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A Bíblia permite mulheres diaconisas? Sim, diz Tom Schreiner (com uma resposta de Alex Strauch)
Nota do editor: fizemos, a dois estudiosos – Tom Schreiner e Alex Strauch – a seguinte pergunta: “A Bíblia permite mulheres diaconisas?” Abaixo, você encontrará a resposta de Alex, bem como a resposta de Tom. (Você pode ler a resposta de Tom e a resposta de Alex neste link)
Se as mulheres devem ou não ser diaconisas é uma questão difícil. Não é fácil decidir – e, além disso, não gosto de discordar de Alex Strauch porque ele é um dos meus pastores favoritos! Ele pode estar certo e eu posso estar errado. A questão sobre se as mulheres devem servir como diaconisas está restrita a alguns versículos: Romanos 16.1, 1 Timóteo 3.11. Aqui estão cinco argumentos pelos quais elas deveriam servir como diaconisas.
Primeiro, Febe é chamada de “diaconisa na igreja em Cencreia” (Rm 16.1, NAA). A palavra traduzida como “diácono” (diakonon) poderia significar “serva” (que está servindo) (ARA),[i] mas a referência à igreja e à congregação sugere um cargo que Febe exercia na igreja.
Em segundo lugar, 1 Timóteo 3.11 é inserido no meio de uma discussão sobre diáconos (1Tm 3.8-13). As palavras “do mesmo modo” (NAA) são mais naturalmente interpretadas como significando que as mulheres servem como diaconisas, assim como os homens.
Terceiro, as qualidades de caráter exigidas são o tipo de coisas ditas sobre outros que ocupam cargos oficiais: as mulheres devem ser “respeitáveis” (1Tm 3.11) e os diáconos do sexo masculino devem ser “respeitáveis” (1Tm 3.8); as mulheres não devem ser “maldizentes” (1Tm 3.11), e os diáconos do sexo masculino não devem ser “de uma só palavra” (dilogous);[ii] as mulheres devem ser “temperantes” (1Tm 3.11 ), visto que os presbíteros devem ser “temperantes” (1Tm 3. 2); as mulheres devem ser “fiéis em tudo” (1Tm 3.11), e os presbíteros “irrepreensíveis” (1Tm 3.2). As qualidades de caráter para presbíteros e diáconos são as mesmas, então não estou dizendo que as mulheres deveriam ser presbíteras. Mas estou dizendo que a referência às qualidades de caráter indica que Paulo se refere a um ofício, a mulheres diaconisas.
Quarto, se Paulo quisesse falar sobre as esposas de diáconos. Ele poderia ter deixado isso claro em grego adicionando a palavra “deles” (autōn) ou “seus próprios” (idiōn). Mas ele não adiciona essas palavras, e a palavra usada em grego para “mulheres” (gynaikas) não significa necessariamente esposas. Se isso significa esposas ou mulheres, deve ser determinado pelo contexto, e o contexto está falando sobre diáconos.
Quinto, por que Paulo mostra requisitos para as esposas de diáconos, mas não para as esposas dos presbíteros? Isso parece muito estranho, visto que os presbíteros têm uma responsabilidade maior pela liderança e pelo ensino da igreja. Mas se ele está falando sobre mulheres diaconisas, não temos nenhum problema porque ele não está falando sobre as esposas de diáconos!
Sexto, ter mulheres como diaconisas não contradiz 1 Timóteo 2.12 porque os diáconos não ensinam ou exercem autoridade sobre os homens. O ofício de diácono é de serviço, não de liderança. Duas coisas são ditas sobre os presbíteros que nunca são ditas sobre os diáconos: 1) os presbíteros lideram e exercem autoridade na igreja (1Tm 3.4-5; 5-17; Tt 1.7); e 2) os presbíteros ensinam a congregação reunida (1Tm 3.2; 5.17; Tt 1. 9). Mas os diáconos não fazem nenhuma dessas coisas em virtude de seus cargos, portanto, mulheres diaconisas não contradizem a liderança masculina. Os diáconos servem, e as mulheres servem maravilhosamente em muitas igrejas como diaconisas.
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Resposta de Alex Strauch:
Nota: Para obter as evidências detalhadas desse argumento, acesse www.deaconbook.com ou leia Paul’s Vision for the Deacons: Assisting the Elders with the Care of God’s Church.
Os comentários e outros escritos de Tom provam que ele é um dos mais justos comentaristas bíblicos que conheço, especialmente ao abordar passagens difíceis. Estou confiante de que ele me dará uma audição justa. Ele também é um presbítero digno de “dobradas honras” (1Tm 5.17; minha nova tradução do grego).
Para responder ao sexto ponto de Tom, devemos voltar à pergunta: “Quem são os diakonoi?” Na verdade, essa é uma questão muito mais importante para entender do que se as Escrituras ensinam ou não as mulheres diaconisas. À luz de pesquisas recentes, afirmo que devemos traduzir a palavra diakonoi, em 1 Timóteo 3.8 e Filipenses 1.1, não como “diáconos” (o que não nos diz nada) ou “servos dirigentes” ou “os que servem à mesa”, mas como “assistentes”. Como tal, esses diakonoi estão “sob a autoridade dos presbíteros, mas têm autoridade sobre a congregação para realizar as tarefas conforme necessário”.[iii] Eles são os representantes/agentes oficiais dos presbíteros. Portanto, eles têm autoridade, e um lugar de liderança, sobre homens e mulheres dentro da congregação.
Com relação a Febe, se entendermos corretamente o uso particular de Paulo de diakonos em 1 Timóteo 3.8 e Filipenses 1.1, então Paulo deveria ter declarado que Febe era “uma assistente dos superintendentes”, e não “assistente da igreja”, o que não faz sentido. Além disso, Clarence Agan III demonstrou que “servo” ou “assistente” não são as únicas traduções legítimas de diakonos em Romanos 16.1. Ele argumenta que uma tradução melhor de diakonos em Romanos 16. 1 é “mensageiro” ou “enviado” da igreja em Cencreia. O artigo de Agan sobre Romanos 16. 1 é uma leitura obrigatória para qualquer pessoa preocupada com este assunto.[iv]
Talvez o argumento mais forte para rejeitar o ponto de vista de “esposas dos diáconos” seja a ausência da palavra “deles” (autōn) junto a gynaikas. Mas é muito mais difícil explicar por que Paulo não usou o título identificável, tas diakonous ou gynaikas diakonous (= “mulheres diaconisas”) se ele realmente está falando sobre mulheres diaconisas, em vez da designação geral gynaikas (= mulheres).
Independentemente de como alguém interprete o versículo 11, os problemas e as questões desconcertantes desafiam qualquer uma das interpretações. Objeções à visão de que gynaikas significa esposas, como (1) a omissão do pronome ou artigo junto a gynaikas, (2) a estrutura gramatical da passagem começando com o advérbio introdutório “do mesmo modo” e (3) a omissão das qualificações das esposas dos presbíteros, podem ser contestadas por respostas razoáveis e o foram por proeminentes eruditos gregos (ver www.deaconbook.com). Não há um ponto gramatical que seja decisivo para determinar a identidade dessas mulheres. Então, volto ao primeiro ponto, quem são os diakonoi?
[i] Citado a ARA, a menos que especificado de outra forma.
[ii] Minha tradução.
[iii] Correspondência pessoal com Clarence Agan III.
[iv] “Diáconos, diaconisas e discussões denominacionais: Romanos 16: 1 como um caso de teste,” Presbyterion: Covenant Seminary Review, 34/2 (outono de 2008), 105-08.