Pesado pela balança do mundo

J.N.D. Kelly observou que o mundo frequentemente julga a igreja pelo caráter e conduta do clero. Em 1 Timóteo 3.1-7, Paulo dá instruções sobre as características essenciais exigidas para um homem exercer o cargo de presbítero. Paulo destaca a importância dessas qualificações, começando e terminando sua lista com o mesmo verbo grego que significa “é necessário” (1Tm 3.2, 7). Todos os atributos listados nos versículos 2-7 são essenciais para os presbíteros.

Paulo também começa e termina sua lista focalizando a reputação. O versículo 2 instrui Timóteo a procurar um homem “irrepreensível” e o versículo 7 retorna a esse tema ao exigir que um candidato a presbítero tenha “bom testemunho dos de fora”. O artigo se concentrará nesta última qualificação dada em 1 Timóteo 3.7.

A presença de uma boa reputação

Por último, mas não menos importante, na lista de qualificações do Espírito Santo, um presbítero deve ter “bom testemunho dos de fora”. Por “de fora”, Paulo quer dizer aqueles que não são membros da comunidade da aliança. Muitos comentaristas têm apontado que podemos, inicialmente, ficar surpresos ao ver um valor tão alto colocado nas opiniões sustentadas por aqueles que estão fora da igreja, aqueles que são, por definição, pessoas descrentes que não seguem a Cristo como Senhor. No entanto, as Escrituras frequentemente apontam a importância da face pública que os cristãos mostram para o mundo descrente. A igreja é instruída a andar adequadamente e com sabedoria diante dos de fora (Cl 4.5; 1Ts 4.12). Se isso é importante em relação à igreja em geral, é ainda mais importante em relação aos líderes da igreja.

A Bíblia nos ensina que uma boa reputação é prova de uma vida conduzida com sabedoria. Provérbios 13.15 indica que “a boa inteligência consegue favor”, e Provérbios 3.3-4 diz: “Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; … e acharás graça e boa compreensão diante de Deus e dos homens”. Comentando esses provérbios, Bruce Waltke resume seu ensino: “Um bom nome é a expressão externa da sabedoria interior da pessoa”. Mesmo os não-cristãos de fora devem ser capazes de perceber a sabedoria interior em ação na vida de um homem de Deus que é qualificado para servir como presbítero. Então, como João Calvino colocou, “até os próprios descrentes serão constrangidos a reconhecê-lo como um bom homem”.

O poder de uma boa reputação

A Literatura de Sabedoria da Bíblia também nos ajuda a ver o valor de uma boa reputação. Em Provérbios 22.1, lemos: “Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro”. Eclesiastes 7.1 declara: “Melhor é a boa fama do que o unguento precioso”. A comparação de uma boa reputação com uma grande riqueza não é coincidência. Uma boa reputação tem uma moeda cultural própria que não pode ser comprada por qualquer preço. Mesmo aqueles que estão fora da fé, sejam eles críticos hostis ou céticos apáticos, serão forçados a reconhecer que um presbítero é um bom homem. Seja o que for que os de fora pensem sobre sua religião, eles admiram seu caráter.

E, é claro, esse respeito por um presbítero serve a um propósito evangelístico. Primeiro, a boa reputação de um homem reflete bem na igreja da qual ele faz parte. Ainda mais importante, um homem com uma boa reputação é um crédito para o Senhor a quem serve. Se um presbítero tem uma boa reputação, os estranhos podem desprezar sua religião, mas devem respeitar o homem. Eles podem até estar mais inclinados a dar mais atenção à mensagem do Evangelho de Cristo vinda dele.

As armadilhas de uma má reputação

Primeira Timóteo 3.7 prossegue, dizendo que um presbítero “tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo”. Uma boa reputação protege um presbítero da desgraça pública, que é uma das armadilhas do diabo. A passagem descreve o diabo como um caçador que anda por aí armando armadilhas para prender suas presas incautas. As Epístolas Pastorais (1 e 2 Timóteo e Tito) falam de muitos tipos de ciladas ou armadilhas que o diabo arma. Além da desgraça, as armadilhas do diabo incluem orgulho, dinheiro, imoralidade sexual e ambição egoísta. Se os presbíteros não tomarem cuidado, eles podem facilmente cair nessas armadilhas e serem pegos pelo diabo.

As Escrituras nos alertam que uma vez que um homem é aprisionado pelo diabo, ele está à mercê do diabo. Segunda Timóteo 2.26 adverte que aqueles que caem nas armadilhas do diabo “[são] feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade”, e só podem escapar depois de “retornar à sensatez”. Um presbítero desgraçado, preso na armadilha do diabo, insensível e sujeito à vontade do diabo, seria desastroso para a comunidade da aliança e para a missão da igreja no mundo. Manter uma boa reputação é uma proteção contra esses problemas.

A preservação de uma boa reputação

Primeira Timóteo 3.7 apresenta um desafio assustador para os líderes da igreja de hoje porque o mundo está sempre nos observando. Pessoas de fora formam suas opiniões sobre a igreja com base no que veem em seus líderes. Eles nos observam à margem dos eventos esportivos de nossos filhos, comendo fora em restaurantes, interagindo nas redes sociais e trabalhando ao lado deles, ao mesmo tempo observando como vivemos a fé que professamos. Pessoas de fora veem a sabedoria interior do coração iluminado de um cristão brilhando em nossas vidas? Se desejamos ser presbíteros devidamente qualificados, é isso que os de fora devem ver. Precisamos do amor e da sabedoria de Cristo atuando em nossas vidas, para que não desonremos a nós mesmos, à igreja e ao nosso Senhor. Oremos para que Deus conceda aos nossos presbíteros sabedoria e caráter para serem bem considerados pelos de fora por causa do Evangelho.

A Bíblia é muito clara em estabelecer qualificações para presbíteros e diáconos na Igreja, mas encontrar líderes que têm tais qualificações e dons para o ministério pode ser desafiador. Thabiti escreve como um pastor e presbítero experiente, demonstrando como identificar e reproduzir, no meio da própria igreja, líderes legítimos e dispostos a servir.

Confira

 

Por: William C. Godfrey. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: Weighed in the World’s Scales.

Original: Pesado pela balança do mundo. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.