Um blog do Ministério Fiel
Minha história preferida do Papai Noel
Tem um monte de histórias do Papai Noel por aí nessa época do ano. Quase todas são completamente baseadas em fantasia. Rena voadora, um saco cheio de presentes, escalada sofrível de chaminés, uma roupa vermelha ridícula – tudo isso é ficção.
Mas quando meus filhos me perguntavam “Papai, o Papai Noel é real?” eu nem sempre dizia “Não”. Ao menos não na mesma hora.
(Pausa para efeito dramático.)
Como qualquer bom estudante de história da igreja, eu explicava que o verdadeiro “Papai Noel” foi, na verdade, um pastor do quarto século chamado Nicolau de Mira, que depois foi considerado um santo pela igreja católica Romana medieval. Ele era um dos favoritos dos marinheiros holandeses, que o chamavam “Sinter Klaas” (ou “São Nicolau”), que passou a ser chamado em inglês de “Santa Claus”[1].
Claro que eu era cuidadoso ao apontar que a versão moderna de São Nicolau não se parece em nada com o pastor da Ásia Menor no quarto século. O verdadeiro Nicolau não viveu no polo norte. Ele não era escandinavo. Ele não dirigia um time de renas mágicas. Ele não trabalhava com elfos. Ele também não viajava o mundo a cada véspera de natal trocando presentes por leite com biscoitos. Não, ele era um pastor. Ele adorava o Senhor Jesus Cristo. E ele teria ficado estarrecido com a forma como seu legado tem sido usado para obscurecer o verdadeiro significado do Natal.
Mas estou divagando…
Meu ponto neste texto é contar minha história preferida sobre Nicolau de Mira – o verdadeiro Papai Noel.
Existem diversas lendas baseadas em fatos reais sobre Nicolau – histórias sobre sua incrível generosidade para com os pobres (de onde veio a ideia do Papai Noel dar presentes); além de histórias sobre como ele garantiu a libertação de três prisioneiros inocentes que haviam sido condenados à morte.
Mas minha lenda favorita envolve o Concílio de Nicéia, no ano 325. Aquele concílio, é claro, estava centrado em uma questão doutrinária primordial: a divindade de Jesus Cristo. Um herege chamado Ário, não muito diferentemente das Testemunhas de Jeová de hoje, negava abertamente que o Filho de Deus possuísse uma igualdade ontológica (isto é, em seu ser) com Deus, o Pai. Então o Concílio de Nicéia foi convocado para discutir a controvérsia, e concluiu-se que Ário estava errado e que seus ensinos deveriam ser condenados.
É neste contexto que pegamos esta história fascinante sobre o Papai Noel. O autor William J. Bennett explica bem a história:
A Tradição diz que Nicolau era um dos bispos que estava no grande concílio [de Nicéia]. À medida que ele ouvia sentado enquanto Ário proclamava uma visão que lhe parecia blasfema, sua ira aumentava. Ele deve ter perguntado a si mesmo: Eu sofri todos esses anos na prisão para escutar este homem traindo nossa fé?
Sua raiva lhe dominou: Nicolau abandonou seu assento, andou até Ário, encarou-o em cheio, e deu um tapa em seu rosto. Os bispos ficaram atordoados.
Ário apelou ao próprio imperador. “Alguém que tem a temeridade de bater em mim na vossa presença deveria ficar impune?” ele demandou…
[Em consequência disso,] Nicolau ficou trancado em outra ala do palácio.
Entretanto, no final, o bispo de Mira teve o resultado que queria. Quando os argumentos foram feitos, o concílio repreendeu Ário por suas crenças. Os bispos escreveram uma afirmação que veio a ser conhecida como o Credo Niceno, um credo que afirma a fé na Santa Trindade e declara que Jesus é “da uma só substância com o Pai”.
Talvez Constantino secretamente tenha gostado de ver alguém colocar Ário em seu lugar. Talvez alguns dos bispos tenham admirado Nicolau por levantar-se firmemente, talvez com zelo demais, por sua fé. Nicolau deve ter tido amigos e simpatizantes em altas posições, porque quando o Concílio de Nicéia foi concluído, ele foi libertado e seus distintivos clericais foram restaurados.
(William J. Bennet, The True Saint Nicholas [New York: Simon & Schuster, 2009], 38-40.)
Então aí está: o homem que nossa sociedade chama de “bom velhinho”, ao ouvir Ário abertamente negar a divindade de Cristo, ficou tão irado pela blasfêmia que levantou-se, atravessou a sala e acertou o herege na cara – no meio de um concílio imperial, na frente de todo mundo.
Isso é bem dramático!
É possível, é claro, que essa história seja apenas uma lenda.
Mas mesmo se for, é de longe minha história preferida do Papai Noel. Ela me lembra do fato de que o verdadeiro “São Nicolau” adorou o Senhor Jesus Cristo. Ele era zeloso pela honra de Cristo e resoluto em suas convicções doutrinárias. Ele estava disposto até a confrontar erro e heresia de frente se necessário (e não era apenas colocando carvão na meia de Ário).
No meio da época de feriados na qual nossa cultura tenta obscurecer o verdadeiro sentido do Natal ao apontar para o Papai Noel, eu gosto de lembrar as pessoas que, se o verdadeiro Papai Noel estivesse vivo, ele estaria apontando as pessoas para Cristo.
[1] N.T.: o nome em inglês “Santa Claus” lembra mais “Nicolau” – embora o mesmo personagem seja conhecido em vários países com o nome Pai Natal – Noël é Natal na língua francesa, daí a nossa forma de se referir à lenda.