cotidiana é uma vida na presença dele.

A ilustração no Éden é que este é o próprio tabernáculo do Deus vivo. Isto não é simplesmente onde o Senhor paira sobre sua criação, mas é onde a Terra é permeada pelo próprio Céu, e o Senhor vem à Terra. O Éden era uma área maior do que o jardim, o qual era uma espécie de jardim secreto dentro do território do Éden, e isso imediatamente evoca que há um Santo dos Santos neste tabernáculo maior. Além disso, parece que um dos nossos trabalhos primários no jardim é caminhar com Deus. E essa “caminhada” com Deus possui a mesma linguagem de Levítico 26, onde o Senhor diz que, quando o tabernáculo estiver cheio com sua presença, Ele andará entre eles. Existe algo melhor do que uma caminhada com um amigo? Da mesma forma, somos chamados a cultivar, cuidar e guardar o jardim. Esta é precisamente a mesma linguagem usada em Números 1, quando os sacerdotes são chamados a guardar e cuidar do tabernáculo. Vamos além.

Quando analisamos o próprio Jesus Cristo, Jesus é alguém que se aproxima. Ele é aquele que caminha entre nós. Onde quer que Deus esteja, há este “trono que se move”. Na morte de Jesus, nós vemos o mesmo compromisso de Deus em se aproximar de nós (1Pe 3.18). O perdão dos pecados teve o propósito de nos reconciliar com Deus, nos trazendo para perto dele, para podermos ser seus embaixadores da reconciliação para o mundo ao nosso redor.

A história acaba assim: “Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.” Terra e Céu unidos. O céu envolvendo a terra completamente. E a terra inteira tornando-se o que foi planejada para ser, o lugar em que Deus se aproxima, seu próprio Santo dos Santos. Duas coisas podem ser aprendidas: Deus se aproxima de nós na pessoa de Cristo. Certamente o tema primário das Escrituras é o comprometimento dele em se aproximar de você, e Ele o convida a se aproximar dele, e Ele o fará, pois esse é o desejo dele! Ele não faz isso de má vontade. Este é o caráter de Deus. Em segundo, isso não é apenas uma pequena porção de teologia, mas uma grande teoria que unifica toda a Escritura. De fato, ela é tão imensa, que chega a transbordar em toda a criação.

Mas o que isso significa? Quais os próximos passos para nós? Primeiro, somos simplesmente abençoados por poder enxergar essas realidades. Por trás da busca por proximidade e conexão está enraizado o próprio caráter de Deus. Tudo isso aponta para o Deus que deseja se aproximar de nós como seu povo. Tão bom quanto estar perto uns dos outros possa ser, é algo que desvanece. Apenas a proximidade ao nosso Deus permanece para sempre. Eis aqui um desejo em que Deus diz para você: vá em frente e deseje ainda mais: deseje ainda mais conhecer Jesus e ser conhecido por Ele.

Note como isso pode transformar certas atividades cotidianas. Por exemplo, note como isso reabilita nossa leitura bíblica. Nossa leitura bíblica pode ser como um encontro amoroso. Ler as Escrituras é uma forma de aprofundar o conhecimento, de amá-la e de se aproximar de Deus. Outro aspecto normal da vida que pode ser estimulado é nossa obediência. A obediência não é uma mera obediência, mas serve ao propósito da proximidade. Este é o alvo da nossa obediência: que ela intensifique nosso relacionamento com Deus. Não só para cumprir a obrigação, mas para intensificar o relacionamento. E não é verdade que até mesmo as coisas menores nos aproximam ainda mais?

A proximidade de Deus aparece no dia a dia especialmente importante em meio aos nossos sofrimentos, de modo que tenhamos a certeza que Ele está perto. Na oração nos lembramos que somos de Jesus, e Ele é nosso. Somos abençoados por enxergarmos essa vastidão de proximidade. Somos abençoados por sermos capazes de enxergar que a fonte disso é o próprio Deus.

O Senhor deseja estar perto do seu povo e podemos nos aproximar dele, e desfrutar de uma grande intimidade com nosso Deus. Seja bem-vindo a, provavelmente, o maior tema nas Escrituras: Deus sempre quis nos trazer até mesmo para o seu próprio ser, juntos, como um povo, unidos uns aos outros. Então, vá em frente e se aproxime. “Aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura.” Agora você sabe que pode ir em direção a Ele, cada vez mais e mais perto, com grande liberdade. Deus te abençoe.

Com oito lições curtas, porém cheias de teologia e aplicações práticas, Edward Welch ajudará o leitor a moldar uma cultura de aconselhamento e cuidado mútuo de forma que se tornem características naturais da vida diária da igreja.

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