Não troque seu filho por um pet

“Não mais se pensa que filho é a única possibilidade de felicidade para o casal” — ressalta a psicóloga Cássia Alves em matéria da BBC News.

Já não é de hoje que notícias como essa aparecem. Na verdade, nem precisaríamos delas, pois provavelmente você já deve ter ouvido alguém chamando seu pet de “filho” ou tratando-os como gente.

Se antes vivenciávamos aqueles grandes encontros familiares, com muita comida, barulho (principalmente de crianças correndo), diversidade geracional (avós, pais, filhos e netos), discussões e risadas, hoje isso quase já não mais existe e a tendência é piorar. O espaço do sofá que era disputado pelos primos e sobrinhos, agora é disputado por um animal de estimação. E nem pense em tirar o animalzinho de seu lugar, não cometa essa ofensa!

Parece que o ataque à família, tão antigo quanto à serpente do Éden, tem colhido seus frutos em tempos modernos. Se na história a família foi atacada por ser a “família burguesa” impedindo uma melhor distribuição de renda à classe trabalhadora (Marx e Engels), agora já se fala em “famílias multiespécies”, onde animais substituem os filhos, pois estes atrapalham a liberdade dos pais. Mas sabemos que a preferência pelos pets só reflete valores de uma sociedade “animalizada”.  A “animalização do homem” (termo que não é meu) nada mais é que homens vivendo pelo prazer das necessidades mais básicas, sexo e comida. Estes darão pouco valor à vida, ao florescimento humano, sacrifício, transcendência etc.

“O cão é o melhor amigo do homem” porque o “amor amizade” é menos sensorial entre os amores, sendo assim é melhor ter o pet como amigo realizando todas as suas vontades do que se doar constantemente por seres humanos que você não controla. Esta é a crise do amor, confundimos o “amor afeto” por “amor amizade”. O primeiro pertence aos animais e o segundo, aos homens.

Mas o cristianismo nos oferece outras lentes para enxergamos o valor dos filhos.

  1. Há uma ordem criacional dada por Deus para multiplicarmos e enchermos a terra (Gn 1.28). Devemos sondar nossos corações das motivações que temos para evitar esse processo. Muitas vezes são motivações pecaminosas.
  2. Um dos propósitos do casamento é produzir uma “semente piedosa”, ou seja, filhos (Ml 2.15). Por pior que seja este mundo somos instados ao nosso dever de criar os filhos na instrução do Senhor.
  3. Devemos recepcionar crianças em nossas vidas a exemplo de Cristo “— Deixem que os pequeninos venham a mim; não os impeçam…” (Mc 10.14). “Não os impeçam” tem implicações para fertilidade, criação de filhos, igrejas locais etc.
  4. Filhos são bençãos do Senhor. Deus é aquele que “edifica a casa” (Sl 127.1) e nos garante a posteridade – “filhos dos seus filhos” (Sl 128.6).
  5. Os filhos nos trazem proteção – “Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando enfrentar os seus inimigos no tribunal” (Sl 127.5). No contexto desse salmo os filhos seriam os guerreiros de sua casa protegendo seus pais de inimigos. Pais sem filhos tem maior possibilidade de vivenciar a velhice solitários.
  6. “Liberdade” na bíblia não significa somente “ser livre de”, mas “ser livre para”. Nossa liberdade cumpre seu propósito na medida em que servimos – “usem a liberdade para […] serem servos uns dos outros” (Gl 5.13). Ter filhos é uma das maiores oportunidade que temos de usar devidamente nossa liberdade servil.
  7. Jesus certa vez olhou para os pardais e os comparou com seus discípulos. Lembre-se do que ele disse: “Vocês valem bem mais do que muitos pardais” (Lc 12.7).

Jamais dê mais valor a um pet, seja ele qual for, do que a um ser humano – especialmente filhos!