Um blog do Ministério Fiel
O direito de ser cristão
As revoluções morais exigem revoluções legais. Este é certamente o caso da revolução sexual e suas várias causas de liberação sexual. Uma revolução só se completa quando a estrutura jurídica se alinha com um novo entendimento moral. Esse alinhamento é exatamente o que está ocorrendo na vida pública americana na questão da libertação gay.
Cada sociedade tem uma estrutura de sistemas que influencia ou coage o comportamento. Eventualmente, as sociedades passam a legislar e regular o comportamento a fim de alinhar a sociedade com o que é comumente, ou pelo menos amplamente, considerado moralmente certo e errado. A civilização não poderia sobreviver sem um sistema de controles e influências morais.
Ao longo de quase toda a história ocidental, esse processo se desenrolou de uma forma não ameaçadora para a igreja cristã e os cristãos na sociedade em geral. Enquanto o julgamento moral da cultura coincidisse com as convicções e ensinos da igreja, a igreja e a cultura não estariam em desacordo nos tribunais. Além disso, sob essas condições, ser encontrado do lado errado de uma avaliação moral seria improvável para os cristãos.
Tudo isso começou a mudar na era moderna, à medida que a cultura se tornou mais secularizada e as sociedades ocidentais se distanciaram cada vez mais da moralidade cristã que haviam adotado no passado. Os cristãos desta geração reconhecem que não representamos a mesma estrutura moral agora amplamente apresentada na academia, na cultura criativa e na arena do direito. A secularização da vida pública e a separação da sociedade de suas raízes cristãs deixaram muitos americanos aparentemente inconscientes do fato de que as próprias crenças e ensinamentos pelos quais os cristãos são agora criticados já foram considerados não apenas crenças tradicionais, mas essenciais para todo o projeto de sociedade. À medida que a revolução sexual permeia a sociedade e as questões levantadas pelos esforços de libertação gay e legalização do casamento homossexual vêm à tona, os cristãos enfrentam uma série de desafios de liberdade religiosa que eram inconcebíveis nas gerações anteriores.
Em um dos casos mais importantes, um juiz concluiu que um fotógrafo de casamento violou a lei ao se recusar a participar de um casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em uma decisão extremamente reveladora, o tribunal afirmou que as liberdades religiosas do fotógrafo seriam de fato violadas pela participação forçada em um casamento gay. No entanto, o tribunal concluiu que a nova moralidade superou a preocupação com a liberdade religiosa.
Da mesma forma, vimos instituições religiosas, especialmente faculdades e escolas, sendo confrontadas por demandas que equivalem a uma rendição à revolução sexual no que diz respeito à não discriminação com base no sexo, comportamento sexual e orientação sexual. Em algumas jurisdições, os legisladores estão considerando uma legislação contra crimes de ódio que marginalizaria e criminalizaria o discurso que está em conflito com o novo consenso moral.
Agora enfrentamos um conflito inevitável de liberdades. Nesse contexto de mudança moral aguda e radical, o conflito de liberdades é excruciante, imenso e eminente. Nesse caso, o conflito de liberdades significa que o novo regime moral, com o respaldo dos tribunais e do Estado regulador, priorizará a liberdade erótica sobre a liberdade religiosa. Ao longo das últimas décadas, vimos essa revolução chegando. A liberdade erótica foi elevada como um direito mais fundamental do que a liberdade religiosa. A liberdade erótica agora marginaliza, subverte e neutraliza a liberdade religiosa – uma liberdade altamente valorizada pelos construtores desta nação e sua ordem constitucional. Devemos lembrar que os redatores da Constituição não acreditavam que estavam criando direitos, mas sim reconhecendo direitos dados a toda a humanidade pela “natureza e o Deus da natureza”.
O desafio da liberdade religiosa que agora enfrentamos consigna todo crente, toda instituição religiosa e toda congregação à arena de conflito onde a liberdade erótica e a liberdade religiosa agora se chocam. Isso não representa perigo para os liberais teológicos, suas igrejas e denominações, porque essas igrejas se acomodaram à nova moralidade e se sentem bastante confortáveis. Além disso, algumas dessas denominações e igrejas liberais se apresentam como defensoras da nova moralidade e, na verdade, defendem modificações legais que restringem os direitos de liberdade religiosa de igrejas e denominações mais conservadoras.
Curiosamente, Jonathan Rauch, um dos primeiros defensores do casamento gay, advertiu seus colegas revolucionários morais de que eles devem ter cuidado para não atropelar os direitos de consciência e a liberdade religiosa de seus adversários. Em seu livro, Inquisidores Gentis: Os Novos Ataques ao Livre Pensamento, Rauch expressou sua preocupação:
Hoje, temo que muitas pessoas ao meu lado na questão da igualdade gay estejam se esquecendo de nossa dívida para com o sistema que nos libertou. Alguns gays – não todos, nem mesmo a maioria, mas alguns – querem eliminar as visões discriminatórias. “Discriminação é discriminação e intolerância é intolerância”, dizem eles, “e são intoleráveis, independentemente de serem ou não a religião ou o credo moral de alguém”.
Rauch também declarou: “Espero que, quando gays – e não gays – encontrarem opiniões odiosas ou discriminatórias, não respondam tentando silenciá-las ou punindo-as, mas tentando corrigi-las.” Existem poucos sinais de que a advertência de Rauch esteja sendo ouvida. Uma revisão dos desafios da liberdade religiosa que já se confrontam com a consciência, a conduta e os direitos de crença dos cristãos convictos nos mostra como tudo isso é realmente assustador. Podemos ter certeza de que este não é o fim de nossa luta. Este é apenas o começo.