Consumido para servir

Texto base: Isaías 6.1-8

O que vem à nossa mente quando pensamos sobre Deus é a coisa mais importante sobre nós. Não existe nada mais importante, prático ou com mais poder para transformar nossa vida do que o conhecimento de Deus. A qualidade da nossa adoração e do nosso serviço está diretamente ligada ao tamanho de Deus em nossas mentes. Se esses pensamentos são pequenos, nossa adoração será fria, chata e sonolenta; contudo, se eles forem grandes, ela será cheia de expectativa, reverência e alegria.

O maior problema do ser humano é sua pequena visão de quem Deus é. O Deus definido pelo senso comum é, com frequência, diferente do Deus bíblico. Se esse é o nosso maior problema, então a nossa maior necessidade é ter uma visão de Deus expandida, ampliada, grandiosa, assim como teve Isaías. Se quisermos trocar o consumir pelo servir, precisamos primeiro ser consumidos pela santidade de Deus.

No versículo 1, Isaías diz quando teve sua visão. O rei Uzias reinou por 52 anos, foi um bom rei, e Deus abençoou Judá grandemente. Porém, no fim da vida, Uzias foi derrotado por um inimigo muito perigoso: o orgulho. 2Cr 26 relata que Uzias exaltou-se devido ao seu poder. Então Deus o feriu de morte. Os cinco primeiros capítulos de Isaías descrevem o estado da nação em meio a essa situação. Em sua visão, Isaías vê Deus assentado em um alto e sublime trono. Nosso mundo não está sem governo. Cada detalhe da história é guiado por aquele que está sentado em um alto e sublime trono. O rei Uzias é mortal; o Rei dos Reis, imortal.

No verso 2, Isaías vê anjos a quem ele chama de serafins. Porém, nem os anjos suportam a santidade de Deus sem cobrir o rosto em sinal de reverência. Eles cobrem o rosto e os pés, mas precisam abrir a boca em louvor a Deus. Eles clamavam: “Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos”. Por meio da repetição tripla, os anjos expressam que a santidade de Deus é infinita, infindável. Nem o céu dos céus pode conter Deus. Eles descrevem Deus como um ser isolado em uma categoria separada. Este é o conceito de santidade: separação. Deus é diferente no sentido mais profundo da palavra. Aliado a este conceito, há também a pureza de caráter. Dizer que Deus é santo é dizer que Deus é perfeitamente perfeito em suas perfeições.

No fim do versículo 3, eles declaram que toda a terra está cheia da glória do Senhor. Seja nas inúmeras belezas da criação, seja na sua imagem concedida ao ser humano, ela se manifesta por toda a terra. O que acontece em meio a este louvor? O verso 4 relata que a criação se move diante da presença do criador. Qual seria uma reação espiritualmente saudável diante de um Deus santo? O profeta exclama: “Ai de mim! Estou perdido”. Qual o motivo de tamanho desespero? Seus olhos impuros viram o Deus puro. Quase todos acham que são uma boa pessoa e que merecem ir para o céu. Contudo, essa opinião só dura enquanto não têm uma visão plena de Deus.

Ninguém que viu a Deus continua sendo a mesma pessoa. Jó, Daniel e o apóstolo Paulo são exemplos disso. O encontro com Deus é de uma enorme violência emocional. A experiência é traumática. Porém, este ´trauma é restaurador. Esta experiência precisa acontecer com cada pessoa. Primeiro precisamos ser humilhados pela santidade de Deus.

Quem jogou Isaías no chão? O próprio Deus. Ele esvaziou Isaías de toda esperança de justiça própria, para então enchê-lo com sua graça. Se essa foi ou tem sido sua experiência, alegre-se, pois Deus disciplina aqueles a quem ele ama. Quanto mais descemos ao pó, mais pura é nossa adoração e fiel, nosso serviço. Se vamos trocar o consumir pelo servir, precisamos vencer nossa carne. A humilhação é a preparação para a graça. Veja o versículo 6.

O serafim traz uma brasa viva retirada do altar é um símbolo da graça purificadora de Deus. Ela toca os lábios de Isaías, e sua iniquidade é perdoada. Nós trazemos pecado e miséria, e Deus, misericórdia e perdão. É isso que acontece quando a brasa viva do sangue de Cristo toca os lábios impuros do pecador. Todo pecado é perdoado. Deus usa sua própria santidade não para esmagar Isaías, mas para levantá-lo e para restaurá-lo.

Então ouvimos a voz do Senhor dos Exércitos pela primeira vez: “Quem enviarei?”. Após recebermos a segurança de que Deus nos deu sua graça, o desespero é substituído pelo desejo de servir ao Deus santo. Ele responde: “Eis-me aqui. Envia-me a mim”. Isaías então é enviado para pregar o julgamento do Senhor.  Deus não age injustamente. Ele tem misericórdia de quem ele quer.

Esse texto traz uma consequência ao nosso serviço: o resultado pertence a Deus. Isaías não define o destino de Israel, bem como não cabe a nós definir o destino de alguém. Não pare de servir por falta de reconhecimento ou de resultados. O seu serviço traz glória a Deus independentemente do resultado realizado pelo Senhor. Lembre-se que Deus é como um pai que responde nossas dúvidas mais sinceras. Como Isaías ao perguntar “Até quando?” (v. 11), devemos estar quebrantados diante da situação de perdição dos ímpios, bem como devemos nos lembrar das promessas de Deus, as quais permanecem tão seguras quanto o seu trono. Assim como Israel não seria completamente devastado pelo julgamento, porém seria preservado um remanescente, devemos ter esperança de que Deus salva. 

Quem Isaías viu? João 12.39-41 elucida a passagem. De quem foi a glória vista por Isaías? Jesus Cristo. Ele é o Rei assentado em seu alto e sublime trono. Ele é santo e soberano, ele julga e salva. Humilhe-se diante dele, para então disponibilizar-se para o serviço e, enfim, louvá-lo, assim como os serafins o fizeram. Assim você será transformado do consumir para o servir, pois o que pensamos a respeito de Deus é o mais importante sobre nós.