A providência de Deus em nossas vidas

O cuidado de Deus em nosso dia a dia

Nada é mais prático do que a doutrina da providência, pois gera fé e temor piedoso. Quando Cristo nos ensina como lidar com a ansiedade, Ele nos lembra que Deus, o Pai, alimenta cada passarinho e veste cada flor com suas lindas cores (Mt. 6:25-30). Quanto mais, então, devemos confiar que Ele cuidará de Seus próprios filhos amados? Quer estejamos dispostos a admitir ou não, todos vivem constantemente na presença do Deus vivo. Quanto mais o crente está consciente da providência de Deus, mais se pode dizer dele, como B.B. Warfield escreveu: “Em todos os lugares ele vê Deus em Seus passos poderosos, em todos os lugares ele sente o trabalho de Seu braço poderoso, o pulsar de Seu poderoso coração.”

Nosso Deus está no controle. Embora não possamos sondar completamente as profundezas dos caminhos de Deus, ainda podemos afirmar que “dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente” (Rm. 11:36). Há muitas situações para as quais não sabemos a razão, mas para tudo sabemos quem as ordenou. Obadiah Sedgwick escreveu: “Ninguém é tão adequado para governar o mundo quanto Aquele que o criou.” Sua perfeita sabedoria, santidade, justiça, poder, amor e bondade não falharão.

Consequentemente, podemos ser como a criança a bordo de um navio que permaneceu em paz enquanto o vento e as ondas se agitavam ao seu redor. Quando perguntado como ele manteve a calma em uma tempestade tão violenta, respondeu: “Meu pai é o capitão”. Quanto mais a igreja pode cantar: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem-presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares” (Sl. 46:1-2).

A providência de Deus beneficia os crentes de muitas maneiras. Vamos considerar cinco delas.

Confie na soberania paterna de Deus

Primeiro, a cosmovisão cristã centrada em Deus estabelece nossa confiança de que nosso Pai reina sobre tudo por meio de Seu Filho pelo Espírito Santo. O Catecismo de Heidelberg diz:

O eterno Pai de nosso Senhor Jesus Cristo criou, do nada, o céu, a terra e tudo o que neles há e ainda os sustenta e governa por seu eterno conselho e providência. Ele é também meu Deus e meu Pai, por causa de seu Filho Cristo. Nele confio de tal maneira que não duvido que dará tudo o que for necessário para meu corpo e minha alma; e que ele transformará em bem todo mal que me enviar, nesta vida conturbada. Tudo isso ele pode fazer como Deus Todo-Poderoso e quer fazer como Pai fiel (pergunta 26).

As doutrinas da providência e adoção se unem para fortalecer os filhos de Deus com uma confiança maravilhosa. O Deus soberano é seu Pai amoroso em Jesus Cristo, de modo que em toda a vida eles “são tratados com piedade, protegidos, providos e corrigidos por ele, como por um Pai; nunca, porém, abandonados”, como diz a Confissão de Fé de Westminster (12.1). John Cotton exclamou: “É uma questão de pouca importância para o Deus do céu e da terra ser chamado de seu Pai, visto que vocês são apenas homens?”. Como nosso Pai, Deus certamente dará “provisão para um filho aqui e provisão para um herdeiro no futuro”, pois “Deus nos nutre” e “nos deu uma herança”.

Vivemos em um mundo perigoso. Doenças, desastres e guerras levam muitas pessoas para a eternidade todos os dias. Os homens maus oprimem e abusam dos piedosos e dos inocentes. Invisíveis aos nossos olhos, Satanás e seu exército andam como leões que rugem procurando devorar as pessoas e arrastá-las para a condenação (1 Pe. 5:8). Os enganos e paixões do pecado se enfurecem em nossos corações, de modo que nunca estamos a salvo de nós mesmos. O realismo exige que vivamos com sabedoria e prudência em um lugar tão perigoso.

No entanto, os cristãos não precisam viver com medo ou ansiedade, mas podem se apegar à promessa de Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.” Thomas Watson escreveu: “Todas as várias formas com que Deus lida com Seus filhos, por uma providência especial, se voltam para o bem deles. ‘Todas as veredas do Senhor são misericórdia e verdade para os que guardam a sua aliança e os seus testemunhos.’” (Sl. 25:10). Ele concluiu: “A grande razão pela qual tudo coopera para o bem, é o interesse próximo e querido que Deus tem em seu povo. O Senhor fez uma aliança com eles. ‘Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.’” (Jr. 32:38).

A providência de Deus conforta Seu povo da aliança. Sedwick disse:

A nenhum homem bom faltou algo que fosse bom para ele. Talvez me falte algo que seja bom, mas não o que seja bom para mim: “Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dá graça e glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente (Sl. 84:11).

Deus tem uma providência especial sobre Sua Igreja viva porque somos a menina dos Seus olhos, Seus cordeiros, Seus filhos e Seu tesouro particular (Zc. 2:8; Is. 40:11; 49:15; Ml. 3:17).  Seu cuidado por Seu povo é inteiramente gracioso, terno, misterioso, glorioso, exato e muitas vezes extraordinário.

A cosmovisão cristã centrada em Deus estabelece nossa confiança de que nosso Pai reina sobre tudo por meio de Seu Filho pelo Espírito Santo.

A fé na providência de Deus sustenta o serviço do cristão a Deus. É o seu escudo contra todos os ataques de Satanás (Ef. 6:16). Warfield disse: “Uma fé firmada na providência universal de Deus é a solução de todos os problemas terrenos”. Em vez de ficar paralisado pelo medo ou agitado pela ansiedade, o crente fortalecido permanece no terreno estável da providência divina e avança em firme obediência e submissão à vontade de seu Mestre.

Orar com a fé de uma criança

Em segundo lugar, aqueles que creem na providência de Deus são pessoas de oração que sabem e acreditam que o seu Deus provedor ordena, ouve e responde à oração. Sabem que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg. 1:17).

João Calvino disse:

Não bastará simplesmente afirmar que existe alguém a quem todos devem honrar e adorar, a menos que também estejamos convencidos de que Ele é a fonte de todo bem e que não devemos buscar nada em outro lugar senão nEle… Nenhuma gota de sabedoria, luz, justiça, poder ou retidão ou de verdade genuína será encontrada, que não flua dEle e da qual Ele não seja a causa.

A oração é o clamor da fé como de uma criança. Quando oramos: “Pai nosso, que estás nos céus (…) o pão nosso de cada dia dá-nos hoje”, como nosso Senhor nos ensinou (Mt. 6:9, 11), reconhecemos que Deus “é a única fonte de todo bem, e que nem nossa preocupação, nem nosso trabalho” podem nos dar o que precisamos e desejamos sem Sua bênção e, portanto, “não mais depositemos nossa confiança em qualquer criatura, mas somente” nele (Catecismo de Heidelberg, 125).

O Senhor nos ensina a ir a Ele com todas as necessidades, com todas as nossas fragilidades, com todos os nossos cuidados. Sabendo que Ele é nosso provedor, devemos buscar dEle nossa comida e bebida, saúde, roupas, bons relacionamentos em nossas famílias, sucesso em nossas vocações, o poder do Espírito em nossas igrejas e paz para nossa nação. Devemos lançar “sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de [nós]” (1 Pe. 5:7).

Conhecer a providência de Deus promove a humildade que é vital para a oração. As Sagradas Escrituras nos lembram que não importa o quanto trabalhemos, não podemos obter nada a menos que recebamos de Suas mãos (Sl. 104:28; Jo. 3:27). De fato, não podemos mover um dedo, piscar um olho ou ter um pensamento sem Sua capacitação. Podemos ter as maiores habilidades e a mais impressionante lista de experiências e referências, mas “é ele o que te dá força para adquirires riquezas” (Dt. 8:18). Mesmo com força e habilidade, podemos trabalhar o dia todo e não conseguir atingir nossos objetivos. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” (Sl. 127:1)

Portanto, devemos confiar somente em Deus e buscar dEle tudo o que é bom. Oh, ter um verdadeiro senso de nossa constante dependência dEle! Muitas vezes as pessoas vão trabalhar dia após dia, compram mantimentos, tomam remédios, pagam contas e desfrutam de prazeres, mas não pensam nEle e no fato de que tudo depende de Sua vontade. Seus corações se enchem de orgulho, esquecem-se do Senhor e dizem: “A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas” (Dt. 8:17). Sua falta de oração é o prego que sela o caixão de sua morte espiritual. Mas o filho de Deus tem o Espírito de adoção clamando em seu coração: “Aba, Pai” (Gl. 4:6). Ele sabe por um instinto infundido pelo Espírito que toda libertação do mal e gozo do bem vem de seu Pai. E, portanto, ele ora. E você? Você ora? Suas orações são uma busca sincera por Aquele que é a fonte de todo bem? Você realmente acredita no Deus da providência?

Paciência na adversidade

O Catecismo de Heidelberg destaca mais três benefícios de conhecer a providência de Deus:

Para que tenhamos paciência em toda adversidade e mostremos gratidão em toda prosperidade e para que, quanto ao futuro, tenhamos a firme confiança em nosso fiel Deus e Pai, de que criatura alguma nos pode separar do amor dele. Porque todas as criaturas estão na mão de Deus, de tal maneira que, sem a vontade dele, não podem sequer agir (Resposta 28).

Um terceiro benefício, portanto, é a paciência na adversidade. Respondemos de forma natural à adversidade afundando na amargura egocêntrica ou caindo no desânimo. No entanto, mesmo quando nossas circunstâncias são turbulentas ou dolorosas, o cristão deve cultivar a quietude interior exercendo fé na providência de Deus. Davi disse: “Emudeço, não abro os lábios porque tu fizeste isso” (Sl. 39:9). A quietude divina sob a tristeza não vem de endurecer nossos corações e fechar nossas emoções, mas de se apegar a Deus no meio da tempestade.

A paciência cristã na adversidade (“longanimidade”) é um fruto sobrenatural do Espírito de Deus (Gl. 5:22). Os incrédulos podem resignar-se severamente a circunstâncias que não podem mudar; os crentes, no entanto, perseveram na fé, acreditando que os maiores males serão transformados em proveito próprio e trabalharão para o seu bem, nas mãos de um Deus amoroso e fiel. Pela graça de Deus e em resposta à oração, podemos ser “fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria” (Cl. 1:11). Pelo Espírito, os discípulos de Cristo estão dispostos a tomar a cruz (Lc. 9:23).

Aqueles que creem na providência descansam nos propósitos de Deus para suas aflições. Entendem e aprovam a intenção de Deus de treinar Seus filhos para a santidade madura por meio de suas tristezas e provações (Pv. 3.11-12; Hb. 12:5-11). Eles dizem: “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra… Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Sl. 119:67, 71). Embora muitas vezes não possam ver como, eles confiam que Deus está glorificando a si mesmo através de Suas lutas, principalmente mostrando que Ele é digno de sua fé e temor piedoso, mesmo quando Ele não lhes dá felicidade aqui e agora (Jó 1:1; 8-11, 20-21). Eles vivem em união e comunhão com Cristo e se regozijam em sofrer com Ele, sabendo que um dia reinarão com Ele em glória (Rm. 8:17). Eles resolvem correr “com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus” (Hb. 12:1-2).

A esperança do cristão nos propósitos de Deus depende da fé de que Ele realmente controla todas as coisas. Johannes VanderKemp disse: “Se nenhum Governante universal dirigir o que acontece, como os homens bons poderão se acalmar e ser consolados em todas as suas tribulações? A condição deles não seria pior do que a dos ímpios?”.

Uma das maiores provações que um crente pode suportar é a escuridão espiritual. A Confissão de Fé de Westminster 18.4 observa: “Os verdadeiros crentes podem ter, de diversas maneiras, a segurança de sua salvação abalada, diminuída e tornada intermitente”, às vezes, “retirando Deus a luz de seu rosto e permitindo que andem em trevas e não tenham luz mesmo os que o temem” (veja Is. 50:10). Anthony Burgess explicou que Deus pode temporariamente retirar a alegria de um crente e a certeza de Seu amor para que Seu filho amado possa provar a amargura do pecado e aprender a odiá-lo mais, crescer em humildade, valorizar a alegria e a paz e não tomá-las como certas, glorificá-lo pela obediência e aumentar a compaixão para consolar a outros.

Quer o santo andando nas trevas possa ou não discernir seu benefício espiritual, ele pode descansar sabendo que seu Deus soberano sempre trabalha para Sua glória e para o bem de Seus eleitos. William Gurnall disse: “O cristão deve confiar em um Deus que se retira”.

Querido cristão, imagine por um momento que tudo na vida sempre foi “do seu jeito”. Você nunca foi afligido. Você nunca enfrentou a adversidade. Como você seria? Sei como eu seria: seria um pecador mimado, imaturo, egocêntrico e orgulhoso que só acreditaria em mim mesmo. Embora minha carne nem sempre queira admitir isso, sei no fundo que precisei de todas as aflições que meu Pai celestial já enviou para me libertar de mim mesmo e me conformar cada vez mais com Seu Filho. Sem adversidade, eu nunca odiaria o pecado, amaria a Cristo e buscaria a santidade. Não seria o cristão que sou. Suspeito que você não é diferente de mim.

Em todas as nossas aflições, mas especialmente depois de sairmos das aflições (Hb. 12:11), descobriremos que a amargura de nossas tristezas é superada pela doçura do bom propósito de Deus. Nosso amoroso Pai não desperdiçará uma lágrima de Seus queridos filhos (Sl. 56:8). Samuel Rutherford disse: “Quando estou no porão da aflição, procuro os melhores vinhos do Senhor.”

Gratidão na prosperidade

Um quarto benefício da providência, que pode ser tão difícil de exercitar quanto a paciência na adversidade, é a gratidão na prosperidade. Embora a adversidade seja real, frequente e às vezes esmagadora, também estamos imersos na boa criação de Deus, que deve ser “recebida com ação de graças” (1 Tm. 4:4). Deus “nos dá ricamente todas as coisas para desfrutarmos” (6:17). Nunca nos faltam boas dádivas e, portanto, nunca nos faltam motivos para louvar ao Deus da providência (Ef. 5:20). Wilhelmus à Brakel disse: “O uso adequado da providência de Deus lhe renderá uma medida excepcional de gratidão e o ensinará a terminar no Senhor como o único doador de todo o bem que você pode receber para alma e corpo.”

A gratidão é essencial para a piedade. Sem ação de graças, não podemos obedecer à vontade de Deus: “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts. 5:18). Calvino expressou:

Eu chamo de “piedade” aquela reverência unida ao amor a Deus que o conhecimento de seus benefícios induz. Pois até que os homens reconheçam que devem tudo a Deus, que são nutridos por seu cuidado paternal, que Ele é o Autor de todos os seus bens, que não devem buscar nada além dEle, nunca lhe prestarão um culto voluntário.

Tanto a adversidade quanto a prosperidade têm seus perigos. “Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus” (Pv. 30:8-9). Tanto a adversidade quanto a prosperidade têm deveres concomitantes: “Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores” (Tg. 5:13).

No âmago da gratidão está a fé para olhar além das boas dádivas de Deus para apreciar a Sua própria bondade. O cristão ama a Deus mais do que Suas dádivas e — embora grato pelas misericórdias diárias — considera o Senhor como sua porção (Lm. 3:22-24). Ele canta: “Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação” (Sl. 68:19).

As pessoas raramente apreciam aquilo de bom que recebem, pois se iludem pensando que as merecem. Poucos aprenderam a lição de Jacó: “Sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo” (Gn. 32:10). O fato é que merecemos ser atormentados nas chamas da ira de Deus e sem direito até mesmo uma gota de água (Lc. 16:24-25).

Quando visitei meu pai após sua cirurgia de coração aberto, encontrei-o chorando de gratidão. Quando perguntei por que estava tão grato, ele disse: “Uma enfermeira acabou de entrar e umedeceu meus lábios com um cubo de gelo, e não pude deixar de pensar no homem rico do inferno que não tinha uma gota de água para esfriar sua língua. Eu mereço a parte dele.”

Você já foi verdadeiramente grato por um cubo de gelo? Que Deus ajude você e eu a sermos verdadeiramente gratos pelas menores gentilezas mostradas a nós por Ele e uns pelos outros.

Uma boa expectativa para um futuro desconhecido

Finalmente, a providência nos concede como cristãos uma confiança segura em Deus para o futuro desconhecido. Portanto, os cristãos devem ser eternos otimistas. O Catecismo de Heidelberg, pergunta 28, diz que a doutrina da providência nos encoraja a colocar nossa “firme confiança em nosso fiel Deus e Pai”. Literalmente, traduzido do holandês, “tenha uma boa expectativa”. Filho de Deus, você tem uma boa expectativa para o seu futuro? A mão de nosso Pai governa o mundo, e ninguém pode impedir que Seus propósitos sejam cumpridos (Dn. 4:35). “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts. 5:9). Você está nas mãos do Pai e do Filho e não há lugar mais seguro no mundo (Jo. 10:28-29).

Visto que Deus governa todas as coisas, podemos nos alegrar agora que um dia chegaremos em segurança à nossa herança eterna. Paulo diz: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm. 8:31-32). Paulo se gloria no resultado seguro da providência:

Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (vv. 38–39).

A doutrina da providência também implica que o oposto é verdadeiro. Se Deus está contra você quem pode ajudá-lo? Nada em toda a criação pode protegê-lo da ira de Deus se você continuar em seus pecados e se recusar a receber Seu Filho com uma fé quebrantada. Se você é um pecador impenitente, considere que você é um inimigo do Deus da providência. Você não confia em Sua soberania paterna, mas se ressente profundamente dEle e prefere adorar os deuses de sua própria imaginação. Você orgulhosamente confia em si mesmo ao invés de buscar Sua graça em oração. Você não tem um coração grato, embora todos os dias respire o ar de Deus e beba Sua água. Se não se arrepender, Ele tirará todo o bem de você e usará Seu poder soberano para puni-lo para sempre.

Por Sua providência o Senhor está reunindo um povo para si deste mundo perverso. A providência mais extraordinária de Deus é o envio de Seu Filho para redimir os pecadores (Gl. 4:4-5). Quando homens maus crucificaram Jesus Cristo, eles cumpriram o propósito soberano de Deus de que Seu Filho morresse como resgate por muitos (Mc. 10:45; At. 4:27-28). Deus ressuscitou Cristo dos mortos pelo Seu poder, que agora está sentado à direita de Deus como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Sl. 2:6; 110:1).

Hoje, Deus está trabalhando por meio do evangelho para que todo aquele que se converte do pecado, confia em Cristo e invoca o nome do Senhor seja salvo (Rm. 10:13). Será que a providência de Deus proporcionou que você encontrasse este artigo para que você se convertesse e seguisse a Cristo? Se você ainda não está salvo do seu pecado, então reconheça que você não está lendo essas palavras por acaso. Deus está falando com você. Pela graça de Deus, afaste-se daquilo em que você confiou anteriormente e coloque sua esperança no Deus vivo. E então regozije-se, pois Deus faz com que tudo coopere para o bem daqueles convertidos por Seu chamado, daqueles que o amam (Rm. 8:28). Em todas as suas aflições no caminho para a glória, eles podem dizer: “Somos mais que vencedores” (v. 37).

Por: Joel Beeke. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: A providência de Deus aplicada em nossas vidas. Traduzido por João Costa. Revisão por Renata Gandolfo. Editor: Vinicius Lima.