Comer não é somente prazer

Comer também é uma necessidade

Comer não é somente prazer

Comer é um dos grandes prazeres da vida. Mas comer não é somente prazer. Na verdade, comer é uma necessidade diária de todo ser humano, o que nos mostra a nossa incapacidade de sermos autossuficientes. Dependemos de alimento para viver. Todos os dias precisamos comer. Comemos quando nos unimos a outras pessoas em reuniões de todo tipo. Celebramos com comida. Os alimentos fazem parte de nossa vida e estão relacionados com quem nós somos. As escolhas alimentares são moldadas pela cultura em que estamos inseridos, pelo nível de informação nutricional que possuímos, pelas condições da nossa saúde, pelo gosto pessoal, pelas posições sociais e religiosas, mas também pelas emoções. 

Se você é mulher sabe bem do que eu estou falando, não é mesmo? Todo mês, próximo ao período menstrual, vem aquela vontade grande de comer doces. Muitas vezes, quando estamos tristes pensamos em um sorvetinho para nos animar. Existem algumas bebidas que são relacionadas a grandes alegrias, a comemorações. No que diz respeito aos homens, quando a programação é com um grupo de amigos, vem logo a ideia de pedir uma pizza. Nunca ouvi nenhum grupo de homens animados para sair e comer salada verde. E, depois de tudo isso, vem aquele pensamento: “Ah, não! Exagerei de novo! Segunda-feira preciso começar a dieta!”

Quem nunca passou por algo parecido? Vivemos uma relação de amor e ódio com a comida. Mas será que Deus tem algo a nos dizer sobre tudo isso? Certamente!

Deus criou o ser humano e projetou cada detalhe com um propósito. Foi Ele quem nos fez dependentes de alimento. Foi ele quem programou o que poderia ser comido e o que não poderia ser comido. Vemos isso claramente na lei dada por Deus a Moisés, no Antigo Testamento. Deus instruiu o seu povo em relação à alimentação. Isso porque ele se importa com a sua criação, e a alimentação não é algo trivial sem implicação em outras áreas da vida.

Deus criou o ser humano para ser a sua representação visível aqui na Terra. Os animais precisam se alimentar também, mas suas escolhas são mais instintivas, sem consciência e não têm implicações em relacionamentos, como no caso do ser humano. Fomos criados para glorificar a Deus. Esse propósito deve ser buscado de forma consciente, e a Bíblia nos instrui que “se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10.31).

Esse trecho bíblico vai além do falar sobre comida e bebida, eu sei. Esse texto é um direcionamento para que tudo em nossa vida seja feito para a glória de Deus. Mas dentro dessa ideia, é a vontade de Deus que nossas escolhas alimentares, e tudo o que se relaciona com o comer, sejam feitas para a glória dele. Por isso, em sua Palavra escrita, Deus incluiu uma série de princípios e mandamentos que envolvem alimentação.

A alimentação está diretamente ligada com outros assuntos presentes em nossa cultura atual. Como já mencionei, nossos relacionamentos estão ligados à alimentação. Mas também nossas crenças e desejos sobre imagem corporal impactam nossas escolhas alimentares.

Quero começar contando para você que meu relacionamento com a comida sempre foi desafiador. Quando eu tinha em torno de sete ou oito anos, eu era gordinha. Eu também era muito tímida e reservada. Era alvo de algumas brincadeiras de mau gosto, mas nada que me incomodasse muito. Porém, quando a adolescência chegou, estar acima do peso começou a me incomodar profundamente. Eu queria ser uma daquelas meninas lindas e magras pelas quais todos os meninos se interessavam. Sempre fui bastante determinada, então, eu consegui o que queria. Eu emagreci e me tornei bastante popular. Mas a felicidade que eu acreditava que acompanharia a magreza, nunca apareceu. Pelo contrário, ser magra e popular me causou muitos problemas.

Não estou dizendo que ser magra é um problema. Mas estou dizendo que a felicidade não vem do tamanho do seu manequim. Na verdade, a felicidade não vem das realizações pessoais neste mundo caído. Elas podem até dar uma satisfação imediata, mas isso passa muito rápido e logo em seguida já sentimos um vazio por dentro. 

Na minha adolescência, quando me tornei magra e popular, eu não tinha sido salva por Cristo ainda. Só me converti aos 30 anos de idade. Passei a adolescência e a juventude sempre lutando para manter a forma perfeita. Aos vinte e poucos anos, tive transtornos alimentares. Eles não tinham a ver apenas com a comida, mas com a fome da minha alma. Eu buscava algo para tapar o buraco no meu coração. Comia grandes quantidades de doces porque me davam alguma satisfação. Depois vinha o arrependimento e eu ia praticar atividade física ou tomar remédios para me livrar de tudo aquilo. Esse ciclo durou vários anos. Na verdade, ainda hoje luto com algumas questões em meu coração, mas tenho crescido e aprendido muito com a Palavra de Deus.

Hoje tenho algumas alergias alimentares, mas Deus tem usado essas limitações para me ensinar sobre desejos e crenças em meu coração, assim como depender dele em tudo. Deus tem me ensinado que a batalha será sempre entre ser grata pela provisão que ele dá e ter autocontrole para usufruir disso. Esses são os dois extremos da alimentação, que revelam a “condição nutricional” de nosso coração. Corações bem nutridos com a verdade de Deus são gratos por tudo o que ele coloca na mesa e conseguem ter o prazer de comer sem cair em glutonaria. 

O alvo é ter prazer com a comida e com os relacionamentos ao redor dela. Mas que isso esteja sempre subjugado pelo imenso prazer de uma alma bem alimentada pela graça de Deus.

Por: Larissa Ferraro. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Editor e revisor: Renata Gandolfo.