Deslumbradas, confiantes e obedientes aos pés de Jesus

Devocional Deslumbradas aos pés de Jesus | Capítulo 8

Este é o oitavo de 10 capítulos da série Devocional Deslumbradas aos pés de Jesus.

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“Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galileia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho. Mas Jesus lhe disse: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. Estavam ali seis talhas de pedra, que os judeus usavam para as purificações, e cada uma levava duas ou três metretas. Jesus lhes disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmente. Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram. Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho (não sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que haviam tirado a água), chamou o noivo e lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora. Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.”

(João 2.1-11)

Nessa passagem, João registra o primeiro “sinal” (a palavra preferida de João para “milagre”) de Jesus (2.11), que consistiu na  manifestação da sua glória mediante a transformação de água em vinho em um casamento em Caná da Galileia. Com esse sinal, Jesus deu início ao seu ministério público. E, como é a finalidade de sinais, especialmente aqueles realizados por Jesus, este também aponta para algo muito maior do que o milagre em si, a saber: revelar que Jesus é Deus, que “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1.2, 3). Seu objetivo seria levar os discípulos de Jesus a crerem nele, a se submeterem ao seu senhorio e nele descansarem. 

Diante de tantos milagres que ele viria a operar no curso de seu ministério, como curas e até mesmo ressurreições, talvez nos sintamos tentados a considerar a transformação de água em vinho menos relevante ou, pelo menos, anticlimático. Mas não foi irrelevante! Um pouco de contexto nos ajudará a entender melhor o episódio. Naquela época e cultura, as celebrações de casamento eram bem diferentes das que estamos acostumados no Brasil. Elas envolviam toda a comunidade e podiam durar até uma semana. E tudo isso sob a responsabilidade financeira do noivo. O vinho era um dos elementos mais importantes da festa e seria um grande constrangimento para o noivo deixar a bebida acabar logo nos primeiros dias de festa. Em uma “cultura tradicional de honra e vergonha”, tal descuido acarretaria grande vergonha pública para o noivo. 

É bem provável que a mãe de Jesus estivesse envolvida na organização da festa. Isso explicaria o fato dela estar a par da situação envolvendo o vinho (Jo 2.3). Muito se especula sobre o fato de Maria ter levado este problema a Jesus, como se ela soubesse que ele poderia realizar um milagre ali. Mas o final da passagem deixa muito claro que este foi o primeiro milagre de Jesus e que, por isso, dificilmente ela poderia ter previsto a ação de seu filho. É fato que Maria esperava alguma atitude da parte de Jesus (Jo 2.5), mas a atitude que ela esperava dele poderia muito bem ser apenas aquela expectativa natural de uma mãe em relação ao seu filho mais velho, do qual ela dependia como mãe.

A resposta de Jesus é amorosa (a expressão “mulher” seria o equivalente em nossa cultura a algo como “senhora”). Ela tinha o objetivo de esclarecer a natureza do relacionamento filial entre ele e seu Pai celestial, o único a quem Jesus devia obediência irrestrita. Perceba, sua mãe precisava crer nele não como seu filho, mas também como o Deus Filho, e se submeter a ele em adoração e obediência. E é exatamente o que vemos Maria fazer após a resposta de Jesus: “Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2.5).  Maria compreende a repreensão amorosa de Jesus e responde com obediência e confiança no Filho de Deus!

Então, Jesus transforma água em vinho, transformando também uma “gafe” social de extrema vergonha para o noivo em fartura. Além de transformar uma grande quantidade de água em vinho, ela ainda o fez com vinho de qualidade muito superior, surpreendendo até mesmo o mestre-sala (Jo 2.10). Muito mais do que isso! Para todos os que viram esse primeiro milagre, Jesus manifestou a sua glória de forma que “os seus discípulos creram nele” (Jo 2.11). 

À medida em que lemos o relato de João, a glória de Cristo é manifestada também a mim e a você. Nós que tivemos os olhos abertos pelo Espírito Santo e podemos enxergar a glória de Cristo, a “glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14), e crer nele. Você e eu, que tivemos a vergonha do nosso pecado assumida por Cristo na cruz do Calvário, fomos lavadas pelo sangue do Cordeiro perfeito e transformadas de inimigas em Filhas amadas de Deus – água em vinho.

A glória de Deus é manifestada todos os dias a mim e a você. Não há “irrelevante”. Não há aflição “pequena demais” que não possamos levar com submissão e confiança a Deus Pai em oração, em nome do seu Filho Jesus. Nosso Pai se importa com doenças, mortes e com a nossa vergonha. E que em todas essas coisas, extraordinárias e ordinárias, aprendamos a descansar na soberania de Deus, que controla todas as coisas e a quem podemos nos deslumbrar com confiança e obediência. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36).

Por: Ana Paula Nunes. © Voltemos Ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Revisor: Vinicius Lima. Editora da série: Renata Gandolfo.