Ouvir, amar, inculcar

Texto base: Deuteronômio 6.1-9

Um dos nossos papéis fundamentais na vida é viver para a glória de Deus. Mas como fazer isso no dia a dia e em coisas comuns, não apenas em um ministério específico? Como tornar este o nosso padrão?

O povo de Israel passou 430 anos no Egito. Após todo esse tempo, eles foram retirados daquela terra e foram chamados para um serviço, para adorar a Deus. Eles tinham um chamado claro e, portanto, precisavam ter uma convicção bastante clara. Foram chamados para uma caminhada até a Terra Prometida. Eles foram chamados para abençoar todas as famílias da Terra naquela geração. O instrumento pelo qual a próxima geração será abençoada é a instrução. Esse chamado à instrução é o chamado da graça. Este chamado perpetua-se: somos chamados para instruir e abençoar a geração atual.

O povo de Deus, que peregrinou no deserto por 40 anos e está prestes a entrar na Terra Prometida, agora escuta uma repetição de toda a Lei e de todos os preceitos de Deus. Eles precisavam ter um padrão bem definido antes de entrar em um local que possuía ímpios das mais variadas sortes. Eles deveriam estar preparados para se deparar com aquela realidade. O que esta passagem nos ensina?

Primeiro, a instrução de Deus não é uma teoria inaplicável (Dt 4.1). Essa Lei foi dada para ser ensinada e aprendida. Mas não só isso, ela também deveria ser cumprida. Não são meras ideias. A Lei foi dada debaixo de muita graça. A graça de Deus começou a atuar desde Gênesis. A Lei nos dá instruções a respeito de como viver para a glória de Deus: aprendendo, ensinando e cumprindo.

Segundo, a instrução aplicada ensina o temor (Dt 6.2). Essa Lei deve ser ensinada aos filhos para que o temor seja instalado em seus corações. A geração atual é responsável pela instrução da próxima. Os Dez Mandamentos são uma espécie de contrato entre Deus e seu povo, e os quatro primeiros mandamentos, que tratam do relacionamento do povo com Deus, têm um propósito: gerar temor em seu povo.

Terceiro, a instrução aplicada gera bênçãos (Dt 6.2c-3). O cumprimento dela traz consigo promessa de bênçãos. A Lei é maldição para o incrédulo, pois ele é condenado e julgado por sua transgressão. Para o crente, a Lei deve ser objeto de desejo e deleite (Sl 19). A Lei do Senhor é graciosa.

Quarto, a instrução fundamental é o Evangelho (6.4-5). Israel é convocado a conhecer o Deus da Bíblia, algo superior ao mero assentimento intelectual. Israel é chamado a amar ao SENHOR Deus, um envolvimento completo, de todo o coração, de toda a alma e de toda a força. Na Bíblia, o coração é o centro do ser. Estas palavras são repetidas por Jesus em Mateus 22.37, o qual adiciona “de todo o entendimento”. Não precisamos inventar algo a respeito de Deus, pois ele mesmo se apresenta.

Contudo, como praticar esta instrução? A partir do versículo 6 temos a resposta. Primeiro, temos uma obrigação amorosa: inculcar aos filhos (6.7), isto é, pregar o Evangelho dentro de casa. Isto deve partir primeiro do coração dos pais, para então os filhos serem alcançados. Não caia no erro dos fariseus, não seja hipócrita exigindo algo que não é capaz de cumprir ou que não agrada seu coração. Segundo, nosso amor deve ser refletido em todas as áreas de nossa vida. Essas palavras devem ser nosso estilo de vida, refletido em todas as horas da nossa vida. É o princípio da constância, seja através do ensino formal ou do informal. Terceiro, o Evangelho deve ser aplicado com integridade (6.8). As ações devem ser congruentes com os princípios aplicados ao coração. Elas devem ser evidentes em sua vida. Quarto, o Evangelho deve ser aplicado com abrangência comunitária (6.9). Escrever a Lei nos umbrais da casa não é colocar um quadro na parede com um versículo. É ter o valor da Palavra dentro de casa, e que não se restringe às paredes, mas que alcança toda a comunidade.

Jovem, você pode começar hoje mesmo. Honre seu pai e sua mãe, sejam eles crentes ou não. Comece a servir dentro do seu lar. E não se isole nas suas amizades e relacionamentos. O livro de Deuteronômio ensina a ouvir, a amar e a inculcar: busque a palavra de Deus com seu coração (4.7). Busque a Deus de todo o coração e em todo o tempo (4.29-31). Seja reflexivo (4.39). Não tente fazer isto na sua própria força (5.29). Receba a disciplina do Senhor (8.1-5). Entenda que toda boa dádiva e dom vêm de Deus (8.17; 9.4).

Por fim, entenda o que o Senhor requer de você. Deuteronômio 10.12-13 dá a resposta: “Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem?”.