Um blog do Ministério Fiel
Precisamos meditar sobre a ressurreição
(Não somente na Páscoa)
A ressurreição é um dos pilares da fé cristã. Ao mesmo tempo, desde os primeiros anos da Igreja, essa doutrina sofreu ataques e questionamentos, o que levou os autores no Novo Testamento e, posteriormente, apologistas e concílios da Igreja a escreverem documentos que confirmassem e fundamentassem a realidade da ressurreição de Jesus. Embora em nossos dias, nós, cristãos, tenhamos plena convicção acerca da doutrina da ressureição, essa doutrina tem sido bastante negligenciada, tanto no ensino, quanto na pregação. De modo geral, nos lembramos da ressurreição somente em ocasiões como a Páscoa, tempo em que somos levadas a refletir sobre isso momentaneamente. O resultado disso é que a ressurreição tem se tornado uma doutrina cada vez mais distante da nossa realidade; um fato no qual cremos, mas que dificilmente conseguimos aplicar em nosso cotidiano.
Creio que, de fato, compreendemos que o evento mais importante da Páscoa é a ressurreição de Cristo. Mas, afinal, qual é o significado da ressurreição? Por que ela é central no ministério de Cristo e importante para nós? E se Cristo não tivesse ressuscitado, qual seria o nosso fim? Felizmente, a Bíblia não nos deixa sem respostas, na realidade, ela está permeada de passagens sobre a ressurreição e eu quero te convidar a lançar o seu olhar sobre uma dessas passagens, lá em 1Co 15.17-20 para darmos o pontapé inicial.
“[…] se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.” – 1 Coríntios 15.17-20
As palavras do apóstolo Paulo estão inseridas em um contexto em que alguns dentre os coríntios estavam questionando a doutrina da ressurreição. Diante de tais questionamentos, Paulo respondeu firmemente mostrando como a rejeição a esta importante doutrina comprometia toda a esperança do evangelho, não só na vida presente, mas, também, futura. A grande pergunta que Paulo nos responde nessa passagem é: “E se Cristo não tivesse ressuscitado, o que seria de nós?” Essa é uma pergunta na qual vale a pena pensar, especialmente para que possamos perceber como essa doutrina preenche absolutamente todos os aspectos da vida cristã, não somente na Páscoa.
Se Cristo não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã
Se Cristo não tivesse ressuscitado, então, ele não seria Deus e, portanto, nós creríamos em um deus – com “d” minúsculo – morto incapaz de ressuscitar a si mesmo. Se Cristo não tivesse ressuscitado,, o homem que se apresentou como Messias nos evangelhos era apenas um impostor e não quem dizia ser. Nossa fé seria vã porque a depositamos em um deus que não pode fazer nada por nós já que está debaixo da sepultura; um deus derrotado, cujo destino foi o mesmo de um homem pecador. Por que creríamos em um deus assim? Seria inútil depositar a fé em algo ou alguém que não pode nos salvar.
Se Cristo não tivesse ressuscitado,, então, a ressurreição dos mortos não passaria de uma falsa promessa; se Cristo não ressuscitou, nós, tampouco, ressuscitaremos.
Quão triste e desoladora seria essa sentença para nós os que cremos. Mas, graças a Deus, Cristo ressuscitou. A nossa fé não é vã, pelo contrário, conforme o autor de Hebreus nos lembra no capítulo 11.1: a fé é um firme fundamento, um alicerce seguro sobre o qual podemos construir nossas vidas, não somente no presente, mas, no porvir. Como os crentes do passado, podemos crer antes mesmo de alcançar a promessa.
Leia: Hb 11.13-16; Cl 3.1-4 e Rm 8.11.
Se Cristo não tivesse ressuscitado, permaneceríamos no pecado
Se Cristo não tivesse ressuscitado, permaneceríamos em nossos delitos e pecados; e se ele não pôde nos salvar do pecado, quem mais poderia? Quão triste seria a nossa realidade. Ainda estaríamos em dívida com Deus e não haveria nada a se fazer para pagar essa dívida, os nossos melhores atos de justiça não poderiam cobrir a ofensa diante do Altíssimo. Se Cristo não tivesse ressuscitado, ainda seríamos escravas do pecado, permaneceríamos sendo filhas da ira e o nosso destino seria a condenação eterna. Se Cristo não tivesse ressuscitado, isso provaria que seu sacrifício em nosso favor não foi suficiente para a propiciação, que seu sangue não tem valor eterno. Ai de nós, estaríamos perdidas; despidas da justiça eterna tudo o que nos restaria seria a condenação.
Contudo, graças a Deus por Cristo Jesus, ele ressuscitou e essa realidade é um consolo para as nossas almas, antes afligidas e escravizadas pelo pecado. Nossa dívida foi quitada nele e por ele. A ressurreição é o testemunho público de que Cristo é Rei, mas também de que nós fomos perdoadas, aceitas e vivificadas nele. A ressurreição testemunha o perdão de nossos pecados e nossa aceitação perante o Pai.
Quem nos acusará se Cristo é quem nos justifica? Nenhuma condenação consta contra nós no tribunal de Deus. Somos livres em sua ressurreição e chamadas a nos despirmos do pecado e nos vestirmos de vestes santas.
Leia: Ef 2.1, 5-6; Rm 6.1-14 e 1 Co 15.3-4.
Se Cristo não tivesse ressuscitado, os que morreram estariam perdidos
Se Cristo não tivesse ressuscitado, aqueles que morreram crendo em suas promessas estariam perdidos, e não haveria nada a se fazer para reverter isso. Eles seriam homens e mulheres miseráveis, pois viveram uma vida sob o engano e morreram crendo numa vã esperança. Oh, almas infelizes, em lugar de esperança encontraram grande miséria. O que se poderia fazer por eles? Absolutamente nada, estariam perdidos, sem ter quem os pudesse livrar.
Que terrível desolação seria para nós se assim o fosse, mas graças a Deus, as Escrituras testificam: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor”. Felizes são aqueles que morreram em Cristo, eles, enfim, encontrarão descanso de suas fadigas. Cristo é a nossa esperança, não somente na vida, mas também na morte. O Senhor Jesus afirmou que ele nos concede a vida eterna e ninguém pode nos arrebatar de suas mãos. A ressurreição para a vida é garantida para aqueles que vivem e morrem no Senhor, pois a vida eterna é uma promessa que não pode ser revogada. Nenhuma ovelha de seu rebanho pode ser perdida.
Leia: 1 Ts 4.13-17; Jo 5:24-29; Ap 20.12-13; Jo 10.28-29
Se Cristo não tivesse ressuscitado, não haveria gozo eterno
Se Cristo não tivesse ressuscitado, a esperança que ele nos ofereceu seria somente para esta vida. Toda a nossa felicidade seria limitada à nossa existência neste mundo, não passaria de um sopro. Não haveria gozo eterno, tudo seria passageiro. Quão desgraçada seria a vida, pois uma vida cuja esperança se limita somente a este mundo é, sem dúvida, uma vida infeliz; mais do que isso, é uma vida trágica, pois se isso é tudo o que temos, então, a morte é o fim de tudo. Não haveria o que esperar, nossa esperança seria efêmera, tão efêmera quanto a própria vida. Cristo prometeu que iria adiante de nós para preparar um lugar de delícias, mas se ele não ressuscitou, o túmulo é o nosso único destino.
Se essa vida e este mundo são as únicas bênçãos que Cristo pode nos dar, quão limitado é o seu senhorio. Não há eternidade para nós, não há promessas vindouras, não há vida eterna, o auge da nossa vida é o aqui e o agora. Se a felicidade é apenas um sopro, então, comamos e bebamos, pois amanhã morreremos.
Minhas irmãs, uma vida cuja esperança é limitada a este mundo é a pior tragédia que pode existir. Mas, graças a Deus, a nossa esperança não se limita a esta vida, pelo contrário, nossa esperança é eterna. As boas-novas de Cristo não são somente para esta vida, são eternas. Tal esperança nas promessas de gozo eterno que faz com que não sejamos iludidas pelas alegrias deste mundo, nem desesperadas pelas provações desta vida.
Leia: Rm 8:23; Ap 12.11; 1 Co 14:54; 1 Co 15.52; 2 Co 5.1-10; Ap 21:1-7.
Se Cristo não ressuscitou, não há consolo
Se Cristo não ressuscitou, choramos e continuaremos a chorar pois não há qualquer consolo e esperança. Não há motivos para crer ou sorrir, tudo o que nos resta é pessimismo e desespero diante da morte e dos sofrimentos desta vida. Se Cristo não ressuscitou, tudo o que ele tem a nos dizer é que um dia morreremos e, então, o livro se fechará e não se contarão novas histórias, pois tudo se acabará. Se Cristo não ressuscitou, então, o sofrimento é, sim, em vão; a alegria não virá pela manhã e continuaremos a chorar pois não há quem enxugue de nossos olhos toda lágrima. Que grande miséria é uma vida sem nenhum consolo!
Ah, minhas irmãs, quão desesperadora seria a nossa vida se Cristo, o Senhor, não tivesse ressuscitado. Graças a Deus, naquela manhã de domingo, ao chegarem ao túmulo de Jesus com seus aromas e bálsamos as mulheres não o encontraram, e o anjo lhes perguntou: “Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está mais aqui, mas ressuscitou” (Lc 24.5-7). Esta é a declaração que fez o abismo estremecer, a morte se encolher e as trevas se envergonharem naquela manhã. Cristo vive, aleluia! Eis a razão da nossa esperança, eis o nosso consolo, eis a nossa alegria.
Há consolo para nós, irmãs, mesmo em face do pior sofrimento que possamos enfrentar, pois Cristo venceu. Quais sofrimentos você tem enfrentado? Enfermidades, luto, ansiedades? Medo? Solidão? Há consolo para você. Temos um sumo sacerdote vivo que se compadece dos nossos sofrimentos, ele sofreu por nós, para que em seu sofrimento pudéssemos ser consoladas (Hb 4.14-16).
Leia:1 Pe 1.3-9; Fp 1:23; Fp 3.8-11; Fp 3.20-21; Ap 12.11; 1 Co 14:54; 2 Co 3.18 e 2 Co 5.1-10.
Cristo é a primícia
Há pelo menos mais uma razão que 1Co 15.17-20 nos dá para celebrarmos a ressurreição: ao ressuscitar, Cristo se tornou a primícia dos que dormem. O que isto significa? Que a ressurreição de Jesus é a garantia da ressurreição de todos os crentes. Ele é a primeira porção, a primícia de todos quantos ressuscitarão. Em outras palavras, a ressurreição de Cristo, é a prova de que nós também ressuscitaremos e viveremos eternamente com ele. É a nossa garantia.
E agora, como viveremos?
Queridas irmãs, diante de tudo isso, como deveremos viver? Precisamos meditar sobre a ressurreição ao longo de todo o ano para que os nossos corações se encham de fé, coragem, esperança e perseverança enquanto aguardamos pelo Senhor (Fp 3.8-12). Não podemos ser indiferentes a ela, não importa se não há pregação ou ensino a respeito em nossas igrejas, é nossa responsabilidade pessoal, nos dedicarmos ao estudo sério e progressivo da Palavra e à aplicação de seus ensinamentos. Se negligenciarmos esse ensinamento, se permitirmos que ele se torne secundário em nossas vidas, logo, nossas afeições se tornarão mornas e amaremos mais a este mundo do que a Cristo. É o poder da ressurreição que nos dispõe a enfrentar este mundo a fim de estarmos com Cristo no fim.
Concluo com algumas verdades das quais devemos nos lembrar:
- Porque Cristo ressuscitou temos consolo para esta vida, podemos enfrentar os momentos difíceis com os olhos fitos nele;
- Porque Cristo ressuscitou temos a promessa de dias melhores, dias em que o sofrimento não mais existirá e a morte será definitivamente vencida;
- Porque Cristo ressuscitou há consolo, não somente para aqueles que vivem, mas também para os que morreram em fé;
- Porque Cristo ressuscitou a morte já não tem poder eterno sobre os cristãos; embora pareça vitoriosa por um breve instante, seu aguilhão foi quebrado e ela já não tem domínio sobre nós. “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente.” (Jo 11.25).
- Porque Cristo ressuscitou nosso passado, nosso presente e nosso futuro estão garantidos nele.
Que a ressurreição do Senhor seja mais do que um fato passado a ser celebrado, mas uma realidade presente permeando cada esfera de nossas vidas.
“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.” – Filipenses 3.20-21
Maranata!
Para saber mais sobre o assunto, recomendamos o livro Escândalo: A cruz e a ressurreição de Jesus, de D. A. Carson, Editora Fiel.