Diga o que ninguém mais quer dizer

Os homens que precisamos enquanto o mundo se afoga

Nossas mulheres têm palavras críticas para falar pela causa de Deus no mundo, e precisamos de suas vozes, mas é especialmente doloroso quando nossos homens evitam seu chamado paterno para falar as verdades difíceis, mas necessárias, que ninguém mais quer falar (1Ts 2.11).

Quando um homem passa sua breve existência como um “clicador” de controle remoto, uma babá de sofá, um contador de piadas interminável, quando ele mata de fome sua alma – aquilo que ele não deveria trocar pelo mundo (Mc 8.36) – na trivialidade, e envolve suas afeições na frivolidade, ele se torna uma sombra em um mundo que precisa desesperadamente de homens de grande densidade.

Nossa sociedade frequentemente promove um homem idiota, leviano e etéreo em suas comédias e filmes. Ele não representa nada. Chora por nada. Vive para nada além da próxima piada ou erro cômico. É um insulto na tela, mas trágico na vida real, quando encontramos homens semelhantes a esses, que não têm uma seriedade, porque adiam pensamentos sobre a eternidade. Homens que, como William Gurnell observou tão vividamente, “passam seus dias miseráveis como tantos porcos; eles nunca olham para o céu até que Deus os coloque de costas” (The Christian in Complete Armour).

Homens sem Peso

Em meio às ondas de verdade e heresia, céu e inferno, Deus e Satanás, neste mundo e o próximo, muitos – deve-se lamentar – não se erguem acima da superficialidade dos esportes, sexo e carreiras. Eles são espiritualmente surdos, mudos e inúteis como os ídolos que adoram (Sl 115.8). A história deles é a do Pinóquio ao contrário: passando de um menino de verdade para um boneco de madeira. O nome deles também pode ser Icabô, porque a glória se foi (1Sm 4.21).

A tragédia completa é melhor vista quando comparada a, para que, Deus fez o homem, em primeiro lugar: ser um reflexo de si mesmo. Ele foi feito para assumir e exercer domínio nobre, para se multiplicar, trabalhar, rir, suprir, proteger, sacrificar – para conhecer seu Deus e estender o reino de seu Mestre no mundo. Em vez disso, os homens modernos não levam a si mesmos, nem a este mundo, nem a seu Deus a sério. Eles vagam descuidadamente rio abaixo como uma folha na superfície de seus instintos.

Satanás fica com um trabalho fácil. Ele não precisa invocar grandes ilusões ou antigas heresias para capturar tais homens. Ele simplesmente entrega chocolates. Os homens não deveriam ser moscas para serem apanhados por uma teia tão fina. E ainda assim nossas terras são amaldiçoadas por homens sem peso.

Bancos densos, homens franzinos

Na igreja, nossa cota de masculinidade superficial também já cruzou o limiar. Que visão ainda mais estranha e terrível é ver um homem, que afirma ter sido restaurado à imagem de Cristo, passar sua breve existência como pouco mais do que um ouvinte de sermão ou anotador participante de um pequeno grupo. Ele também vive com pouca paixão, pouca missão, pouca seriedade – apenas hábitos religiosos inseridos ordenadamente em uma vida sem sal. Como podemos explicar isso?

Nada está em jogo? O diabo se cansou de rondar em busca de almas? Ele cessou de cegar os incrédulos para o conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo? Um inferno sempre cheio e um céu sempre acenando não deveriam impedir uma conduta tão relaxada?

Deus restaura um homem (se é que ele restaurou) para fazer tremer os demônios, para sacudir as portas do inferno. Deus enviou seu Espírito Todo-Poderoso para habitar nele e lhe dar suas promessas e sua graça para capacitar todos os seus esforços. Mas o que os demônios dizem quando encontram um homem da Igreja tão respeitosamente morno? “Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” (At 19.15).

Seus inimigos nunca dirão: “Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui” (At 17. 6). Esses homens nunca raciocinam com ninguém sobre “justiça, autodomínio e o julgamento vindouro”, nem recebem a resposta à Paulo quando: “Félix ficou amedrontado”. Sua religião é muito superficial para torná-los felizes, santos ou densos.

Três resoluções para homens de Deus

Tenho necessidade, como outros que podem ler estas palavras, de resolver ganhar, e não perder peso, este ano. Para ganhar substância, ganhar intensidade, passar da indiferença ao zelo, da superficialidade à profundidade, do leite ao alimento sólido – e ser mais pesado, mais denso, por meio dessas coisas. Nisto, fui ajudado ao considerar o lastro de um homem no barco de todos os barcos: Noé.

O que quer que Noé fosse antes de Deus o encontrar com sua graça, ele se tornou um homem denso depois. Pelo menos três realidades conspiraram para construir sua massa: o mundo em que vivia, o gigante com quem caminhava e a família que procurava proteger.

Advertir, o mundo agonizante, com amor

Noé viveu em uma geração má, à beira do julgamento em cascata. As marés de miséria sobre a terra haviam aumentado. A violência de Caim estava se espalhando por toda a terra, e “era continuamente mau todo desígnio do seu [do homem] coração” (Gn 6.5). Mas Deus mostrou graça a Noé e disse-lhe que construísse uma arca para salvamento, pois ele pretendia trazer um dilúvio por meio do qual “tudo o que há na terra perecerá” (Gn 6.17).

Deus disse a Noé que todos, fora da arca, morreriam – família, inimigos e amigos – ainda que suas vidas continuassem normais. O dilúvio de Deus não faria acepção de pessoas. Os pobres morreriam com os ricos; os jovens com os velhos.

O mundo de Noé não é muito diferente do nosso. Nós sacrificamos nossos filhos em um ritmo impressionante. A imoralidade sexual e a perversão são um esporte. Nós também aguardamos o julgamento vindouro no retorno de Cristo, que diz:

“Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.36-39).

Noé respondeu crendo em Deus e se tornando “um arauto da justiça” (2Pe 2. 5). Ele viveu contra culturalmente em obediência à vontade de Deus e expressou sua esperança, mesmo quando certamente lhe perguntaram o que diabos ele estava fazendo. Teria traído sua masculinidade não declarar a verdade. Antes que sua geração se afogasse nas águas, eles primeiro afogariam sua vida, suas advertências e súplicas. Em seu mundo, como no nosso, as massas já estavam condenadas (Jo 3.18), e Noé, sendo o homem justo que era, ainda falou. Nós vamos mesmo nos afogar?

O peso de sua mensagem deu-lhe substância. Ele procurou ser levado a sério porque tinha algo crítico a dizer: “Entre na arca ou se perca!” Pregou a mensagem e foi rejeitado como o bobo da cidade. Também nós, temos algo a dizer: “Entre na arca que é Cristo ou se perca!” Bilhões hoje comem, bebem e se divertem ao pé de um vulcão ativo. Homens de substância os apontarão constantemente, de forma audível, para nossa única esperança.

Andar Perto do Seu Deus

Quão ridícula era a mensagem de que as “janelas dos céus se abririam” e pela primeira vez cairia uma chuva de quarenta dias, e com tanta intensidade que as montanhas desapareceriam e os pássaros se afogariam (Gn 7.17-24)? Que absurdo ver um homem trabalhando por um século em um barco do tamanho de um estádio, em um local a uma jornada de seis dias do mar. E então vê-lo recolher milhares de animais.

A mensagem de salvação de Noé, como a nossa, é uma loucura para os que perecem, mas o poder de Deus para aqueles que estão sendo salvos (1Co 1.18-19). E nós, como Noé, exalamos, com nossa mensagem: “cheiro de morte para morte [os que se perdem]; para com aqueles [que se salvam], aroma de vida para vida. (2Co 2. 15-16).

Seremos nós também fiéis em nossos dias? Venceremos o medo sempre generalizado do homem que arrisca a honra, para proteger a reputação e ameaça esvaziar a masculinidade no processo? Nós também seremos descritos com estas quatro palavras: “Noé andou com Deus” (Gn 6.9)? Bíblias abertas e joelhos dobrados transformarão em leões os cordeiros. Mesmo homens comuns e sem muito estudo podem brilhar com ousadia porque nós também “estivemos com Jesus” (At 4.13).

Repetidamente, na narrativa de Noé, encontramos o segredo da força desse homem: ele conhecia a Deus. Ele temia a Deus. Ele amava a Deus. Ele “fez tudo conforme o que Deus lhe ordenou” (Gn 6.22; 7.5). Seu Deus era um gigante pairando sobre os formigueiros dos homens. O que ele teria a temer?

Cuidar primeiro, e principalmente, dos de casa

“Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé” (Hb 11.7).

É uma traição ao homem se preocupar com a condição de refugiado de povos distantes em províncias longínquas, mas não considerar a saúde daqueles que estão sob seus cuidados imediatos. Enfrentamos uma grande tentação de nos importar, em teoria, com a casa de outras pessoas, enquanto negligenciamos a nossa.

O justo Noé não cometeu esse erro fatal. Quando ele ouviu sobre o dilúvio iminente, ele começou a construir, com uma reverência temerosa a Deus, pela salvação de sua família. Ele procurou trazer sua própria família para a arca antes de outras famílias. Outros filhos e filhas, esposas e netos eram bem-vindos (se atendessem à sua pregação), mas ele começou com o que Deus primeiro lhe designou: sua própria casa.

Ele não terceirizou o bem-estar de sua família para o pastor local, o líder da juventude, ou para o governo. No temor do Senhor, ele trabalhou intencionalmente para salvar sua família.

Antes que tudo fique escuro

Logo após o barco pousar no monte, Noé cairia na mesma embriaguez que Deus pela qual Deus acabara de enviar o dilúvio. Noé provou ser filho de Adão, não o segundo Adão. O pecado sobreviveu ao dilúvio, e a humanidade, como Noé, precisaria de alguém para cobrir sua nudez.

E quem veio fazer isso é aquele que hoje proclamamos. Não pregamos a nós mesmos, trazendo uma mera mensagem desesperada de morte e julgamento. Trazemos boas novas de grande alegria: o Evangelho de Jesus Cristo. Trazemos notícias de alguém que submergiu no fundo do dilúvio para se tornar uma arca para todos os que nele encontrarem refúgio.

Falamos seriamente sobre a separação do mundo de Deus para falar com alegria desse Rei. Temos o privilégio de trabalhar por nossa família, trabalhar entre nossos vizinhos, trabalhar por nosso Senhor. Somos estrelas cadentes em toda a extensão da história, não deveríamos queimar audivelmente, para a glória de Deus, aos ouvidos de um mundo incrédulo, antes que ele se esmaeça?

Este livro foi escrito para homens cristãos que não apenas não querem perder esse precioso entendimento bíblico, como também querem viver o chamado para a verdadeira masculinidade que Deus nos deu. Precisamos ser homens piedosos, e a Bíblia apresenta um mandato masculino para que possamos seguir e cumprir.

Confira

 

 

Por: Greg Morse. © Desiring God Foundation.Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Say What No One Else Will.

Original: Diga o que ninguém mais quer dizer. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.