Deveríamos nos preocupar com a aposentadoria do nosso pastor?

Cuidando devidamente de quem cuida de nós

A saúde de uma igreja é nutrida pela pregação bíblica. Deus usa sua infalível palavra para crescer sua igreja. Mas este não é um artigo sobre pregação; mas sim, sobre aposentadoria.

A conexão entre pregação e a saúde de uma congregação é óbvia. Mas qual é a relação entre a saúde da igreja e a aposentadoria de um pastor? Existe uma conexão? Não diretamente. Em vez disso, a conexão é indireta em virtude da longevidade pastoral. Uma igreja que considera a aposentadoria de um pastor, contribui para sua longevidade, e com sua longevidade vem a saúde.  Quanto mais tempo um homem pastoreia uma igreja, geralmente, mais frutos o Espírito Santo irá produzir através da sua fiel pregação e pastoreio. (1 Cor 3.5-11).

Um pacote generoso de remuneração contribui para a longevidade. Os pastores experimentam o amor de suas congregações quando em sua família “nada falta” (Tt. 3.13). Eles são livres para “pastorear o rebanho de Deus […] não por sórdida ganância, mas de boa vontade” (1 Pe. 5.2). Se você desempenha uma função na definição da remuneração do seu pastor, então este artigo é principalmente para você. Igrejas saudáveis podem planejar e investir proativa e financeiramente na aposentadoria do seu pastor como uma forma de encorajar sua longevidade no ministério.

Eu preciso fazer uma consideração. Os benefícios de aposentaria não são aplicáveis em todas as condições. Muitos pastores são bi-vocacionados ou estão em regiões mais pobres. Alguns servem no exterior e dependem de um apoio financeiro limitado ou eles são de países que não consideram a aposentadoria. Nem todas as igrejas vão lidar com este assunto da mesma forma. Embora meus comentários sejam direcionados às igrejas americanas, cada congregação deve considerar como cuidar de seu pastor.

Planeje proativamente a aposentadoria do seu pastor

O Senhor cada um de nossos dias (Jó 4.1-6; Sl, 90.10; Hb. 9.27) Nenhum de nós deve presumir sobre o amanhã (Tg. 4.13-17). Seu pastor talvez não viva para ver a aposentadoria. No entanto, é prudente planejar o dia quando ele não mais pastoreará sua igreja. Isso pode ser devido a problemas de saúde ou a incapacidade de acompanhar as demandas diárias ministeriais. Dessa forma, planeje proativamente sua aposentadoria, sua realocação para uma nova temporada de ministério.

Aqui estão algumas maneiras sugeridas de planejar:

Independentemente de onde as oportunidades se apresentarem, encoraje-o a usar seus dons para servir outras igrejas e ministérios. Se possível, dê a ele a liberdade de pregar em outras igrejas, ensinar em seminários, escrever para ministérios, liderar sua denominação ou rede, fazer viagens missionárias e muito mais. Essas oportunidades expandem seus relacionamentos e aprimoram seus dons que podem ser usados ​​em uma nova temporada de ministério quando ele se aposentar como seu pastor em tempo integral.

Incentive o planejamento financeiro no início do seu ministério. Por exemplo, o direcione para um planejador financeiro para ajudar a definir objetivos razoáveis. Tenha certeza de que ele tenha um testamento vital. Ofereça-se para pagar por esses serviços nos primeiros cinco anos de ministério. Se ele for jovem, talvez tenha empréstimos estudantis e seria ajudado por um programa de educação financeira. De qualquer forma, peça a alguém que acompanhe seu pastor e sua esposa para ajudá-los a planejar.

Organize conselheiros sábios para ajudar a planejar a aposentadoria pastoral. Provérbios 15.22 diz: “Sem conselho os planos falham, mas com muitos conselheiros eles são bem-sucedidos.” Seu pastor, sua família, seus companheiros presbíteros e a congregação serão ajudados por ter “muitos conselheiros” elaborando um plano de aposentadoria. Considere criar uma “Equipe de Supervisão de Aposentadoria” composta por presbíteros, diáconos e membros de confiança. Quando seu pastor tem entre 50 e 55 anos, esse grupo pode trabalhar com o pastor e, quando necessário, sua esposa, para responder a perguntas como:

  • Qual é o prazo aproximado para uma aposentadoria planejada?
  • Qual é o plano de transição para sua substituição?
  • Quem são os possíveis candidatos substitutos?
  • Existem maneiras de cuidarmos de sua viúva ou filhos com necessidades especiais?
  • Como podemos administrar seus anos de sabedoria, experiência e relacionamentos até a aposentadoria?
  • Qual é o progresso de seu plano financeiro?

Qualquer plano é apenas isso – um plano. Eles podem ser alterados ou totalmente descartados, então não fique ansioso. Mas pode ser útil para muitas pessoas planejar com antecedência.

Invista financeiramente na aposentadoria do seu pastor

A Bíblia elogia pastores remunerados por seu trabalho fiel. Paulo disse: “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: ‘Não amordaces o boi, quando pisa o trigo.’ E ainda: ‘O trabalhador é digno do seu salário.’ (1 Tm 5.17,18; cf. Gl 6.6).

Sempre que possível, procure pagar seu pastor. Sua igreja é bem servida pelo investimento financeiro feito em pastores fiéis. 

O quanto você deve pagá-lo? Depende. Mas incline-se para a generosidade e a confiança, como sugere a palavra “dobrado” na passagem acima. No contexto americano, é bom estruturar sua remuneração com um pacote de “salário e benefícios” em vez de um pacote de “soma única”. O primeiro reduz a responsabilidade fiscal e garante que os fundos sejam gastos adequadamente. Isso também permite que um pastor saiba quanto ele e sua família têm para despesas de subsistência e doações de caridade. Geralmente, um bom pacote será composto de cinco partes: salário, auxílio-moradia, saúde, aposentadoria e recursos ministeriais e educação.

Dê generosamente a todos eles, incluindo um plano de aposentadoria. Qualquer homem qualificado para pastorear não está no ministério por dinheiro (1 Tm 3.3; Tt 1.7). Se você não pode confiar nele em relação ao dinheiro, ele não deveria ser seu pastor! Carreiras mais lucrativas estão no setor privado; ele pode até ter deixado uma para ser seu pastor. A expectativa padrão é de 80 a 90% da renda pré-aposentadoria durante a aposentadoria. Seu pastor provavelmente está ciente de suas limitações financeiras para atender a essa expectativa. Ele está cuidando fielmente de sua família, doando generosamente para a igreja e economizando para emergências, mas não sobra muito. Então dê generosamente a sua aposentadoria.

Se possível, contribua com 10% do salário pastoral para um plano de aposentadoria. Se ele começar a pastorear jovem como eu, esses fundos crescerão com aumentos salariais e retornos de investimentos. Outros fatores podem exigir dar mais de 10%. Se você estiver fornecendo moradia de propriedade da igreja, ele pode precisar de renda adicional para comprar ou alugar quando se aposentar. Ele pode ter filhos com necessidades especiais que dependerão dele financeiramente. Esses fatores podem garantir uma contribuição de aposentadoria de 15 a 20%.

Outro fator a considerar é o custo de vida durante as diferentes estações da vida. As escalas de pagamento tendem a aumentar com o mandato, mas também aumentam os custos com uma família em crescimento. (Confie em mim! Tenho três filhas adolescentes e um filho adolescente.) Portanto, os anos de pico de ganhos em que um pastor pode investir em sua aposentadoria são limitados. Se ele o fizer (o encoraje amorosamente a fazer), contribuições correspondentes são um incentivo útil. Por exemplo, dê uma contribuição básica de 10% e, em seguida, iguale suas contribuições a uma determinada porcentagem.

Eu não sou planejador financeiro. Sou um pastor, então procure alguém conhecedor do status tributário exclusivo de um pastor e das opções de investimento antes de fazer contribuições para a aposentadoria. Mas um plano de aposentadoria projetado exclusivamente para ministérios é o 403(b)¹. Ele maximiza os benefícios disponíveis para os pastores: Suas contribuições são isentas de impostos e não estão sujeitas à SECA; eles podem ser designados como subsídio de moradia na aposentadoria e muito mais.

Último conselho: habitação e saúde são as despesas mais significativas na aposentadoria. Se o seu pastor optou por não receber o Seguro Social, essa renda e o Medicare (seguro de saúde) não estarão disponíveis com o salário da igreja quando ele se aposentar. É sensato ajudá-lo a planejar as despesas com saúde, redirecionando os reembolsos da SECA para sua aposentadoria, em vez de uma renda adicional.

Outros podem ter soluções financeiras mais criativas para a aposentadoria do seu pastor. Ótimo! Meu encorajamento é, se possível, investir generosamente nisso.

UMA PALAVRA AOS PASTORES

Irmão pastor, obrigado por seu serviço. Pode ser inconcebível pensar em aposentadoria. Agora mesmo, você está se preparando para a próxima reunião de presbíteros, ou sessão de aconselhamento, ou um sermão em Isaías. Essas responsabilidades importam bem mais do que a aposentadoria. Persevere! Trabalhe diligentemente pelo bem das almas confiadas aos seus cuidados, das quais você prestará contas (Hb 13.17).

Louve a Deus se você foi ajudado de alguma forma por este conselho! Encontre um líder confiável para descobrir como dar os passos para a implementação. Continue a dedicar-se ao ministério da Palavra e à oração. Ore por humildade. Buscar aconselhamento requer transparência sobre sua gestão financeira. Seja humilde para receber conselhos e correções, se necessário.

Se Deus quiser, sua igreja existirá depois que você se for. Portanto, invista em “homens fiéis, que sejam capazes de ensinar também a outros” (2Tm. 2.2). Compartilhe as responsabilidades do púlpito e da liderança com irmãos piedosos e talentosos. Você pode correr mais e mais rápido no ministério com a ajuda deles. Se você é o pastor principal, cabe a você criar uma cultura em que os membros não dependam apenas de você para ensinar e pastorear. Eles estarão mais bem preparados para o dia em que você se aposentar depois de anos sendo ensinados e cuidados por uma pluralidade de presbíteros.

CONCLUSÃO

Tendo pastoreado a mesma igreja por quatorze anos, conheço os frutos nascidos da longevidade. Nosso relacionamento de unidade, amor e confiança não foi forjado da noite para o dia; veio através da resistência e da generosidade. Esses santos foram pacientes com minhas deficiências e generosos com seu amor em palavras e ações. Crescemos juntos por meio de longanimidade e longevidade que, se Deus quiser, continuarão até minha aposentadoria ou o retorno de nosso Salvador.

Por: Brad Thayer. © 9Marks. Website: 9marks.org. Traduzido com permissão. Fonte: Preparing Pastors for Retirement. Tradução: Natã Abner Marcelino. Revisão e Edição por Vinicius Lima.