Pecados de omissão

Embora os pecados de comissão sejam frequentemente flagrantes e deliberados – transgredindo uma lei ou mandamento conhecido – os pecados de omissão podem ser sutis e sorrateiros. Podemos nem mesmo perceber que falhamos em fazer o que Deus ordena. Embora eu possa nunca cometer adultério, por exemplo, posso facilmente deixar de amar minha esposa como Cristo amou a igreja (Ef 5.25). Neste exemplo, cometer adultério seria um pecado de comissão, enquanto deixar de amar seria um pecado de omissão. Quando consideramos e examinamos nossos próprios pecados de omissão, devemos nos humilhar e fugir de qualquer tentativa de nos orgulharmos de nossa justiça própria.

O Breve Catecismo de Westminster define o pecado “qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão desta lei.” (BCW 14). Simplificando, um pecado de omissão é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou deixar de fazer o que Deus ordena, o que é tão grave quanto transgredir ativamente o que ele ordena. Tiago escreve: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” (Tg 4.17). Ele também explica que não devemos ser apenas ouvintes da Palavra, mas também praticantes (1.22). Embora seja verdade que podemos pecar sem perceber, os pecados de omissão são intensificados pelo conhecimento. Quando sabemos o que Deus nos ordenou em sua Palavra e deixamos de cumprir, então silenciamos a voz da consciência e pecamos contra ele.

Quero sugerir três maneiras pelas quais cometemos pecados de omissão – em nossos pensamentos/desejos, palavras e atos – e fornecer o remédio pelo evangelho. Primeiro, cometemos o pecado de omissão quando não nos conformamos com a lei de Deus em nossos pensamentos e desejos – quando não colocamos nossas mentes nas coisas do alto (Cl 3.2) ou quando deixamos de amar a Deus de todo o nosso coração e entendimento (Lc 10.27). Recebemos a ordem de “levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5) e “nos alegrarmos sempre no Senhor” (Fp 4.4). Mas com que frequência somos cumpridores desses mandamentos? Quando deixamos de honrar a Deus com nossos pensamentos e desejos, cometemos o pecado de omissão.

Nossos pecados de comissão e pecados de omissão foram atribuídos a Cristo e ele pagou integralmente nossas dívidas.

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Em segundo lugar, cometemos pecados de omissão quando não nos conformamos com a lei de Deus em nossas palavras. O Apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios, exorta a igreja a falar a verdade em amor e a falar “somente o que é bom para a edificação” (Ef 4.15,29). Devemos falar a verdade (1Pe 3.10), dando palavras de encorajamento uns aos outros (1Ts 5.11). Nossa fala deve ser agradável (Cl 4.6) e serena (Pv 15.4). Mas quando deixamos de falar dessa maneira, cometemos o pecado de omissão em nosso falar.

Terceiro, cometemos pecados de omissão quando não nos conformamos com a lei de Deus em nossos atos. A Bíblia contém uma série de mandamentos positivos “uns aos outros”. Por exemplo, somos chamados a “estar em paz uns com os outros” (Mc 9.50), a suportarmos uns aos outros em amor (Ef 4. 2), a sermos “bons uns para com os outros, compassivos, perdoando-nos uns aos outros” (v. 32), e a “seguir sempre o bem uns aos outros e a todos” (1Ts 5.15). O profeta Miquéias escreve: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Mq 6. 8). Jesus ensina que devemos amar nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem (Mt 5.44). Depois, há os Dez Mandamentos, incluindo a santificação do Dia do Senhor (Êx 20.8). Quando falhamos em guardar esses mandamentos positivos, cometemos o pecado de omissão.

Como você provavelmente pode ver, quanto mais examinamos nossas vidas – nossos pensamentos, desejos, palavras e ações – mais percebemos o quanto deixamos de pensar, amar, falar e fazer as coisas que agradam e honram a Deus. Ficamos destituídos de Sua glória (Rm 3.23) e deixamos de fazer o que sabemos ser certo e bom (ver 7.15).

Antes que possamos experimentar a maravilhosa graça de Deus em Cristo, precisamos perceber quão sérios são esses pecados de omissão. Paulo, citando Deuteronômio 27.26, escreve: “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.” (Gl 3.10). Pense sobre isso. Se você não obedece a todas as coisas nos mandamentos e leis de Deus, você permanece sob a “maldição” de Deus. Todos nós, então, merecemos, com justiça, a sua ira – o salário do nosso pecado. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, perdoou nossos pecados por meio do sangue derramado de Cristo, que “nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (v. 13). Nossos pecados de comissão e pecados de omissão foram atribuídos a Cristo e ele pagou integralmente nossas dívidas, que nunca poderíamos pagar por nós mesmos.

Com a certeza da graça perdoadora de Deus, todos os seus mandamentos e leis vêm a nós não com a ameaça de julgamento, mas com o incentivo de um amigo, conduzindo-nos no caminho que lhe agrada. A lei de Deus é boa, e devemos meditar em sua lei dia e noite, para que possamos ser árvores bem regadas e frutíferas (Sl 1. 2-3). E embora deixemos de nos conformar com sua lei, nossa esperança está naquele que cumpriu tudo o que Deus exigiu de nós. Devemos nos arrepender diariamente de nossos pecados de omissão e colocar nossa fé em Cristo. Devemos confessar – com os santos da antiguidade – que “deixamos de fazer aquilo que devíamos ter feito” (Livro de Oração Comum), negligenciando e desconsiderando os mandamentos positivos de Deus. E quando o fizermos, vamos descansar na promessa de Deus de que ele “é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9).

Por: Brian Cosby. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: Sins of Omission.

Original: Pecados de omissão. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.