Um blog do Ministério Fiel
Príncipe da Paz
Este artigo faz parte da série O Messias Prometido.
Imagine o país que você tanto amava agora dividido, destruído, invadido por lideranças corruptas, ameaçado por grandes potências internacionais e, aparentemente, à beira do colapso. Imagine os melhores líderes da nação paralisados por seu mau caráter, indecisão e alianças internacionais imprudentes. As condições políticas e culturais na Jerusalém do século VIII a.C. foram moldadas por essas preocupações sombrias e forneceram o pano de fundo imediato para a profecia de Isaías 9.6-7. O reino do Norte de Israel se voltou contra seu irmão do Sul, Judá, através de uma coalizão imprudente com a Síria e que levaria à destruição dos seus partidos pelas mãos do exército assírio. Judá ficou sozinho e suas perspectivas de sobrevivência diminuíam.
Nessa terrível situação, Isaías profetiza sobre a esperança a respeito de uma criança que nasceria no reino e que traria a restauração para a nação e para o mundo.
A passagem começa assegurando ao povo do Sul que o reino do Norte será incluído na restauração do exílio (9.1). A restauração vindoura incluirá todos os filhos de Israel, até mesmo as tribos do reino rebelde do Norte (ver Ez 37.16–17). Mesmo para o Norte e sua capital, Samaria, a escuridão do exílio um dia terminará e o nascer do sol da restauração e o novo rei aparecerão. O evangelho de Mateus mostra como a restauração do reino vem através do ministério de Jesus Cristo (Mt 4.12–16). Ele é a luz que brilha na escuridão.
Do ponto de vista de Isaías, é importante mencionar que esta restauração vindoura irá reunificar os dois reinos de Israel sob a liderança de um rei da linhagem de Davi (ver 2 Sm 7.14). O nascimento da criança marcará o fim do sofrimento no exílio. A criança em Isaías 9 é o novo rei que inaugurará o período de restauração para o povo de Deus após os longos anos de exílio.
Isaías 9.1–7 evoca uma cerimônia de coroação na qual os títulos reais são lidos em voz alta diante de uma audiência de súditos e dignitários. Nesse caso, cada título representa as características superlativas do novo regente que o servirão ao estabelecer seu futuro reino como a luz que substituirá as trevas do exílio vindouro.
Maravilhoso Conselheiro. O significado deste título pode parecer obscuro para o público moderno. Um conselheiro, neste caso, envolve um mestre da sabedoria e seus ensinamentos. Este sábio conselheiro teria servido na corte do rei, que por sua vez governava como o chefe do judiciário para o país. O rei da restauração, no entanto, se sobressairá em todas as áreas de sabedoria, assim como Salomão na antiguidade, e ele mesmo será um conselheiro de proporções milagrosas, cujo conselho é acompanhado pela realização de sinais (Mt 12.42; Lc 11.31; 1Co 1.24). Assim, ele resolverá o problema da pobre liderança de outrora (Is 3.3).
Deus Forte. Este título indica que o rei será identificado com o soberano divino de quem sua autoridade deriva. Este rei não será como o primeiro rei de Israel, Saul, que era “pequeno aos próprios olhos” (1Sm 15.17), uma insegurança que o levou a conduzir a nação para seus próprios fins e não para os fins do Senhor. O rei da restauração será identificado com o rei divino soberano de quem ele, e todos os outros poderes mundanos, recebe sua autoridade na terra (Mt 28.18).
Pai da Eternidade. Este título envolve outra característica do trono: o rei como o pai da nação. Os cristãos se lembrarão de que a paternidade de Deus é o tema principal da oração que Jesus ensina aos Seus discípulos (Mt 6.9). Na oração, o crente é encorajado a olhar para Deus como um Pai, cujo reino virá e cuja vontade real deve ser feita tanto na esfera terrena como na celestial. Em Isaías 9, a linguagem do “pai” não significa tanto a intimidade, mas sim a reverência com que se olha para o rei (Jo 10.30; 14.9–10).
Príncipe da Paz. Este último título se refere à abundância e integridade do reino da restauração que está por vir. O título “príncipe” não é necessariamente um título de menor autoridade no governo do que “rei”, mas inclui um grupo maior de oficiais governantes. O filho de Davi não apenas será rei, mas também um governante que inaugura um período de shalom — paz — de bem-estar e integridade da comunidade para o reino. A justiça será feita. Os pobres e oprimidos terão descanso e cada um viverá de maneira plena e total conforme as vocações ordenadas por Deus (Jo 17. 20–23; Gl 3.27–29; Fp 1.6).
Para o profeta Isaías, a certeza desse reino de restauração e de seu rei foram um grande motivo de esperança e celebração. Seus tempos eram sombrios e eles se tornariam ainda mais sombrios, mas o Senhor, em seu “zelo” (Is 9.7) não permitiria que as trevas durassem para sempre. Temos muito em comum com o público de Isaías. Quanto mais tempo Deus parecia ausente nas realidades sombrias do exílio, mais audaciosa era a proclamação de que o rei da restauração estava chegando. Nossa afirmação de que o Rei está voltando também é algo ousado, e nós sabemos a respeito de qual rei Isaías estava falando. Nós o conhecemos. Ele está voltando para nós e seu retorno será glorioso.