Um blog do Ministério Fiel
Pequeno ou GRANDE?
A confusão ateísta quanto à importância, capacidade e propósito do ser humano
Segundo informações da NASA (“Solar System Portrait”, JPL, Caltech), esta imagem colorida acima é parte do primeiro “retrato” do sistema solar feito pela sonda espacial Voyager 1 na década de 1990, e foi registrada a uma distância de mais de 6 bilhões de quilômetros da Terra, que foi apelidada de “Pálido Ponto Azul”, sendo um mero ponto luz do tamanho de apenas 0,12 pixels [i].
Um popular astrofísico, conhecido por seu trabalho como divulgador científico na televisão do final do século XX, escreveu um livro com o mesmo título da imagem da Voyager 1, que consta entre os livros mais vendidos de 1995. Isto mostra a sua popularidade na época.
Nos dias atuais (século XXI), onde a divulgação de fatos científicos se tornou praticamente instantânea com os recursos da internet, outro popular astrofísico tem “herdado a missão” do anterior (século passado), influenciando uma legião de novos fãs, conduzindo-os através de uma cosmovisão condizente com o humanismo, o naturalismo filosófico (ateísmo) e o reducionismo materialista, declarando que tudo que existe pode ser reduzido a matéria e energia.
Em um vídeo registrando uma de suas palestras na internet, este popular astrofísico do século XXI responde a uma pergunta feita por um garoto de apenas 6 anos de idade: “Qual o propósito ou o sentido da vida?”. Essencialmente, a resposta deste conhecido astrofísico, de acordo com a sua cosmovisão notoriamente humanista, materialista e ateísta, foi que o ser humano não precisa ter necessariamente um propósito externo para a sua vida, mas ele mesmo pode criar, estabelecer ou fabricar o propósito ou o objetivo para a sua própria vida. Apesar de ter mostrado “consistência interna”, ou seja, concordância com as próprias declarações da sua cosmovisão materialista, vamos analisar a resposta deste astrofísico, que inclusive é uma declaração muito comum entre os ateus humanistas, em comparação com a resposta bíblica segundo a cosmovisão cristã.
Segundo o cético ateu, o ser humano seria pequeno quando comparado com a imensidão do cosmos, sendo formado apenas de “poeira cósmica” constituída de elementos químicos reciclados das estrelas, e habitando em um “Pálido Ponto Azul” do vasto universo. Contudo, segundo o entusiasmado humanista, o ser humano seria GRANDE quando vislumbrado a partir da sua própria lente, por causa dos “grandes feitos” que considera terem sido realizados ao longo da história da humanidade.
Será que compreendemos bem o ponto de vista do naturalista filosófico (ateu)? Vamos continuar analisando sua lógica e racionalidade?
Então, de acordo com o que tenta declarar o naturalista filosófico (ateu), segundo a sua visão de mundo alicerçada no reducionismo materialista, o ser humano seria pequeno e insignificante, pois não passaria de um conjunto de células, moléculas, átomos e partículas subatômicas. Além disso, o ser humano seria GRANDE na sua autossuficiência, pois poderia até mesmo criar um significado para a sua própria vida, segundo o humanista ateu.
Mas, afinal de contas, o ser humano é pequeno ou GRANDE, segundo a cosmovisão do ateu? Eles precisam considerar as opções e tomar uma decisão definitiva!
O que será que exalta e enGRANDEce mais o ser humano?
Seria o reducionismo materialista da cosmovisão naturalista, que considera o ser humano apenas como um conjunto estruturado de partículas subatômicas, que sobreviveu à sorte aleatória da seleção natural darwiniana, e que teria similaridade genética com um símio?
Ou será a cosmovisão cristã? Nesta visão de mundo, o ser humano é considerado não apenas como um conjunto de células, mas possuindo corpo e alma, e tendo sido criado como criatura especial (Sl 8:1-5), feito à imagem e semelhança (Gn 1:26-27) de um Deus Criador, que também criou todo o universo.
A grande lacuna de coerência da cosmovisão materialista e reducionista dos ateus não está apenas em responder, de maneira lógica e satisfatória, à pergunta “Qual o propósito ou o sentido da vida?”. Existem pelo menos 5 perguntas fundamentais (ver lista abaixo), que juntas devem ser respondidas de forma honesta, lógica e coerente com os seus pressupostos, para constituir e estruturar a cosmovisão de qualquer ser humano, mesmo que esta pessoa não tenha uma consciência clara de que possui uma cosmovisão.
1) Origem: De onde viemos?
2) Identidade: Quem somos?
3) Propósito: Por que estamos aqui?
4) Ética: Como devemos viver?
5) Destino: Para onde vamos?
Nas palavras de Erwin Schrödinger, prêmio Nobel em física de 1933: “Eu estou muito atônito em perceber que a visão científica do mundo real à minha volta é muito deficiente. Ela dá um monte de informações factuais, coloca toda a nossa experiência numa ordem magnificamente consistente, mas é assustadoramente silenciosa sobre toda a diversidade que está muito perto do nosso coração, o que realmente importa para nós… De onde eu vim, para onde eu vou? A ciência não pode nos dizer uma palavra sobre porque a música nos encanta, e como uma velha canção pode nos levar às lágrimas”.
Outro premiado cientista corrobora as palavras acima. Sir Peter Medawar, ganhador do Nobel em fisiologia/medicina de 1960, faz a seguinte declaração no livro Advice to a Young Scientist: “Não há caminho mais rápido para um cientista trazer descrédito sobre si mesmo e sobre a sua profissão do que veementemente declarar – particularmente quando nenhuma declaração de nenhum tipo foi requisitada – que a ciência conhece, ou dentro em breve irá conhecer, as respostas para todas as questões que valem a pena perguntar… A existência de um limite para a ciência é, contudo, exposto pela sua inabilidade em responder questões pueris e elementares sobre as primeiras e últimas coisas, como por exemplo: ‘Como tudo começou?’ ‘Para que todos estamos aqui?’ ‘Qual é o sentido da vida?’…”.
O propósito e a esperança que podem ser encontrados nas respostas cristãs e bíblicas, para algumas das perguntas mais importantes que um ser humano pode fazer, podem preencher e “fazer sossegar” a alma, o coração e a mente de qualquer filho ou filha de Deus com tal profundidade, que pode fazê-lo(a) salmodiar (cantar) como o rei Davi no Salmo 131.
No âmbito destas questões, o ateu é conduzido pela incerteza, enquanto o cristão é conduzido pela certeza. Para o ateu, que acredita que a morte é a “estação final” da vida, a incerteza de não saber quando a sua morte ocorrerá, o faz buscar, muitas vezes, por uma vida comprometida com o hedonismo, cujo lema principal é carpe diem [ii], ou seja, “aproveite o momento pois é tudo o que há”.
Para o verdadeiro cristão, que crê na inerrância e na autoridade das Escrituras, a certeza das promessas, da aliança e da suficiência e eficácia da obra redentora do Senhor Jesus Cristo é o bastante para manter a certeza, por fé, de um mundo vindouro, de uma vida após a morte, onde o próprio Senhor “lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4).
Esperamos, em Deus, que o menino de apenas 6 anos de idade que ouviu a resposta do astrofísico quanto ao “propósito ou sentido da vida”, também tenha a oportunidade de ouvir a resposta cristã e bíblica para esta pergunta.
Quem é verdadeiramente Grande? Veja a clara resposta, por exemplo, nos Salmos (grifos do autor):
Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus (48.1)
O teu caminho, ó Deus, é de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deus? (77.13)
Pois tu és grande e operas maravilhas; só tu és Deus! (86.10)
Porque o SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses (95.3)
Porque grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses (96.4)
eu sei que o SENHOR é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses (135.5)
Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado; a sua grandeza é insondável (145.3)
Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir (147.5)
Soli Deo Gloria
Notas:
[i] https://voyager.jpl.nasa.gov/galleries/images-voyager-took/solar-system-portrait
[ii] “carpe diem”, encontrado na ode 1.11 do poeta romano Horácio.