Discipulando rapazes

O que é discipulado? Na maioria das vezes em que usamos esse termo, descrevemos o ato de ajudar pessoas a seguir Jesus. Contudo, este não é o seu completo significado. Discipulado é o próprio ato de seguir Jesus, a resposta ao chamado de Jesus. Este chamado é muito forte no início do Evangelho, como o chamado aos primeiros discípulos, ainda pescadores ou coletores de impostos.

O Senhor Jesus se apresenta como uma autoridade máxima. Ele não se explica, apenas chama. O discipulado é o reconhecimento de que Jesus vale mais do que qualquer outra coisa. No nosso mundo há muitos convites que constantemente temos que avaliar se vale a pena pagar o preço de segui-los. Não é diferente com Jesus, o qual se mostra um tesouro infinitamente valioso, o bem supremo, o melhor que podemos ter.

O discipulado envolve confiança no ser de Cristo, bem como obediência a seus ensinamentos. Diferente das multidões que seguiam Jesus com interesse em seus milagres, não devemos rejeitar sua doutrina e sua pregação, tampouco abandoná-lo, como muitos fizeram naquele tempo. O compromisso com o Senhor Jesus não se separa do compromisso com seu ensino. Nós, como seus seguidores, temos a obrigação de ser moldados aos seus ensinamentos, não nos conformando com o novo século, mas tendo mentes renovadas. O mundanismo não está apenas lá fora, mas também em nossas mentes, por isso devemos moldá-las a Cristo. Não podemos seguir a Cristo da maneira que bem entendemos; o próprio Jesus fornece a maneira como segui-lo.

O ensino de Cristo diz que agora devemos servir às pessoas. Nossa vida neste mundo é dedicada a outros. Seguir a Jesus é colocar outras pessoas em um lugar de prioridade. 1 João 3.16 diz: “Nisto conhecemos o amor: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos”. Isto é discipulado: ao conhecer o Senhor e colocar-se à disposição, você não mais possui a primazia, mas o serviço ao Senhor.

Entretanto, devemos ir além. Em geral, quando falamos de discipulado, falamos do momento formal de discipulado, em dia e horário específico. Mas também precisamos atentar para o discipulado informal. Paulo, em 1 Coríntios 11.1 diz: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. Nessa epístola, Paulo responde a várias dúvidas que os irmãos de Corinto possuíam. Paulo, ao responder, além de citar vários princípios, ele coloca seu exemplo diante dos coríntios, os quais poderiam puxar pela memória seu proceder.

O discipulado informal talvez seja mais efetivo do que o formal. Em situações formais, corremos o risco de “vestir a roupa de crente”, agindo de forma diferente do cotidiano. Contudo, é no dia a dia que se revela o coração. Paulo apela para seu proceder diário como exemplo. Ele faz o mesmo já no fim da vida, em suas palavras a Timóteo, quando diz que este faça o mesmo que ele fez. Petrus Van Mastricht (1630-1706) define a teologia nos seguintes termos: “Teologia é vida com Deus em Jesus Cristo”. Nossa teologia precisa ser refletida em nossa vida. Discipule com sua vida. Gaste tempo com pessoas nas mais diversas atividades. Nós influenciamos as pessoas com o impacto que nelas causamos. Como você tem usado sua influência?

Corremos um imenso perigo ao achar que encontramos influência direta da Bíblia sem ter necessidade de modelos de vida cristã para imitarmos. Ninguém cresce sozinho. Busque boas influências cristãs para a sua vida. Se você quer ser um modelo para alguém, você precisa ter bons modelos. Temos a tendência de dar muita atenção para o que é cosmético, para o externo, sem nos importarmos com a essência da vida com Deus. Não é a beleza externa que fará diferença no fim das contas. O cosmético esconde a realidade. Quais são seus modelos de vida com Cristo? Pessoas com muito seguidores e atrativas? Ou pessoas que são fiéis seguidores de Cristo? Busque integridade e perseverança. Busque o exemplo dos senhores fiéis da sua igreja.

Consideremos alguns temas de discipulado. O discipulado informal deve ser intencional. Tenha assuntos para conversar em meio aos momentos. Converse sobre Deus, o maior e melhor assunto que há. Fale sobre seus atributos. Ame e tema o Senhor. Converse sobre santidade, sobre a Lei do Senhor. Toda vez que tratamos estes assuntos como algo chato, revelamos a incredulidade dos nossos corações. Traga a eternidade à tona. A maioria das pessoas tem consciência de que há vida após a morte, mas seus planos são inteiramente terrenos. Assim o Senhor, por meio de sofrimentos, lembra-nos de que somos passageiros, que há um novo céu e uma nova terra. Fale a respeito da igreja, sobre o que significa ser igreja. Por fim, tenha um pensamento correto sobre as mulheres. Não as trate como objeto de consumo. Considere-as como alvo do seu serviço e do seu amor. Ao escolher uma esposa, esteja disposto a morrer por ela. Ao cultivar esta mentalidade, verdadeiros homens de Deus serão formados.