Um blog do Ministério Fiel
Eu devo me casar ou não com essa pessoa?
Como encontrar clareza no namoro
Se eu pudesse voltar e me obrigar a ler um artigo quando tinha 17, 18 ou mesmo 21 anos, acho que poderia ser este. Eu gostaria de tentar expandir e reformular minhas ideias ingênuas sobre namoro, romance e casamento. Eu gostaria de traçar um mapa para tomar decisões mais sábias e amorosas sobre relacionamentos. É assim que penso neste artigo: como um mapa tridimensional para namorar bem.
Mas por que eu escolheria este artigo para mim nessa idade? Bem, por pelo menos dois grandes motivos. Primeiro, porque nada em minha vida e fé foi mais confuso e espiritualmente perigoso do que minha busca pelo casamento. Minha adolescência foi uma longa série de relacionamentos sérios demais para a nossa idade, duraram demais e, portanto, muitas vezes terminaram de maneira ruim e dolorosa. Espero que não seja a sua experiência, mas foi a minha. E eu adoraria salvar alguns de vocês da estupidez e mágoa que me afligiram (ou tirar disso aqueles como eu).
A segunda razão é que estou casado há sete anos e vejo tudo – namoro, romance, casamento – de maneira muito diferente agora. Oito anos atrás, eu conhecia o casamento mais ou menos como meu filho de 6 anos conhece Nárnia. Eu sabia muito sobre casamento – da Bíblia, de outros livros, observando casais em minha vida – e fiquei encantado com a ideia de casamento. Mas eu ainda não tinha entrado no guarda-roupa. Eu não tinha experimentado a coisa real. E a coisa real é mais selvagem, mais rica e mais profunda do que eu imaginava. Se pudéssemos provar como é realmente o amor de aliança antes de começarmos a namorar, acredito que tomaríamos decisões muito melhores sobre quando namoramos, com quem namoramos, como namoramos e quando nos casamos.
Não posso lhe dar essa experiência, mas talvez algo que eu diga do outro lado possa ajudá-lo a ver mais do que você tem até agora. Se você deseja se casar um dia, quero que experimente a plenitude do que Deus deseja para e em um casamento. E para chegar lá, precisamos da sabedoria de Deus. Portanto, considere isto minha carta das florestas de Nárnia.
Dimensões da clareza saudável
Ao relembrar o que teria feito de diferente em minha jornada para o casamento, uma das principais lições que gostaria de ter aprendido antes seria buscar clareza e adiar a intimidade .
Bem, eu poderia dizer muito mais sobre a segunda metade dessa lição (“adiar a intimidade”) – e já o fiz em outro lugar – mas aqui quero avançar na primeira metade. O que significa buscar clareza no namoro – e particularmente como cristão? Como seria a clareza se a encontrássemos? Como você sabe que ele (ou ela) é a pessoa certa para se casar? Para responder a essas perguntas, quero apresentar a vocês uma espécie de mapa tridimensional.
A maioria das pessoas hoje, até mesmo os cristãos, buscam clareza sobre o namoro seguindo seus sentimentos. Como me sinto em relação a essa pessoa? Estou pronto para que esse relacionamento avance? Eu quero me casar com essa pessoa? Essas são boas perguntas a serem feitas. Mas não são as únicas perguntas. Pessoas sábias não descartam seus sentimentos, mas também não confiam totalmente neles. Elas sabem que precisamos mais do que sentimentos para tomar decisões e escolhas sábias, e ainda mais em relacionamentos amorosos. Elas sabem que existem pelo menos duas outras dimensões para um senso de clareza saudável (pense em altura, largura e profundidade): primeiro, a confirmação de nossa comunidade. E então, muitas vezes esquecida ou pelo menos dada como certa, a oportunidade de realmente buscar ou casar com uma pessoa em particular. Portanto, temos três dimensões de clareza cristã saudável: desejo, comunidade e oportunidade.
Altura: Clareza do desejo
Primeiro, considere a clareza do desejo. É bom querer casar. Na verdade, de acordo com as Escrituras, o próprio desejo é a sabedoria:
- “O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do Senhor” (Pv 18.22).
- “Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor excede o de finas jóias” (Pv 31.10).
É bom procurar um cônjuge digno e, ainda melhor, encontrar um. É bom querer casar. Isso não significa que não existam muitas maneiras ruins de buscar o casamento (existem), ou que o desejo de casamento não possa ser distorcido e desequilibrado (pode ser). Mas Deus fez a maioria de nós querer o casamento.
Agora, você não precisa querer casamento para seguir a Jesus. Algumas das pessoas mais felizes e piedosas da igreja nunca se casam. O apóstolo Paulo, por exemplo, celebrou a benevolência de ser solteiro por toda a vida (1 Co 7.7–8). Mas se você quer se casar, esse desejo não é algo para se esconder ou de que se envergonhar. Deus ama nosso desejo de nos casarmos — de nos prometermos a alguém do sexo oposto, de nos tornarmos uma só carne, de gerar e criar filhos se ele quiser.
Além disso, poderíamos dizer muito sobre desejo, sentimentos e atração, mas, de maneira mais simples, biblicamente falando, estamos procurando principalmente alguém com quem possamos nos casar . Estamos procurando alguém com quem possamos ter prazer e viver para Cristo. Paulo diz às viúvas na igreja (e a todos os crentes por extensão): “…fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor” (1 Co 7.39). O casamento, para os cristãos, nunca é simplesmente sobre sexo, companheirismo, filhos ou eficiência na vida. Queremos nos casar no Senhor .
Queremos receber a palavra de Deus juntos, orar juntos, ir à igreja juntos, servir juntos. Queremos que nossos casamentos digam às pessoas de maneira consistente e bonita o que Jesus fez por nós. Queremos que nosso casamento nos torne mais semelhantes a Cristo, transformando-nos lenta mas seguramente em alguém novo, alguém santo. Isso significa que, quando procuramos alguém com quem possamos nos casar, não procuramos primeiro algo físico, financeiro, conveniente ou divertido (embora consideremos alguns desses fatores). Estamos procurando Deus um no outro e em nosso futuro juntos.
Assim, a primeira dimensão da clareza é o nosso próprio desejo. Eu quero namorar ou casar com essa pessoa? E se sim, estou convencido de que meu desejo agrada a Deus – que ele quer um relacionamento como esse para mim? Se não tivermos certeza do que Deus pode pensar sobre isso, muitas vezes ele revela sua vontade nas outras duas dimensões de clareza.
Largura: Clareza da comunidade
A segunda dimensão de clareza de que precisamos no namoro vem da comunidade. Dos três, este é o meu maior fardo para os jovens crentes hoje.
Namoro muitas vezes nos isola de outros cristãos em nossas vidas. Quanto mais nos aproximamos de um namorado ou namorada, mais afastados podemos ficar de outros relacionamentos importantes. Satanás adora isso e o encoraja a cada passo. Para resistir a ele, precisamos lutar contra o impulso de namorar sozinhos em um canto e, em vez disso, atrair nossos relacionamentos de namoro para outros relacionamentos importantes.
Novamente, Provérbios está cheio de sabedoria ao longo destas linhas:
- “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança” (Pv 11.14).
- “O caminho do insensato aos seus próprios olhos parece reto, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos” (Pv 12.15).
- “O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria” (Pv 18.1).
Em outras palavras, apoie-se fortemente naqueles que o conhecem melhor, que o amam de verdade e estão dispostos a lhe dizer quando você está errado. Por experiência pessoal e aconselhamento de outras pessoas, descobri que essa é uma regra de ouro no namoro cristão, a regra que geralmente faz a diferença entre relacionamentos saudáveis e não saudáveis.
Apoie-se fortemente naqueles que o conhecem melhor, que o amam de verdade e estão dispostos a lhe dizer quando você está errado.
Somente as pessoas que amam a Cristo mais do que amam a você terão a coragem de lhe dizer com amor que você está errado no namoro — errado sobre uma pessoa, errado sobre o tempo, errado sobre o que quer que seja. Só eles estarão dispostos a dizer algo duro, mesmo quando você estiver tão feliz e apaixonado. A maioria dos colegas acompanhará você porque estão entusiasmados por você, mas você precisará de muito mais do que a empolgação deles – você mesmo terá muito disso. Você precisará de verdade, sabedoria, correção e perspectiva. Apoie-se nas pessoas que mais o conhecem, que o amam de verdade e que dirão quando você estiver errado.
Considere, então, três tipos de pessoas que poderiam ser esse tipo de comunidade para você em sua busca pelo casamento (eu diria até que deveria ser esse tipo de comunidade para você). Que conselheiros seria sábio envolver de maneira significativa?
FAMÍLIA DA IGREJA
Primeiro, evite deixar sua família da igreja para trás. Normalmente, não pensamos em nossa família da igreja como parte de nossa busca pelo casamento (talvez até nos desgostamos com a ideia), mas, por mais desconfortável ou inconveniente que possa parecer, Deus dá a responsabilidade primária e final de nossa prestação de contas à igreja local (Mt 18.15–20; Hb 13.17).
Deus quer que a igreja seja como aquele caminho áspero na beira da estrada, aqueles sinalizadores que quando passamos com o pneu por cima o carro emite ruídos para nos certificarmos que estamos acordados e alertas enquanto dirigimos. A igreja é como isso em nossa vida, inclusive no namoro. Se não incluirmos nossa família da igreja em nossas rotinas e relacionamentos, provavelmente cairemos em uma vala espiritual ou relacional. A igreja, entretanto, pode cercar um casal com estrutura, direção e segurança.
Agora, isso não significa que você precisa se levantar durante os anúncios e dar a toda a igreja uma atualização sobre seu relacionamento ou imprimir uma atualização semanal no boletim. Mas apoie-se em outros cristãos, especialmente alguns que são mais velhos e mais maduros do que você. Deixe que algumas pessoas com quem não sairia no fim de semana façam parte do seu pensamento e da sua tomada de decisões em matéria de namoro. Preste contas a uma igreja local: conecte-se, conheça e seja conhecido por outras pessoas, procure pessoas diferentes de você e atraia-as para o que você está pensando, querendo e experimentando no namoro. Não deixe a igreja para trás.
MAMÃE E PAPAI
Em segundo lugar, conte com o amor que criou e educou você. “Honra teu pai e tua mãe” (Êx 20.12). É tão simples, mas muitas vezes pode ser desafiador, e ainda mais no namoro. Em nossos dias, é cada vez mais inesperado envolver seus pais. Parece antiquado e desnecessário. Os pais são normalmente uma formalidade, uma vez que já tomamos nossas próprias decisões – a menos, é claro, que queiramos ouvir a Deus e buscar o casamento com mais sabedoria. A sabedoria diz: “Ouve a teu pai que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer. . . . Alegrem-se teu pai e tua mãe, e regozije-se a que te deu à luz” (Pv 23.22, 25).
Talvez não estejamos de acordo com nossos pais. Talvez nossos pais nem sejam crentes. Talvez nossos pais sejam divorciados e discordem um do outro sobre o que devemos fazer. Talvez um ou ambos nem estejam interessados em se envolver em nosso relacionamento. Não podemos forçar nossos pais a cuidar ou cooperar, mas podemos honrá-los e pensar em maneiras criativas de incentivá-los a se envolver e solicitar sua opinião e conselhos ao longo do caminho. Nossos pais podem estar totalmente errados, mas a maioria dos pais não quer intencionalmente nos prejudicar ou impedir que sejamos felizes. Eles nos conhecem e nos amam há mais tempo do que qualquer outra pessoa e querem genuinamente o que acham que é melhor para nós.
E se amássemos nossos pais com mais intenção e alegria quando discordássemos deles? O que isso diria para eles, para o pretendente, para o resto de nossos amigos e familiares sobre nossa fé em Jesus? Conte com o amor que criou e educou você.
AMIGOS DE VERDADE
A próxima linha de defesa no namoro serão os amigos que nos conhecem melhor – e que amam a nós e a Jesus o suficiente para nos responsabilizar. Não precisamos apenas de amigos. Todo mundo tem amigos. Precisamos de amigos de verdade — amigos que nos conheçam bem, que estejam regular e ativamente envolvidos em nosso relacionamento e que nos amem o suficiente para nos fazer perguntas difíceis ou nos dizer quando estamos errados.
Mesmo depois de Deus nos resgatar de nosso pecado, nos tirar da cova e colocar seu Espírito dentro de nós, ainda lutamos contra o pecado remanescente e somos derrotados por nós mesmos. Precisamos de amigos na luta para nos ajudar a ver onde estamos errados ou fracos. Não espere que um amigo venha perguntar como vão as coisas. Procure esses poucos amigos e compartilhe abertamente com eles. Vocês podem fazer perguntas um ao outro como estas:
- Sobre o que vocês dois conversam? Como é uma conversa típica?
- Quão longe você foi fisicamente, onde você traçará a linha e em que situações você experimenta mais tentações?
- O que você está aprendendo sobre ele (ou ela)? Você está se aproximando ou se afastando da clareza sobre o casamento?
- Como seu relacionamento afetou sua saúde espiritual, incluindo vida de oração, leitura da Bíblia, envolvimento na igreja local e ministério para outros?
Alguém faz perguntas como essas a você? Quem são os amigos que vão atá este ponto com você? Se você não os tem, conhece alguém que poderia se tornar esse tipo de amigo? Você conhece alguém que pode precisar de você para ser esse amigo para ele? Se você quer namorar bem, faça o que for preciso para ter alguns amigos de verdade.
Profundidade: clareza de oportunidade
Temos a clareza do desejo, a clareza da comunidade e agora, finalmente, a clareza da oportunidade. Nossos corações e nossa comunidade não são suficientes para nos dar a clareza de que precisamos. Nosso coração falará (através de nossos desejos), nossos amigos falarão (através da boa comunidade) e então Deus falará (através da oportunidade). Realmente, Deus fala de todas as três maneiras, mas às vezes ele fala mais claramente desta última maneira. Em outras palavras, ele fala por meio de sua providência. O relacionamento dá certo, ou não dá. As circunstâncias se alinham, ou não. Sentimentos e cronogramas combinam, ou não.
Se Deus nos nega algo de bom, não é porque quer nos prejudicar. Sempre será assim.
Às vezes, Deus dá a clareza do que precisamos no namoro simplesmente fazendo algo fora de nosso controle. Você pode se apaixonar por alguém, e seus amigos e familiares podem achar que é uma ótima ideia, e o casamento ainda pode não acontecer. Talvez o outro não retribua; a pessoa pode preferir apenas a amizade. Talvez a pessoa acabe namorando e se casando com outra pessoa. Talvez ela se mude para estudar ou trabalhar, e a distância seja muito longa. Deus esclarece sua vontade esclarecendo nossos próprios desejos, mas também esclarece sua vontade de outras maneiras.
Provérbios 16:33 diz: “A sorte se lança no regaço” – ou na mensagem de texto, ou na chamada, ou no buquê de flores – “mas do Senhor procede toda decisão”. Isso soa cruel? Por que Deus nos daria um bom desejo por algo (ou por alguém) e depois não nos daria? Uma das lições mais importantes a aprender sobre seguir a Jesus é que existem mil boas respostas para essa pergunta.
Se Deus retém algo bom de nós, não é porque ele quer nos prejudicar. Sempre será assim. “Sabemos”, diz Paulo, “que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). “Nenhum bem sonega aos que andam retamente” (Sl 84.11). Não, Deus retém o bem de seu povo quando ainda não é bom o suficiente – quando ele quer e planeja algo melhor para nós. Portanto, não presuma que um bom desejo confirmado por bons amigos seja bom para você. Assuma que Deus sabe o que é realmente bom para você.
Ao orar e buscar o casamento, confie em Deus, em seu amor onisciente e infalível por você, para tornar clara a vontade dele para você de três maneiras – desejo, comunidade e oportunidade.