Um blog do Ministério Fiel
O que é abuso espiritual?
Desmascarando o abuso espiritual
O trecho abaixo foi extraído com permissão do livro Desmascarando o abuso, de Darby A. Strickland, Editora Fiel
Desmascarando o abuso espiritual
Visto que, com o lado e com o ombro, dais empurrões e, com os chifres, impelis as fracas até as espalhardes fora, eu livrarei as minhas ovelhas, para que já não sirvam de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas. Ezequiel 34.21–22
Quando perguntei a Bete como José, seu marido, orava por ela, ela compartilhou o exemplo mais recente que havia ocorrido. “Na semana passada, ele orou por mim e pediu que Deus me ajudasse a não ser tão egoísta e gananciosa e que Jesus me livrasse dos males que me atormentam. Ele pediu que Deus velasse por mim, já que não sou confiável”. Em meio às lágrimas, ela continuou a descrever sua oração. “Ele disse que a minha incapacidade de me controlar significa que eu odeio Deus e que Deus seria justo se me expulsas- se do seu reino”. Bete continuou a explicar que José havia usado Mateus 6.24 para orar: “Ninguém pode servir a dois senhores; por- que ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”. E, se aquilo não era ruim o suficiente, ela terminou dizendo: “Ele clamou que Deus lhe concedesse a capacidade de tolerar aquilo que Deus mesmo quase não tolera”.
Por que o marido de Bete, um presbítero em sua igreja, orou dessa maneira? Depois de alguma investigação, descobri que aquela tinha sido a reação dele ao fato de Bete, ao fazer as compras de mantimentos para sua família de nove pessoas, ter gastado seis reais além do orça- mento do mês.
Depois de anos ouvindo a Escritura ser usada daquele modo contra ela em oração, Bete mal conseguia abrir sua Bíblia sem acreditar que Deus a estava condenando — exatamente como seu marido insinuava. Ela estava devastada por conta disso. Orar se tornara quase impossível para ela. Pior ainda, ela começou a confundir as palavras de seu abusador com o que Deus dizia sobre ela. Ela passou a acreditar que era indigna do Senhor e de seu cuidado.
O que é abuso espiritual?
O abuso espiritual ocorre quando um opressor estabelece controle e dominação usando como armas as Escrituras, a doutrina ou seu “papel de liderança”. Essa forma de abuso pode ser sutil, pois pode se mascarar como prática religiosa. Se um marido exibe liderança controladora sobre sua esposa, reforça seu poder sobre ela, exige submissão dela ou usa as Escrituras em sua vida diária ou seus conflitos de maneira a envergonhá-la e puni-la, esses são sinais de abuso espiritual. Quando um abusador espiritual distorce a Escritura e a usa para atacar, seu abuso pode parecer como se viesse do próprio Deus. Mesmo que ele esteja usando as Escrituras fora de contexto, distorcendo-as e transformando-as em armas, o opressor está usando as palavras de Deus; então, pode parecer que Deus é o autor da vergonha.
O abuso espiritual é um primo próximo do abuso emocional — apesar de ferir mais profundamente, pois muitas vezes deixa as vítimas isoladas de Deus. Por usar Deus e sua Palavra para dominar e repreender, pode ser difícil para as vítimas separarem o abuso de sua compreensão de quem Deus é ou de como ele as vê. No entanto, quando os maridos usam a Escritura para controlar e criticar, eles o fazem de maneira diametralmente oposta ao que Deus pretende. Efésios 5 diz que os maridos devem usar as Escrituras de uma forma santificadora que remova a vergonha:
Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. (v. 25–27)
Um marido deve aproximar sua esposa da Palavra de uma forma que a ajude a saber que ela é cuidada por Jesus como sua resplandecente noiva — alguém que ele ama e por quem se sacrifica.
Quando os opressores usam ensinamentos religiosos para constranger as vítimas e destacar seu fracasso e culpa, eles lhes arrancam o conhecimento de como o sacrifício de Jesus as torna dignas e une-as a ele. Pessoas que são degradadas por ensinos cruéis são deixadas sem esperança ou graça. Elas passam a acreditar que não têm valor, porque o foco de seus opressores permanece nelas e não no que Jesus fez. Isso provoca todo tipo de distorção sobre quem é Deus e quem elas são diante dele.