Bem-aventurados os injuriados

Este artigo faz parte da série As bem-aventuranças.

O rosto do professor estava contorcido de raiva enquanto ele gritava e balançava um punhado de papel rasgado na minha cara. Ele me acusou de assediar e atacar estudantes universitários. Que ato grave eu cometi? Eu tinha colocado corretamente em um quadro de avisos um comunicado aprovado, anunciando um evangelismo em todo o campus, o qual meu ministério estudantil estava patrocinando. Fiquei atordoado. Eu nunca tinha sido alvo de acusações tão duras.

No começo, eu queria me esconder. Então me lembrei de que a contenda desse homem não era, em última análise, comigo, mas com Cristo. Ao me afastar, senti uma leve alegria porque, de uma forma muito pequena, fui capaz de me regozijar em sofrer por causa daquele que sofreu por mim. A última bem-aventurança de Jesus nos diz que, embora ser injuriado seja uma parte difícil da vida dos fiéis, é também motivo de grande alegria.

Há uma sutil mudança de foco nesta última bem-aventurança. Todas as bem-aventuranças anteriores foram dirigidas a pessoas com certas características: bem-aventurados os pobres de espírito, os mansos ou os pacificadores. Mas esta bem-aventurança final muda para a segunda pessoa: “Bem-aventurados sois”. Jesus agora está dizendo a seus seguidores que isso é o que vai acontecer conosco. Seremos insultados. Seremos perseguidos. Teremos todo tipo de falsidade falada contra nós. Seremos agredidos verbalmente, abordados fisicamente e difamados por causa de Cristo. E quando isso acontece, somos abençoados.

Ser injuriado, perseguido ou falsamente acusado pode não parecer um caminho para a bênção, mas há pelo menos três motivos para nos alegrarmos quando somos perseguidos. Primeiro, devemos nos alegrar porque temos o privilégio de participar dos sofrimentos de Cristo. “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15.18-19). Se somos injuriados por causa de Cristo, então regozijemos porque é um sinal de que estamos em Cristo.

Em segundo lugar, alegremos porque suportar fielmente a perseguição nos dá motivo para sermos contados entre os heróis da fé que nos precederam. Jesus lembra a seus discípulos que eles não são os primeiros a suportar a perseguição: “assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós” (Mt 5.12). Não apenas partilhamos com aqueles que estão em Cristo, mas também somos contados, de alguma forma, com todo o grupo de santos que suportaram perseguição por causa de Cristo. Quando somos insultados por proclamar a verdade de Deus, somos contados dentre esse nobre grupo. Nossa perspectiva muda quando olhamos para a vida daqueles que resistiram fielmente. Podemos abrir mão da “leve e momentânea tribulação” em troca de um “eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2 Co 4.17). Podemos nos alegrar porque a injúria do homem se torna o louvor de Cristo. A desonra se torna glória. A reprovação se torna uma bênção.

Terceiro, podemos nos alegrar porque, ao sermos injuriados, foi-nos prometida uma grande recompensa no céu. Os detalhes dessa recompensa não são totalmente revelados, mas podemos ter certeza de que Deus sabe como dar boas dádivas (Mt 7.11). Embora possamos receber algumas bênçãos da graça de Deus nesta vida,  é-nos dito que, em última análise, devemos olhar para o céu em busca de nossa recompensa. E devemos confiar que as recompensas de Deus ultrapassarão em muito a perseguição que suportamos aqui.

Por: Donny Friederichsen. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: Blessed Are the Reviled.

Original: Bem-aventurados os injuriados. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Melanie de Bessa. Revisão: Pedro Henrique Lima de Oliveira.