A mulher que hospedou Jesus

Devocional Deslumbradas aos pés de Jesus | Capítulo 7

Este é o sétimo de 10 capítulos da série Devocional Deslumbradas aos pés de Jesus.

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Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. 

(Lucas 10.38-42)

A visita fora inesperada. O Mestre já começava a falar. Era tanto para aprender e tão pouco tempo para usufruir! O chão ainda estava sujo, mas não me contive. Larguei a vassoura e sentei-me aos seus pés. A poeira subiu em plumas. Um dos discípulos espirrou; outro riu com meu entusiasmo. Não me importei. As palavras do Mestre eram água que saciavam a alma. Que alívio profundo beber direto da fonte!

Chamei Marta num sussurro animado. Ela olhou-me irritada. Catou a vassoura do chão e foi cozinhar. 

Enquanto o Mestre falava, a exasperação dela tornava-se cada vez mais evidente, seus suspiros mais e mais audíveis. Os relances dela me castigavam. Eu era a única mulher sentada. Baixei a cabeça um tanto envergonhada. Será que estava errada? Como, se o próprio Messias estava aqui? Percebi que ele me observava compassivamente e a certeza da minha escolha concretizou-se no meu coração. Eu testemunhava a promessa encarnada pela qual Abraão tanto ansiava. Meu lugar era aos seus pés.

Mas Marta estava determinada em ser a melhor anfitriã que o Mestre havia visto. Jesus pausava e sorria quando ela fazia mais barulho do que o necessário, chamando atenção ao seu esforço. Ele olhou-me mais uma vez e piscou. Aqueceu-me a alma e nada mais importava no mundo além de sua presença. Como Marta não percebia que, na verdade, Ele era o Anfitrião?

Mas a alegria dela eram os elogios e agradecimentos de suas visitas. No entanto, hoje, seus planos para impressionar o Mestre estavam sendo todos frustrados. Quando um prato caiu, finalmente, sua raiva transbordou. Abordou-o ousadamente.

“Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.”

Meu sangue borbulhou. Quem ela achava que ele era? Eu a teria respondido, mas ele não me permitiu. Ele a amava também. Com a voz mais terna, ele respondeu: “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”

Ela não conseguiu falar mais nada. Afinal, como sua ira poderia retrucar a uma resposta tão branda? E como poderia eu ficar irada com minha irmã tendo visto tão profunda mansidão do Salvador?

A Bíblia não revela mais nada sobre a reação de Marta ou Maria. Curiosamente, tais narrativas bíblicas com finais aparentemente incompletos parecem-me terminar com todos os olhos se voltando a mim, a leitora. A quarta parede se dissolve e o Espírito me interroga. Não importa a reação de Marta e, sim, a minha.

Como responderei ao Anfitrião?

Há dias em que o caos parece tomar conta do meu coração e vivo guiada apenas pelas urgências. Ouço a voz do Anfitrião, mas quero primeiro terminar o que estou fazendo. Acredito que, ao servir-lhe, minha ausência está desculpada. Quando ele frustra meus planos, ouso abordá-lo irada.

“Não te importas, Senhor, que eu pereça? Não vês a importância do que faço pelo Senhor?”

Então, encontro-me com a Verdade proferida em ternura pelo Anfitrião. A casa, os planos, os afazeres e, especialmente, a glória, não são meus. São dele.

É fácil deslumbrar-me com os prazeres que creio conquistar com meu próprio esforço, mesmo no serviço “piedoso”. Mas o serviço sem deleitar-me na presença do Anfitrião é vaidade. Como o servirei de todo coração senão for por amor? Como o amarei se não o conhecer? Como o conhecerei se não gastar tempo na sua Palavra? E como posso eu gastar tempo na Palavra sem deslumbrar-me na sua Presença?

Não é uma mera opção, mas a necessidade mais profunda de todas nós. O Anfitrião está falando. Como você responderá?

Por: Hendrika Vasconcelos. © Voltemos Ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Revisor: Vinicius Lima. Editora da série: Renata Gandolfo.