Um blog do Ministério Fiel
Por que você provavelmente não precisa de um momento de solitude
Você sempre acreditou que deveria ter o que os evangélicos comumente chamam de “tempo de solitude”. Às vezes chamado de “devocionais diárias”, um momento de solitude geralmente consiste em leitura da Bíblia e oração. Além disso, o evento pode ser altamente individualizado em termos de tempo, duração, localização e conteúdo. Muitos acrescentam meditação nas Escrituras à sua leitura. Outros incluirão alguma forma de registro no diário. Alguns vão anexar uma breve leitura devocional de outro livro. Geralmente, o objetivo é alimentar a alma e ter comunhão com Deus.
Ultimamente, porém, seus hábitos devocionais enfraqueceram. À luz da luta diária, em particular você tem feito uma pequena análise espiritual do custo/benefício de toda essa iniciativa.
Relaxe. Por que se estressar com isso? Quem quer que sua vida espiritual seja uma luta? Deixe-me ajudá-lo a ver por que você provavelmente não precise, de qualquer maneira, de um momento de solitude.
Para começar, você está incrivelmente ocupado. Na verdade, você nunca esteve tão ocupado. Deus deu a você muitas responsabilidades e você tenta ser fiel a elas. Se você reservar um tempo para se encher de Bíblia e oração todos os dias, perderá um tempo valioso que poderia ser dedicado a outras tarefas importantes dadas por Deus.
Em segundo lugar, você não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Com tantas necessidades para atender e pessoas para ajudar, não seria um pouco egoísta ficar a sós com Deus e sacrificar o tempo que você poderia usar para ministrar aos outros? É verdade que até mesmo Jesus frequentemente se afastava de ensinar e ministrar às multidões que o buscavam, a fim de fortalecer sua alma em oração. Mas isso significa que ele é um exemplo para nós nisso?
Terceiro, você já é espiritualmente maduro. Pense em todos os livros e blogs cristãos que você leu em sua vida. Eles não tiraram tudo das Escrituras? Pense em quantos sermões e lições da Bíblia você já ouviu. Você ainda não atingiu um nível de maturidade espiritual em que as devoções diárias simplesmente repetem o material que você já conhece? Você acha que Deus espera que você medite em sua Palavra dia e noite?
Quarto, você não quer ser um imitador. Só porque os grandes heróis cristãos do passado tinham um compromisso regular com a oração e meditação nas Escrituras, não significa que você deveria ter. Afinal, você é ajudado por recursos que eles nunca tiveram. Você tem um smartphone e a Internet.
Quinto, você não quer se tornar legalista. Pensar que sua alma precisa se alimentar da Palavra de Deus e buscar comunhão com ele todos os dias seria quase o equivalente a dizer que seu corpo deveria se alimentar praticamente todos os dias. E quem iria querer cair na armadilha legalista de alimentar o corpo diariamente? A moderação é tão importante quando se trata das coisas de Deus, não é? Como Eclesiastes 7.16 avisa: “Não seja demasiadamente justo”.
Ainda sente remorso por uma vida devocional inconsistente? Não se preocupe; você sempre poderá começar de novo algum dia, quando a vida se tornar mais calma.
Convencido? Bem, antes de abandonar completamente o seu tempo devocional diário, você pode considerar algumas coisas.
Em primeiro lugar, dar prioridade ao tempo com Deus é uma marca da graça. É difícil discutir com Jonathan Edwards aqui:
“Um verdadeiro cristão… às vezes tem prazer em se retirar do meio de toda a humanidade, para conversar com Deus em lugares solitários…. A verdadeira religião dispõe as pessoas para ficarem sozinhas em lugares solitários, para meditação sagrada e oração…. É a natureza da verdadeira graça, que embora ame a sociedade cristã em seu lugar, ainda assim, de uma maneira peculiar, se deleita com o retiro e conversa secreta com Deus.”
Em seguida, Jesus é realmente o grande exemplo de piedade pessoal. Sim, você poderia servir mais aos outros se abandonasse sua vida devocional. Mas o mesmo poderia ser dito sobre o tempo que você passa comendo e dormindo. Você os descartaria para atender às necessidades das pessoas? Embora haja momentos para ministrar aos outros em vez de reabastecer sua alma ou corpo, como uma prática de longo prazo, isso não é sábio nem frutífero. Jesus poderia ter atendido literalmente todas as necessidades apresentadas a ele. Mas mesmo ele, às vezes, se afastava de multidões necessitadas para orar. Jesus é o nosso exemplo de todas as coisas boas, incluindo a prioridade do encontro com o pai.
Terceiro, mesmo próximo da morte, o apóstolo Paulo queria saturar sua alma nas Escrituras. Na última carta inspirada que escreveu, Paulo implorou a Timóteo: “Quando você vieres, traze […] os livros, especialmente os pergaminhos” (2Tm 4.13). Esses escritos quase certamente incluíam uma cópia do Antigo Testamento. Se um cristão tão espiritualmente maduro como o apóstolo Paulo exigisse o consumo regular das Escrituras até próximo à sua morte, ousamos pensar que “superamos” a necessidade disso?
Quarto, somos chamados a imitar os heróis espirituais. Em Hebreus 13.7, Deus nos ordena a lembrar, considerar e imitar os líderes cristãos do passado. Foi-nos dito: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.” O consenso dos gigantes espirituais da história cristã que testemunha a indispensabilidade da vida devocional de um crente não deve ser esquecido nem seu exemplo abandonado.
Quinto, hábitos devocionais corretamente motivados nunca são legalistas. Nem a mais estrita obediência à Palavra de Deus, nem a mais zelosa busca pela santidade são legalistas se os motivos de alguém forem corretos. A medida do legalismo não está na consistência das práticas devocionais de alguém, mas na razão do coração para praticá-las.
Finalmente, você provavelmente nunca estará menos ocupado. Se você não consegue encontrar tempo para se encontrar com Deus por meio da Bíblia e da oração agora, é muito improvável que você o faça quando – e se – a vida desacelerar.
Mudanças significativas em sua vida podem realmente ser necessárias. Mas pense: como menos tempo com Deus pode ser a resposta?