Quando não me sinto bem-sucedido

Desde que Adão e Eva cederam à primeira tentação, o fracasso faz parte de nossa experiência humana. Como portadores da imagem de Deus, somos capazes de coisas notáveis. Mas, como portadores de imagens decaídas, somos simultaneamente capazes de coisas terríveis. De pequenos erros a colapsos colossais, estamos todos muito familiarizados com a dor e a vergonha do fracasso. Mas, em sua graça, Deus redime as falhas de seu povo e as usará para moldar e formar nossas vidas.

A beleza do evangelho

O coração humano anseia por justificação. É por isso que damos desculpas, transferimos a culpa ou procuramos um bode expiatório quando falhamos. Nossa tendência natural é buscar validação pessoal em nossos sucessos, garantindo legitimidade por nossas realizações. Portanto, todo empreendimento fracassado – seja uma nota baixa, um pedido de falência, um casamento desfeito ou simplesmente um momento embaraçoso – evidencia nossa fraqueza, tolice e imperfeição – nossa falta de retidão. Essa ânsia por justificação, por aprovação aos olhos dos outros, é o ribombar superficial de uma dor mais profunda que temos na busca pro aprovação aos olhos de Deus. O que realmente precisamos é da aprovação, validação e aceitação de quem realmente importa. Precisamos ser justificados diante de Deus. Este é um dom que é nosso no evangelho.

“sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 2.16). As boas novas do evangelho são que nós podemos ser declarados justos diante de Deus por meio da fé em Jesus, independentemente de nossas realizações e em face de nossos contínuos fracassos. O evangelho é uma grande troca: Jesus carrega todas as nossas falhas e é condenado para que pela fé possamos carregar sua justiça e sermos aceitos por Deus. Pela fé em Jesus, somos perdoados e adotados como filhos queridos de Deus, amados pelo Pai tanto quanto Jesus é amado pelo Pai. Nenhum sucesso poderia conferir este status a nós. Portanto, quando falhamos, não precisamos ser abalados em nosso âmago. O evangelho diz mais sobre nós do que nossas falhas. O veredicto que Deus declara sobre nós supera qualquer outro veredicto declarado sobre nós por nossas vozes ou as vozes de outras pessoas. Deus usa nossas falhas para nos livrar da justiça própria e nos apontar para Jesus, em quem encontramos a justiça que é suficiente para nossa confiança, valor e alegria inabaláveis. Em Cristo, o poder do amor salvador e justificador de Deus pode lavar a vergonha e a auto aversão por nosso pecado e fracasso.

Os ídolos de nossos corações

Em um artigo de 2016 no The Atlantic intitulado “O lado negro da busca pelo ouro”, os autores John Florio e Ouisie Shapiro detalham a depressão que muitos atletas experimentam após competir nas Olimpíadas. Muitos atletas olímpicos envolvem suas identidades na busca pela medalha de ouro. Os autores citam uma entrevista com o nadador Mark Spitz durante os Jogos de 1972, quando ele estava buscando sete medalhas de ouro. Spitz disse: “Se eu nadar seis e ganhar seis, serei um herói. Se eu nadar sete e ganhar seis, serei um fracasso.” Seu significado e importância dependiam de um registro perfeito. Ele estava preso ao seu desempenho. A maneira como definimos o fracasso, e os fracassos que mais tememos, revelam sobre o que estamos construindo nossa identidade. Eles mostram que estamos olhando para algo diferente do amor e aceitação de Deus, em Cristo, para dar legitimidade e propósito às nossas vidas.

Nossos medos também revelam o que valorizamos em nossos corações. O apóstolo Paulo testificou em Filipenses 3.8: “perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo”. O Senhor Jesus foi o prêmio final de Paulo. Jesus era a única coisa pela qual valia a pena perder todas as outras coisas. É por isso que Paulo poderia perder tudo e ainda se alegrar. Paulo priorizou seus amores da maneira certa, valorizando supremamente o que era supremamente valioso. Seu grande objetivo era conhecer, amar, servir e se tornar como Jesus. Este deve ser o maior esforço do coração humano. Desta forma, o sucesso definitivo é conhecer, amar, servir e se tornar como ele; não fazer isso é o fracasso definitivo. Então, quando o negócio fracassa, o relacionamento se desintegra ou seus planos de pai não funcionam, você pode lamentar o fracasso, mas não ficar arrasado por ele. A perda é dolorosa, mas as coisas que perdemos não são nosso prêmio e objetivo finais. Temos Cristo, o valor insuperável, a pérola de grande valor, e ele é o suficiente.

Anseio pela redenção final

Se estamos em Cristo, um futuro glorioso nos espera. Nossos pecados, sofrimento e, em última instância, morte são lembretes gritantes da realidade de nosso fracasso. Mas, no final, num piscar de olhos, seremos elevados para uma vida indestrutível e seremos livres da vergonha para sempre (1Co 15.42-56). Um dia seremos glorificados, finalmente livres do pecado, sofrimento, fracasso e fragilidade (Rm 8.18-23). Brilharemos como o sol no reino de nosso Pai (Mt 13.43) e governaremos e reinaremos com Cristo nos novos céus e nova terra (Rm 8.17). Alegria, beleza e perfeição sem fim nos aguardam. Mas hoje não é esse dia. Ainda falhamos, caímos e fazemos coisas feias, e todas elas nos lembram que ainda não somos aqueles no que um dia nos tornaremos. Se administrarmos a dor de nosso fracasso, um santo anseio por glória será despertado em nossos corações, o que alimentará uma maior fidelidade e paixão pelo reino de Deus por vir. No final, o fracasso vai falhar e nós reinaremos. Então, dizemos com o apóstolo João: “Amém! Ora vem, Senhor Jesus”!

Neste livro, Dave Harvey elucida o significado da palavra ambição, que é pré-concebida como negativa pela maioria das pessoas, e ensina que é possível o cristão desenvolver uma ambição piedosa, a fim de utilizá-la em favor da glória de Deus. Dessa forma, Dave exorta o leitor a desviar-se de ambições más, que buscam a glória do eu, e o incentiva a almejar uma ambição que agrada a Deus e anda lado a lado com a humildade.

Confira

 

Por: J.R. Vassar. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: When I Don’t Feel Successful.

Original: Quando não me sinto bem-sucedido. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.