Um blog do Ministério Fiel
O que a torna uma mulher de verdade?
Seja o que Deus a criou para ser
Quem se importa se nos colocamos na categoria de principalmente humana e de mulher como uma faceta disso? Ninguém está negando sua condição feminina; só está procurando focar as coisas importantes, não apenas as coisas femininas. Concordo, em parte, com esse pensamento. Mas você já considerou que tudo que fazemos é feminino, não pelo tipo de atividade em que estamos envolvidas, mas precisamente por que somos mulheres exercendo essas atividades?
Minha melhor razão para afirmar que não devemos pensar no ser mulher apenas como uma faceta do que somos é porque Deus não faz isso, e tudo que Deus faz tem uma boa razão. Ter sido criada mulher não é algo moralmente neutro; é algo positivo. Quando Deus nos criou, ele nos chamou mulher e disse: “Muito bom” (Gn 1.31). Jamais indica que isso seja algo que devemos transcender por meio da nossa humanidade, porque nossa feminilidade é a nossa humanidade.
Quando escolhemos ver nossa condição feminina como apenas um aspecto de nós, tornamos esse aspecto pequeno e desprovido de glória, às vezes condenado a uma tola caricatura. Diminuímos a visão do que Deus criou; diminuímos a nós mesmas. Quando fazemos das partes distintas da condição feminina sua totalidade, mandamos uma mensagem confusa às nossas filhas e ao mundo. Estamos dizendo que ser mulher se limita a essas partes, ao invés de mostrarmos a amplitude e a profundidade de sermos inteiramente mulheres – mesmo nas áreas que são equiparáveis às dos homens. Sendo assim, se elas não gostam de bonecas ou nunca se casam, podem até pensar que sua feminilidade está morta. Com toda a confusão no mundo sobre isso, a igreja tem uma mensagem de esperança, clareza e amor: Deus a fez mulher, e isso é muito bom. Isso não se restringe à sua posição, ou profissão, ou ao fato de ter parido.
Uma visão errada da feminilidade se torna ainda mais complicada com a tendência dos cristãos de falarem sobre ser mulher de verdade ou ser homem de verdade. Em artigos, livros e outros meios de comunicação, com frequência os cristãos admoestam-se a serem homens e mulheres de verdade. É seu jeito de dizer: “Seja o que Deus a criou para ser” ou “Seja um homem piedoso ou uma mulher piedosa” — o que realmente é bom e necessário! Mas sem essa intenção, conclamar as pessoas a serem homens e mulheres de verdade pode passar a mensagem de que, se não agirem exatamente de certo modo, sua feminilidade ou masculinidade estará em jogo – que a criação por Deus de macho e fêmea depende da nossa capacidade de viver isso de maneira correta. Isso nos conduz exatamente ao pensamento transgênero. No modo transgênero de pensar, nosso ser interior é o que dita o que somos. No pensamento “homem de verdade” ou “mulher de verdade”, os comportamentos e as atitudes corretas são o que formam aquilo que somos. Mas isso não é verdade. Nossas atitudes e nossos comportamentos indicam a quem nós adoramos, mas não podem ditar o que somos. Só Deus pode fazer isso.
O que nos torna verdadeiros, como homens ou mulheres, é o fato de que Deus nos criou homens ou mulheres, assim como o que nos torna cristãos de verdade é o fato de Deus nos ter feito cristãos ao nos vivificar em Cristo. Nos dois casos, não ganhamos isso por mérito, ou alcançamos por nossos próprios esforços ou por nos sentirmos de determinado jeito. Ser cristã e ser mulher são ambas realidades graciosas, imutáveis, dadas e declaradas por Deus.
Filhas no Filho
Quando baseamos nosso valor em determinada categoria transcendente da humanidade em contraposição à feminilidade, jogamos numa narrativa antimulher que vai contra o projeto muito bom de Deus. Por que não assumir a visão de Deus? Temos valor porque Deus nos fez mulheres à sua imagem, com todas as complexidades e semelhanças que isso implica. Inteiramente mulheres, inteiramente valiosas, inteiramente dele.
Quando era jovem, passava bastante tempo com minha melhor amiga, Lynette. As pessoas frequentemente a confundiam comigo porque, após passarmos muitos anos juntas, nosso jeito de ser se tornou muito parecido. Era frequente nós dizermos as mesmas coisas, na mesma hora, ou pensarmos as mesmas coisas. Mas isso não me tornava Lynette nem a tornava Abigail.
Do mesmo modo, podemos ter os mesmos pensamentos que alguns homens com a mesma acuidade e podemos fazer as mesmas tarefas com a mesma habilidade, mas as fazemos como mulheres e eles as fazem como homens. Restringir o chamado de qualquer um desses às suas distinções ou diferenças (que são reais e significantes) diminui o chamado de ambos. Os homens são chamados a treinar seus filhos; mulheres são chamadas para discipular as nações. Homens são chamados para praticar a hospitalidade; mulheres são chamadas para trabalhar com afinco como para o Senhor, e vice-versa.
Grande parte do nosso chamado como mulheres ou homens é intercambiável, mas nem tudo. Os chamados específicos à mulher incluem ser auxiliadora, esposa, mãe, ensinar e treinar outras mulheres, dar prioridade ao lar e mais (ver Gn. 2.18; Tt 2.3-5). Esses chamados não são a totalidade do nosso ser como mulheres; são bons destaques dele.
Não podemos relegar o ser mulher à berlinda da vida e usar o fato de sermos humanas para tentarmos sobrepujar o ser mulher. Em vez disso, vamos reivindicar o que somos e ter prazer no que somos, com tudo que flui disso em Cristo: santidade, mansidão, espinha dorsal de aço, destemor, amor, dar vida, força, fraqueza, obediência e muito mais. Tudo isso vem do que somos: mulheres cristãs. O mundo precisa de nós. Precisa de mulheres que compreendem o privilégio e a glória de ser mulher. Precisa de mulheres que estão em paz com o corpo que Deus lhes deu, que não diminuem ou renegam aquilo para o qual foram criadas, ou, por extensão, o Criador. Que história Deus está contando! Eu, como uma dessas, sou grata por ser inteiramente mulher.
Tal compreensão de nós mesmas como inteiramente mulheres que estão inteiramente em Cristo torna preciosos, e não um problema, estes versículos:
Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa. (Gl 3.26-29)
Que alegria saber que ser filha não me impede de revestir-me do filho de Deus pela fé! Que milagre ouvir que minha feminilidade não me desqualifica para ser herdeira conforme a promessa dada ao primeiro homem judeu, Abraão. Em vez de achar que esse chamado é para descartar o ser feminina para me revestir de Cristo, vejo que a beleza está justamente na diversidade, não no achatamento da androginia ou no silenciamento da distinção. Haverá suecos no céu? Haverá africanos? Latinos? Mongóis? Judeus? Gregos? Sim. E não somos gratos porque Deus é poderosamente representado ao unir a diversidade para o louvor da sua glória? Assim também é com o homem e a mulher. A sua revelação a nós é que ele é refletido por ambos. Ele obtém maior louvor quando homens e mulheres o louvam. Homem e mulher são a sua imagem, mas nós, como mulheres, temos o privilégio de expressar inteiramente a nossa parte. Sem a nossa plena expressão, furtamos da plena glória de Deus.
Este artigo é um trecho adaptado com permissão do livro Mulher (a)típica, de Abigail Dodds, Editora Fiel.
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