A providência de Deus na Confissão de Westminster

Este importante documento na História da Igreja confessa a Providência divina

Os caminhos de Deus às vezes parecem desconcertantes. Como diz o apóstolo Paulo, são inescrutáveis (Rm. 11:33). É por isso que, como cristãos, muitas vezes encorajamos uns aos outros a confiar na providência de Deus, lembrar de Sua mão invisível e descansar no conhecimento de que Ele orquestra tudo para o nosso bem (8:28). Apelamos à providência quando os caminhos de Deus são “insondáveis” (11:33). Quando a tragédia acontece, a alegria surpreende, a tristeza domina, a oportunidade bate à porta, as circunstâncias nos levam ao limite e não temos respostas. De alguma forma. De alguma maneira. Como cristãos, sabemos que a solução está profundamente na providência de Deus.

O apelo da providência é que ela coloca cada momento de nossas vidas — bom, ruim e tudo mais — em um alívio ousado contra o plano de Deus para todas as coisas. Dizemos a nós mesmos que Deus está no controle. No entanto, ainda lutamos para conectar o caos de nossas vidas com a certeza dos desígnios de Deus. Como criaturas finitas e caídas, muitas vezes deixamos de confiar que Deus nos conduzirá e nos guiará e nos dirigirá de acordo com Sua boa e soberana vontade. Uma razão pela qual os cristãos falam há muito tempo sobre a providência é fortalecer nossa fé em meio às incertezas da vida.

Enquanto estava trabalhando neste artigo, dei uma volta pelo campus do Reformation Bible College — onde leciono — e voltei ao meu escritório passando pela nossa cafeteria para comprar um latte. Enquanto esperava meu café, perguntei a um de meus alunos sobre algo em sua vida. Sem saber que eu estava escrevendo um artigo sobre a providência, ele começou a refletir sobre a dificuldade de nem sempre conhecer os caminhos de Deus. Ele me deu uma ilustração útil. Ao viajar de carro, ele me disse que prefere ter o mapa no smartphone aberto para saber a todo momento onde está, para onde vai e como chegará ao seu destino. Mas, ele confessou, não gosta de viajar quando não tem um mapa para seguir, mas apenas um amigo ou membro da família para percorrer a jornada uma curva de cada vez. Seu ponto foi bem colocado. Ele sabe que deve confiar na providência de Deus, mas deseja poder ver o mapa que detalha as coordenadas de sua vida.

Em sua obra clássica Providência, um mistério, o puritano John Flavel afirma: “É dever dos santos, especialmente em tempos de dificuldades, refletir sobre as atuações da providência para com eles em todos os estados e em todas as etapas de suas vidas.” Flavel, em outras palavras, exorta os cristãos a meditar na providência de Deus em cada momento da vida e até mesmo a falar sobre Seus caminhos com outros cristãos. Mas para refletir de maneira significativa sobre “as atuações da providência”, precisamos ter uma compreensão clara do que queremos dizer com o termo “providência”.

Existem poucos recursos melhores para resumir o ensino da Bíblia sobre as doutrinas-chave do que a Confissão de Fé de Westminster. No capítulo 5 da Confissão, temos uma das definições mais precisas de providência na história da Igreja. No restante deste artigo, examinaremos as quatro primeiras seções do capítulo 5 da Confissão de Fé de Westminster, que detalha a doutrina bíblica da providência.

A sessão de abertura do capítulo 5 relaciona a providência com o cumprimento dos eternos decretos de Deus (ver CFW 3) no reino da criação (ver CFW 4). Ele afirma:

Pela mui sábia e santa providência, segundo sua infalível presciência e o livre e imutável conselho de sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória de sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as criaturas, todas as ações delas e todas as coisas, desde a maior até a menor (CFW 5.1).

Em Truths We Confess [As verdades que confesamos], um esplêndido guia para a Confissão de Westminster, o Dr. R.C. Sproul chama este parágrafo de um “resumo inigualável da teologia reformada”. Para começar, observe que a Confissão conecta a providência com a obra de criação de Deus. Visto que Deus criou todas as coisas, Ele governa todas as coisas. Deus não está distante ou desengajado. Ele está ativamente envolvido no mundo que criou, dirigindo todas as coisas, desde a maior até a menor, de acordo com Seu plano soberano. Caro leitor, Deus não está despreocupado com os acontecimentos de sua vida. Ele não fica surpreso ou desprevenido pelo seu sofrimento. O Deus que criou as galáxias conhece os cabelos da sua cabeça, os medos do seu coração, os acontecimentos da sua vida e os detalhes do seu futuro (considerar Mt. 6:25-34; 10:26-33).

A Bíblia está repleta de versículos que testificam que Deus sustenta, dirige, dispõe e governa Sua criação. Eis alguns deles: O Salmo 135:6 ensina que a providência de Deus se estende a todas as partes da criação: “Tudo quanto aprouve ao Senhor, ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos.” Provérbios 15:3 nos lembra que “os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.” Daniel 2:21-22 explica que Deus “muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.” Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.” Atos 17:24-28 declara que o “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe (…) pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais (…) havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação (…) pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos.” E Hebreus 1:3 declara que o Deus Filho, a segunda pessoa da Trindade, sustenta o universo “pela palavra do seu poder”. O testemunho múltiplo da Escritura é que Deus está no controle de tudo no céu e na terra. Como Thomas Watson observa: “Deus não é como um artífice que constrói uma casa e depois a abandona, mas como um capitão que conduz o navio de toda a criação”.

A Confissão de Westminster vincula a providência não apenas à criação, mas também ao “livre e imutável conselho” da própria vontade de Deus. Os eventos da criação e da providência representam o desdobramento do desígnio perfeito de Deus para o mundo. Dito de outra forma, Deus realiza Seus decretos eternos nas obras da criação e da providência. Mas quais são os decretos de Deus? O Breve Catecismo de Westminster nos dá uma resposta sucinta: “Os decretos de Deus são o seu eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual, para sua própria glória, ele predestinou tudo o que acontece” (pergunta 7). Mais simplesmente, tudo o que acontece em sua vida está de acordo com a infinita sabedoria de Deus. Como o salmista declara: “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas.” (Sl. 104:24)

A doutrina da providência nos lembra que, embora os propósitos precisos de Deus possam ser velados de nossa vista, ainda podemos obter consolo ao saber que tudo o que nos acontece vem do bom e sábio plano de Deus para nossas vidas. Certamente, esta preciosa verdade está por trás das muitas exortações em Provérbios para que confiemos em Deus. Colocamos nossa fé no Senhor e não em nosso próprio entendimento, porque Ele endireitará nossos caminhos (Pv. 3:5-6). É o Senhor que estabelece nossos passos (16:9). Seus propósitos permanecem para sempre (19:21). Uma das maneiras pelas quais minha esposa e eu reforçamos essas verdades em nossa família é desafiar uns aos outros a confiar na sabedoria de Deus, a nos contentar com o que Deus dá e a ser fiéis no que Ele nos chama para fazer todos os dias. Descansamos em Deus, porque sabemos que nada está fora do alcance de Sua providência. Não existem “moléculas independentes”, como o Dr. Sproul costumava dizer. Tudo o que acontece é de acordo com a Sua vontade e para a Sua glória.

Na próxima seção, a Confissão introduz uma distinção difícil, mas importante, entre a primeira e a segunda causa. Ele afirma:

Tendo em vista que, em relação à presciência e ao decreto de Deus, que é a causa primária, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus ordena que elas sucedam, necessária, livre ou contingentemente, conforme a natureza das causas secundárias. (CFW 5.2)

Anteriormente na Confissão, os “divinos” de Westminster (como os teólogos eram chamados no século XVII) estabeleceram o mesmo argumento:

Desde toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo que acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é à vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas. (CFW 3.1)

Essas duas declarações estão entre as partes mais bem redigidas e teologicamente densas de toda a Confissão. Já vimos que a providência de Deus é a causa da execução e operação contínua de Seu plano predeterminado para todas as coisas. Quando pensamos no governo da criação de Deus, devemos rejeitar qualquer noção de providência que sugira que Deus se retire do mundo, por um lado, ou que trate os humanos como robôs, por outro. Rejeitamos tanto o deísmo quanto o fatalismo, pois ambos distorcem o relacionamento de Deus com o mundo. No deísmo, Deus não faz nada. No fatalismo, Deus faz tudo. Nenhuma dessas posições é aceitável.

Ao declarar Deus como a causa primeira ou primária de tudo o que acontece e afirmando a legitimidade das causas secundárias, a confissão afirma uma concordância entre a soberania divina e a liberdade humana, significando que Deus realiza Seus propósitos através das escolhas livres das criaturas e outras causas secundárias. Como José diz a Seus irmãos, que o venderam como escravo: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem.” (Gn. 50:20) Os irmãos de José eram culpados de conspirar contra seu irmão e mentir para seu pai sobre sua morte (leia Gn. 37), mas Deus trabalhou através desses eventos para cumprir Suas promessas a Abraão, Isaque e Jacó (ver Gn. 50:24). Da mesma forma, como o livro de Êxodo narra as ações de Faraó contra Israel, aprendemos que Faraó endureceu seu coração e se recusou a libertar Israel da escravidão no Egito (p. ex. Êx. 8:32). Mas também nos é dito repetidamente que as ações de Faraó foram o resultado de Deus endurecer seu coração (p. ex. 9:12). Esses textos bíblicos ilustram uma cooperação ou convergência de vontades divinas e humanas.

Geerhardus Vos explica o princípio da concordância:

Cada indivíduo tem apenas que olhar para sua história de vida para discernir que havia uma mão superior que a governava. Nesse ponto, a fé na cooperação de Deus está mais intimamente ligada à nossa dependência dEle. Ele dirige até mesmo nossos atos livres e, por mais que esteja acima de nossa compreensão, a maneira como Ele faz isso, em qualquer caso, deve ser uma cooperação, uma concordância. Nada, nem o destino, nem o acaso podem nos afetar, se nossa liberdade deve ser mantida, mas apenas a cooperação de Deus (Sl. 104:4; Pv. 16:1; 21:1).

Deus é a causa primária e última de todas as coisas. Mas esta afirmação, de acordo com o resumo da confissão da Bíblia, não nega as leis da natureza ou as ações livres dos seres humanos. No mistério da Sua providência Deus usa meios comuns e regulares para realizar Seus propósitos soberanos. J. Gresham Machen esclarece a relação entre Deus como causa primeira de tudo e causas secundárias, como a gravidade ou nossas decisões pessoais. Ele declara de forma concisa: “Deus faz uso de causas secundárias para realizar o que está de acordo com Seu propósito eterno. As causas secundárias não são forças independentes de cuja cooperação ele precisa, mas são meios que Ele emprega exatamente como quer.” Machen apresenta uma ilustração para reforçar este argumento.

Imagine que você descobre um buraco de bala em um painel de vidro. Você naturalmente concluiria que o buraco foi causado pela passagem de uma bala através do vidro, que foi causado pelo disparo de uma arma, que foi causado pelo puxar de um gatilho, que causado por uma pessoa segurando uma arma. Como cristãos, afirmamos que Deus é soberano sobre tudo. Visto que Ele ordena tudo o que acontece, Ele é a primeira causa desses eventos. No entanto, não diríamos que Deus puxou o gatilho. Nem atribuímos a quebra do vidro a Deus. Machen insiste que a pessoa que disparou a arma é responsável pelos danos causados pela bala. O governo providencial de Deus não anula a responsabilidade pessoal.

A Confissão desenvolve o princípio da concordância para mostrar que Deus é soberano e que somos criaturas morais responsáveis. Visto que Deus é a causa primeira de tudo o que acontece, “todas as coisas acontecem de forma imutável e infalível” de acordo com Seu desígnio predeterminado. O plano eterno de Deus para o mundo é imutável e infalível. No entanto, Ele ordenou que os eventos da história acontecessem “necessária, livre ou contingentemente, conforme a natureza das causas secundárias” (CFW 5.2).

Observe que os teólogos de Westminster identificam três tipos de causas secundárias: necessárias, livres e contingentes. Uma causa necessária, do nosso ponto de vista, é aquela que nos é exigida para continuarmos nossos dias. Por exemplo, Gênesis 8:22 afirma: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.” As estações normais do ano são necessárias para que possamos desfrutar dos ritmos da vida. Como Jeremias 31:35 nos lembra, o Senhor dá o sol “para luz do dia” e a lua e as estrelas “para luz da noite”. Certamente, Deus não precisa de Sua criação. Mas em Sua sabedoria, organizou o mundo de tal maneira que precisamos do sol, da lua e das estrelas para experimentar os dias e as noites que Ele preparou para nós (veja Sl. 90:12).

Em seguida, a Confissão refere-se ao livre arbítrio. Tudo o que Deus fez funciona de acordo com Sua natureza. Deus nos projetou como criaturas para sermos agentes morais responsáveis ​​por todos os nossos pensamentos, reflexões, sentimentos, palavras, ações, comportamento e assim por diante. Devemos responder a Deus por nossas ações. A Confissão afirma que quando Deus criou Adão e Eva no jardim do Éden, eles estavam “com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade de sua própria vontade, que era mutável” (CFW 4.2; ver CFW 3.1; 9.1-5). Isso significa, entre outras coisas, que quando Eva tomou do fruto proibido, ela o fez por vontade própria. Observe as ações descritas em Gênesis 3:6. A mulher viu que o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal era bom para comer. Ela se deliciou com o que viu, desejou a sabedoria que a árvore oferecia, pegou do seu fruto e comeu. Ela deu ao marido o fruto e ele comeu. Como resultado de suas ações, eles foram amaldiçoados (veja Gn. 3). Nas palavras do antigo Pregador: “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec. 7:29). De maneiras que não podemos compreender completamente, Deus determina nossas vidas finitas sem nunca prejudicar nossas ações voluntárias (leia atentamente At. 2:22-24 e observe a confluência do plano definido de Deus e a conduta ilegal daqueles que crucificaram Jesus).

Terceiro, a providência de Deus não desconta causas secundárias contingentes. Do ponto de vista da agência humana, uma causa contingente é aquela que depende de outra causa para ocorrer. As causas contingentes geralmente vêm na forma de cenários “se… então…” A Escritura nos dá vários exemplos. Em Êxodo 21:13 e Deuteronômio 19:5, se um israelita é culpado de morte não intencional, então Deus designou um lugar para essa pessoa fugir em busca de refúgio. Em 1 Reis 22:13-36, o profeta Micaías adverte sobre a morte de Acabe para demonstrar suas credenciais como porta-voz de Deus. Se o rei de Israel morrer em batalha, então ele, Micaías, será provado como um verdadeiro profeta. Mas, como explica Micaías, se Acabe voltar em paz, então “não falou o Senhor, na verdade, por mim” (v. 28). A credibilidade de Micaías como profeta depende de Acabe voltar vivo ou morto da batalha.

Quando discutimos a relação entre causas primárias e secundárias, estamos afirmando que Deus ordena e governa tudo de tal maneira que explica as leis naturais e a atividade humana. A soberania de Deus não destrói, mas estabelece causas secundárias. Seus propósitos eternos são realizados na história no plano da providência. Como a primeira causa de todas as coisas, Deus sabia e propositadamente cumpre Seu decreto soberano através do ciclo regular das estações, a ascensão e queda de impérios, as altas e baixas dos mercados e os esforços diários de pessoas pecadoras, finitas, moralmente responsáveis e que tomam decisões (veja, por exemplo, Is. 10:5-19, especialmente os vv. 6 e 7).

As próximas duas seções no capítulo 5 da Confissão de Westminster fazem duas qualificações importantes sobre a providência de Deus. A primeira qualificação diz respeito aos milagres: “Em sua providência comum, Deus emprega meios; todavia, ele é livre para operar sem eles, sobre eles ou contra eles, segundo seu beneplácito.” (CFW 5.3) O mundo que Deus fez não está fechado à sua intervenção. Normalmente, Deus usa meios secundários, como as leis da natureza, para cumprir Seus propósitos divinos. No entanto, Deus não tem obrigação de limitar Seu governo providencial a esses meios. Ele pode decidir separar as águas do Mar Vermelho; curar os enfermos; expulsar demônios ou ressuscitar uma pessoa dentre os mortos para demonstrar Seu poder de redimir Seu povo. Essas atividades sobrenaturais não têm a intenção de contradizer ou minar o uso de meios ordinários por Deus, mas têm o objetivo de ampliar o escopo do governo providencial de Deus. Como Archibald Alexander Hodge argumenta: “A ordem da natureza e os milagres, em vez de estarem em conflito, são os elementos intimamente correlacionados de um sistema abrangente.” Deus usa a lei natural, as ações humanas e os milagres divinos para realizar Seu plano eterno e imutável para Sua glória.

A outra qualificação que a Confissão faz sobre a providência de Deus é que Sua soberania divina sobre tudo não deve de modo algum ser considerada como uma sugestão de que Ele é o autor do pecado. A Confissão afirma:

A onipotência, a sabedoria inescrutável e a bondade infinita de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, regula e governa em uma múltipla dispensação; mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado e nem pode aprová-lo (CFW 5.4)

O ponto central desta seção está na afirmação de que as ações pecaminosas procedem apenas de anjos e humanos e não de Deus. Para provar este ponto, o teólogo escocês David Dickson apela ao testemunho de Moisés (Dt. 32:4), Davi (Sl. 5:4), Daniel (Dn. 9:14), Habacuque (Hc. 1:13), Paulo (Rm. 3:3-5), Tiago (Tg. 1:13-18) e João (1 Jo. 1:5; 2:16). Ele então faz vários argumentos baseados nesses e em vários outros textos bíblicos para mostrar que Deus não é o autor do pecado:

● Porque Deus é essencialmente e infinitamente santo e bom, é puro e livre de toda mácula e defeito.

● Porque Deus é absolutamente perfeito, não pode falhar ou ser deficiente em Sua obra.

● Porque Deus é o juiz do mundo, Ele proíbe, odeia e pune todo pecado e injustiça, como contrários à Sua natureza e lei santas.

O capítulo da Confissão de Westminster sobre a providência nos leva aos bastidores da história para inculcar que absolutamente nada está fora do alcance do reino de Deus. Ele sabe todas as coisas. Ele ordena todas as coisas. Ele dirige tudo para o bem daqueles que estão em Cristo e para a glória do Seu nome trino (Ef. 1:3-14). Quando estamos sob pressão, confusos, feridos, entristecidos e maravilhados com a misteriosa providência de Deus, a precisão de Westminster nos ajuda a cantar com William Cowper,

No fundo de minas insondáveis
com habilidade infalível
Ele faz reluzir os Seus desígnios,
e efetua Sua vontade soberana.

Ainda mais, estamos diante de nosso Deus soberano e dizemos com o apóstolo Paulo: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm. 11:36).

Por: John W. Tweeddale. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: A providência de Deus resumida na Confissão de Westminster. Traduzido por João Costa. Revisão por Renata Gandolfo. Editor: Vinicius Lima.