Pinguins gays?

Na semana passada, diversos sites de notícia divulgaram a nova manchete: um novo casal de pinguins gays – Sphen e Magic. Esse “casal” vive no Sea Life Sydney Aquarium, na Austrália (estive lá anos atrás). Basicamente, as reportagens dizem que eles estão juntos há três anos em uma linda história de amor. Anteriormente, os pinguins tinham usado uma pedra no formato de um ovo e tentado chocar até que a cuidadora dos pinguins decidiu dar a eles um ovo de verdade. Eles chocaram o ovo por sessenta dias e passaram a cuidar da filhote Lara. Outras notícias já divulgaram o “amor homoafetivo” entre outros animais no passado.

Fica evidente que a motivação por trás de notícias como esta é formar o imaginário social das pessoas. Imaginários sociais são metáforas ou narrativas que doutrinam indiretamente. Através da linguagem, de imagens e de práticas, a sociedade é doutrinada, recebendo novas crenças que impactam diretamente as formas como as pessoas imaginam sua existência social (TAYLOR, 2007). Portanto, ao olharmos para o amor homoafetivo dos pinguins, pessoas serão levadas a pensar que isso é natural. Dizem: “Devemos aprender com os animais e com a natureza sobre a beleza do amor”.

Mas, se os animais são os exemplos para a nossa sexualidade, podemos fazer algumas perguntas sinceras: E se, na verdade, Sphen e Magic são amigos e não parceiros sexuais? Quem pode provar o contrário? E se eles estão nada mais nada menos que demonstrando o cuidado paternal e a liderança masculina no cuidado da prole? Quem pode provar o desejo sexual entre eles? Devemos realmente imitar a necessidade sexual de um cachorro, por exemplo, ao cruzar com inúmeras cadelas que ele encontra por aí? Isso nos serviria como exemplo também? Vamos aprovar o adultério e poligamia?

O que dizer de outros animais que matam uns aos outros (inclusive membros de sua própria família) para alimento ou proteção? Vamos validar o homicídio entre os humanos por “aprendermos” isso com os animais? Isso também não é natural no mundo animal? Aprender com os animais acerca do comportamento humano é reduzir o humano ao bicho – reduzir humanos a seres amorais e irracionais.

O Evangelho nos oferece uma outra narrativa que deve formar nosso imaginário social quanto à sexualidade. Aprendemos na Bíblia a grande narrativa que pode ser resumida em quatro pontos: Criação, Queda, Redenção e Consumação. Na Criação, aprendemos o ideal divino para a sexualidade humana. Na Queda, vemos o efeito do pecado na sexualidade e suas distorções (detalhe: não podemos usar como exemplo a sexualidade caída e defini-la como padrão e natural!). Na Redenção, Cristo por seu sacrifício nos perdoa, transforma e reorienta nossas vidas ao padrão divino criacional. Na Consumação, desfrutaremos do ideal divino para a criação, porém sem pecado.

Na Criação lemos que Deus criou macho e fêmea, dois sexos distintos e complementares. Deus não nos criou anjos nem animais. Tratar a sexualidade como anjos é negá-la completamente e deixar de usufruir dela como dádiva à humanidade. Tratar a sexualidade como animais é reduzi-la de seus propósitos e deturpá-la em seu uso. Animais usam do sexo SOMENTE para necessidades físicas, somente para consumo; mas a cosmovisão sexual diz muito mais acerca do sexo. Sexo na bíblia é sacrifício, doação e não autogratificação. Não há nada mais animal do que tratar o sexo como instrumento pessoal de poder e prazer.

Lembremo-nos sempre que a família criada e projeta por Deus no padrão da criação (homem e mulher) aponta para além de si mesma e para além da natureza, para o “tim-tim” das taças, uma festa de casamento em Cristo e sua Igreja (Ap 19.6-9). Qualquer outro modelo ou arranjo familiar, portanto, distorcerá o propósito de sua existência.

Não olhe para os animais em busca de direcionamento da sexualidade. Olhe para a verdadeira narrativa em que nos encontramos – a narrativa bíblica. Ela nos oferece a melhor lente de ler esse mundo e nos oferece uma verdadeira esperança no porvir.