Um blog do Ministério Fiel
As parábolas do tesouro no campo e da pérola de grande valor
O reino de Deus é como um tesouro para você?
As parábolas do tesouro no campo e da pérola de grande valor são as mais simples e, sem dúvida, as suas mais curtas, e ainda assim a contundência excede em muito a quantidade de palavras. Porque provaram ser tão memoráveis? Porque fazem uso da imaginação que Deus nos deu. Você não precisa de uma especialização avançada em teologia para entender o que está acontecendo aqui. Pelo contrário, se você alguma vez procurou por Nárnia no seu quintal, ou varreu a poeira de um canto abandonado em seu sótão na esperança de descobrir uma antiguidade há muito tempo perdida, ou simplesmente pensou: “Será que há uma forma melhor de fazermos isso?” Então você está bem equipado para ouvir o que Jesus tem a dizer. Jesus quer que nossas mentes se perguntem, “o que eu faria se encontrasse o impossível?” Então Ele nos lembra que já o encontramos: o reino dos céus.
Essas parábolas são tão envolventes porque todos nós já experienciamos “a procura”. Talvez de uma herança perdida, ou uma forma de pagar a faculdade, ou aquela ilusória xícara perfeita de café, mas você sabe o que é procurar. A experiência humana universal da procura e descoberta fornece o contexto e ponto de partida metafórico para essas duas parábolas. Agora imagine que a sua busca terminou em uma descoberta gloriosa e transformadora, pois felizmente essas parábolas não projetam um mundo no qual a busca de alguém se prova infrutífera. Muito pelo contrário, a descoberta é inesperadamente gloriosa. Isso é o que Jesus está nos chamando a imaginar e a considerar aqui: O que você faria se a sua procura terminasse em uma descoberta verdadeiramente importante?
Essa pergunta nos leva ao ponto central dessas parábolas. Ainda que o contexto metafórico seja a procura e a descoberta surpreendente, a principal ênfase na verdade se encontra no custo. Considere a parábola do tesouro. A possibilidade de encontrar um tesouro enterrado em um campo era rara, mas não inteiramente impensável no Mundo Antigo. Dada a inexistência de cofres e sistemas de alarme, o lugar mais seguro para um bem precioso pode ser “debaixo do colchão.” Jesus, no entanto, não está tão interessado nos detalhes. Sua preocupação e ênfase estão no preço que o nosso descobridor do tesouro está disposto a pagar. E o ponto de Jesus aqui é tão impressionante quanto direto. Custa tudo ao homem para obter o tesouro e ele nem faz uma pausa para fazer as contas. Age no impulso, movido e motivado pela energia de sua “alegria” (Mt. 13:44). A beleza e glória do reino são tais que alguém que o encontra e sabe o que encontrou reage por alegria instintiva, sacrificando tudo, e contando tudo como se não fosse perda, a fim de obter o impossível.
A parábola da pérola de grande valor é ainda mais surpreendente e desafiadora nesse quesito. Superficialmente, pode parecer que não há muito acontecendo na segunda parábola que já não tenha sido afirmado de forma mais clara na primeira. Em ambas, quem procura vende tudo o que tem para ganhar o prêmio, mas parece haver uma pequena virada na parábola da pérola. Há uma irracionalidade na ação do mercador que requer consideração. O mercador não vende tudo a fim de obter algo de maior valor, como na parábola anterior. Pelo contrário, o mercador vende tudo —incluindo (presumivelmente) seu inventário de pérolas existente— para comprar uma única pérola. Isso simplesmente não é um bom negócio. Suas ações demonstram que ele não está no negócio de pérolas pelo dinheiro; está nisso pelas pérolas e agora encontrou “A Pérola”. Ele não é realmente um mercador, mas um colecionador de pérolas e possuir essa pérola é possuir a única pérola que tem importância. Porque o mercador vendeu tudo (até a sua casa?) para se tornar o dono de uma única pérola? Pelo amor dessa pérola. Novamente, pela alegria. Essa é a virada da segunda parábola; ironicamente, o mercador aparentemente é menos motivado financeiramente que o trabalhador no campo, porque o mercador sacrifica tudo não pela esperança de uma renda maior, mas pela simples alegria de possuir a pérola.
Essas parábolas, portanto, nos chamam a considerar nosso amor pelo reino. Com o tesouro, Jesus nos pede para reimaginar o que nós valorizamos. Estamos julgando corretamente quando se trata das coisas deste mundo e do próximo? Será que sacrificariam todos os bens mundanos para obter algo infinitamente melhor? Então, com a pérola, Ele nos faz uma pergunta ainda mais difícil: Esse sacrifício é verdadeiramente pelo amor puro ao reino? O tesouro sonda nossa visão e valores: consideramos que o reino é mais? Mas a pérola nos sonda ainda mais profundamente dentro de nosso coração e vontade: consideramos que o reino é tudo?