Crianças no templo: uma parábola da nossa vida com Deus

O que estamos dizendo, como cristãos, quando não toleramos os barulhos e os incômodos que as crianças causam em nossos templos ou, ainda, quando as excluímos completamente do culto público?

Tenho muita admiração pelo ministério infantil e sou grato pelos cristãos que aplicam seu tempo para ensinar as crianças nas igrejas. São fundamentais para famílias que querem educar seus filhos na fé. No entanto, é preciso refletir em como nosso tempo tem tratado as crianças no culto público.

Independente da boa intenção, em muitas igrejas atualmente, barulhos de crianças são vistos como um mal. Em alguns casos as crianças nem tem a oportunidade de participar do culto público. São confinadas a um encontro inteiramente segmentado, que fragmenta a família, já separada pela pesada rotina escola/trabalho.

Será que a forma com que tratamos a presença das crianças nos cultos públicos não revela que na verdade estamos camuflando o problema atual da ausência de culto familiar? Será que os pais que vão pra igreja com a expectativa de que ao chegar no templo não tomarão conta de seus filhos, estão sendo capacitados e encorajados pela comunidade de fé a assumirem o cuidado espiritual deles em casa?

Não é temerário que os pais que não praticam a devoção familiar, a disciplina que treina a criança a sentar e escutar a palavra de Deus em casa, esperem um milagre para que seus filhos se engajem apenas no culto público?

Se você é pai ou mãe cristãos, deve refletir nessas perguntas. Mas há algo mais profundo que não podemos deixar de considerar. A presença da criança nos cultos é uma parábola da nossa vida para com Deus. Um recém-nascido que faz barulho e causa desconforto no templo durante o culto público é uma figura que indica a maneira débil com que nós adultos, apesar de todo nosso esforço, nos comportamos ao tentar imitar a Cristo. Imagina se Deus não tolerasse nossos “barulhos” e nesse templo que chamamos de vida?

Devemos evitar dois extremos, aquele em que excluímos os pequeninos e aquele em que promovemos a desordem. É preciso ensinar a reverência ao acolhermos nossas crianças, sendo graciosos com elas e suas familiares enquanto eles estão aprendendo a ser família. Agir assim é sinal de que estamos entendendo o evangelho, pois somos todos crianças na presença de Deus.

Então disse Jesus: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”. Mt 19.14