Entre o inverno e o verão: ansiando pela fertilidade no ministério

Anos atrás, meu marido estava conversando com um pastor amigo, comparando histórias de ministério e pregação. Meu marido confessou que nossos anos em ministério pastoral têm sido difíceis desde o primeiro dia que chegamos em nossa igreja. O amigo pareceu relutante em admiti-lo, mas ele disse ao meu esposo que para ele todos os dias de ministério tinham sido agradáveis até então. “É como todo dia ser um dia de verão,” ele disse.

Lembro-me de como aquela declaração deixou meu marido perplexo. Seu amigo exalava entusiasmo e paixão por sua igreja, enquanto nós estávamos completamente exaustos e desgastados. Havíamos lutado por cerca de dez anos de ministério aparentemente infrutífero em um ambiente rural. Enfrentamos resistência a cada sussurro de mudança, esforçamos para conhecer as pessoas onde elas estivessem e estávamos desesperadamente solitários na maior parte daquele tempo. Se você fosse descrever nosso ministério sazonalmente, seria bastante narniano: “Sempre inverno, mas nunca Natal.”

Temos repetido aleatoreamente ao longo dos nossos anos de ministério a declaração de nosso amigo. Perguntamo-nos, “Quando será verão para nós?” Será sempre difícil? Algum dia o Senhor nos mostrará algum fruto de nosso trabalho?

Tenho passado muitos anos esperando pela chegada do verão, convencida de que nosso ministério seria sempre um longo e frio inverno. Mas Deus faz um bom trabalho no inverno e não desperdiçará nossas temporadas solitárias e frias de ministério. O que parece morto pode estar abrindo caminho para a vida. No escuro e no silêncio dos meses frios, as árvores e plantas ainda estão vivas. Eles não parecem vibrantes com vida, frutos ou folhagens, mas estão vivos – perseverando e se preparando para o que vem a seguir. Ministério é assim. As coisas podem parecer infrutíferas, mas isso não significa necessariamente que nenhum fruto esteja para nascer. Muito de nosso trabalho é silencioso, nos bastidores, sem ser visto por ninguém, exceto pelo Senhor. E é o Senhor quem está trabalhando entre nós e os membros de nossa igreja, cultivando vida e crescimento quando não podemos ver.

O inverno e o verão não são nossas únicas opções no ministério. Nem sempre é festa ou fome. Às vezes, estamos entre o solo não-cultivado e os frutos, nada vendo mas confiando em Deus para o crescimento. A primavera é a ponte entre a esterilidade e a colheita. Talvez o inverno esteja quase acabando, mas talvez você ainda não consiga ver o verão. Pode ser que você esteja no meio da primavera.

Tenho dois versículos escritos na contracapa da minha Bíblia. Eu os anotei ali num dia realmente difícil, anos atrás, para me lembrar do que é verdade sobre o ministério quando ele fica difícil. Às vezes, eu apenas leio as palavras repetidamente para não desistir. O primeiro versículo é Colossenses 4:17, que diz: “Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires.” Nossa primeira década de ministério foi como passar por quarenta invernos seguidos. Com os olhos turvos e o coração frio, durante aqueles anos muitas vezes esqueci que nossa vida no ministério não era apenas um trabalho que estava nos causando sofrimento. Foi um chamado do Senhor. Ele nos colocou em nossa igreja para um momento como este. Portanto, quer as coisas estivessem indo bem ou não para nós, os planos soberanos de Deus para nós e para nossa igreja não foram um erro. Deus tinha bons propósitos que os realizaria em seu bom tempo e em seus bons caminhos. Eu precisava manter meus olhos fixos na obra que ele nos deu, e precisava me lembrar que a perseverança era uma resposta obediente ao seu bom e difícil chamado.

O segundo versículo escrito na minha Bíblia é 1 Coríntios 15:58, em que se lê, “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” Se o primeiro versículo foi uma exortação para construir a força do meu caráter, o segundo foi um encorajamento para aumentar a força do meu coração. Somos pessoas frágeis e imperfeitas. Não podemos perseverar no ministério simplesmente vestindo um discurso rígido. Dependemos desesperadamente da ajuda e encorajamento do Senhor. Vivemos pela fé e pelo Espírito. Nós conseguimos manter nossa mão no arado do ministério quando nos lembramos de que ele nunca é em vão. Os invernos, primaveras, verões e outonos – cada temporada de ministério ao Senhor no serviço à sua igreja é valiosa para ele. Não estamos perdendo nosso tempo, mesmo quando o ministério parece infrutífero. Não sabemos o que o Senhor está fazendo nos bastidores mas podemos confiar que um dia ele produzirá o fruto que deseja.

Em doze anos de nosso invernoso ministério, senti uma mudança no ar. Nosso trabalho em nossa igreja parecia o mesmo de sempre, mas o Senhor começou a nos dar vislumbres de esperança de que ele estava trabalhando durante nossos anos de aparentes fracassos. Começamos a ver sinais de crescimento espiritual nos membros de nossa igreja, entusiasmo por servir a nossa comunidade, e um discipulado verdadeiro acontencendo. Ainda não estávamos florescendo, mas haviam brotos na árvore.

Estamos em nossa igreja há quinze anos e vejo o verão à distância. Claro, pode haver outro longo inverno em seu caminho, mas eu aprendi que no ministério cada temporada tem seu lugar. No outono, aprendi a morrer para meus sonhos de sucesso. No inverno, aprendi a sofrer e me apegar a Cristo. Na primavera, aprendi que não há vergonha na esperança. E se o Senhor nos levar ao verão, acredito que vou me alegrar e me preparar para o que vem pela frente. Se Deus não fizer isso, todavia eu sei que ele tem andado comigo em todas as temporadas até agora, e não vai me abandonar jamais.

Deus está em construção no seu ministério, irmãs. Continue plantando sementes, trabalhando no solo e orando para que o Senhor santifique seu povo e faça crescer seu reino. Você pode não conseguir ver os resultados nesta vida, mas quando estivermos com Cristo no céu, compartilharemos de sua glória e veremos tudo claramente. Nosso trabalho no ministério é um bom trabalho para o qual Deus nos chamou. Não é em vão e nem sempre será infrutífero. Mãos no arado, amigas. Talvez o verão esteja no horizonte, talvez não. Mas a primavera não é um lugar ruim para se estar.