Um blog do Ministério Fiel
Entretenimento em todos os lugares
Imagine conhecer alguém que viajou para o nosso tempo vindo do passado. O que você crê que ele acharia notável? Ele poderia ficar impressionado com os avanços nos transportes, com a nova tecnologia de comunicação ou com os avanços da medicina. Esse visitante provavelmente também ficaria surpreso com os dispositivos que carregamos em nossos bolsos, que contêm a sabedoria de todos os tempos e, além disso, que as pessoas os usam principalmente para assistir a vídeos engraçados de animais.
Você pode pensar que tal visitante teria vindo de um passado distante, se ele for impactado por esses avanços. Mas alguém que tenha viajado de apenas algumas décadas atrás dificilmente acreditaria que algumas das coisas que consideramos certas são possíveis.
No final do século XX e no início do século XXI, rápidas mudanças na tecnologia tornaram o entretenimento onipresente, resultando em alguns efeitos imprevistos.
Os efeitos sobre nós
Se você estava vivo no início dos anos 1980, você se lembra do advento da MTV. Lançada ao som de “Video Killed the Radio Star” dos Buggles, em alguns lugares, a Music Television foi descartada como uma novidade que desapareceria com o tempo. Mas passou a moldar profundamente a aparência do entretenimento no final do século XX, inaugurando a era da edição hipercinética, em que nenhuma cena dura mais do que três segundos. Desde então, esse estilo fez o seu caminho em filmes e até eventos esportivos.
O advento desse estilo mudou a maneira como consumimos entretenimento. A natureza veloz do entretenimento visual treina nosso cérebro para esperar novos estímulos em intervalos regulares. Caso contrário, ficamos inquietos. Essa inquietação se estende até mesmo quando não estamos consumindo entretenimento. Agora nos sentimos entediados rapidamente. Cada momento deve ser preenchido, seja jogando, assistindo a um vídeo ou lendo as notícias. Tempo vazio é tempo perdido e o silêncio é nosso maior inimigo.
O componente espiritual dessa saturação da mídia não deve ser esquecido, pois ela nos permite nos distrair das coisas que realmente importam. Quando nossa atenção está sempre focada no externo, podemos ignorar o interno. Podemos deixar de responder às perguntas importantes simplesmente porque não nos deixamos com tempo para fazê-lo.
Os efeitos nas famílias
A partir da década de 1940, mas especialmente na de 1950, uma mudança profunda começou a ocorrer nos lares americanos. A invenção da televisão passou a ter uma influência prodigiosa na forma da vida familiar.
Em pouco tempo, a TV se tornou o centro da casa. As noites que poderiam ser passadas sobre os livros ou nas atividades domésticas são, em vez disso, ocupadas com programas de TV ou filmes. Enquanto a família está junta, muitas vezes seus membros não se relacionam.
Este efeito é exacerbado no ambiente saturado de entretenimento de hoje. A família pode nem mesmo se reunir – uma pode estar jogando videogame, outra assistindo a vídeos em um iPad e outra participando de uma atividade extracurricular. Simplesmente existem opções demais para a família se reunir em torno de somente uma.
Os efeitos na cultura
O noticiário de vinte e quatro horas de duração fez sua estreia em 1980, quando a CNN foi ao ar. Uma vez ridicularizada, a rede cresceu durante a Guerra do Golfo em 1991 com imagens de bombas inteligentes e tiros de visão noturna de bombardeios aéreos. Agora, várias estações confundem a linha entre notícias e entretenimento enquanto proclamam, sem fôlego, até mesmo os acontecimentos e revelações mais mundanos, como notícias de última hora.
Ao mesmo tempo, jogos para nossa atenção proliferaram. Somos convidados a participar do último grande evento apenas para vê-lo eclipsado pelo próximo. Graças ao cansaço e à marcha implacável da cultura, poucas coisas realmente duram.
Houve um tempo, em que a vida passava tão lentamente que apenas as coisas verdadeiramente significativas se destacavam. Mas hoje, somos instados a nos preocupar com coisas efêmeras. Muitas pessoas, hoje em dia, podem citar celebridades proeminentes, mas não podem dizer nada sobre figuras históricas notáveis. Somos treinados para prestar atenção ao que é novo simplesmente porque é novo e, portanto, importante. O problema é que quando tudo é significativo, nada é significativo.
Quando priorizamos o imediato em relação ao duradouro, perdemos de vista o que realmente importa. Como cristãos, somos chamados a valorizar certas coisas – Cristo, nossas famílias, nossas igrejas. Quando a onipresença do entretenimento ameaça desviar nosso foco dessas coisas, devemos parar e observar. O entretenimento tem seu lugar, mas como todas as coisas, deve ser colocado sob a autoridade de Deus e usado para a glória de Deus (1Co 10.31).