Um blog do Ministério Fiel
A Vida de solteira de Anne Steel
Uma escolha consciente
Quando Anne tinha vinte anos, talvez tenha iniciado uma corte com um jovem chamado Sr. Elcomb, que mais tarde se afogou em um acidente aquático. Elcomb foi ao rio Wallop se banhar e, ao ingressar em uma parte mais profunda, acabou por ser levado pela correnteza. Em 1830, o historiador batista Joseph Ivimey escreveu, de maneira romântica, que essa tragédia aconteceu um dia antes do casamento de Anne e Elcomb. Tornou-se, então, voz corrente que o emocional de Anne nunca se recuperou. Entretanto, não há evidências – nem nos escritos subsequentes de Anne nem nos diários de sua madrasta – que indiquem ter ela sofrido perpetuamente, com o coração partido.
Sabemos de fato que, quando Anne tinha vinte e cinco anos, recebeu uma proposta de casamento do ministro da Capela Batista Particular em Bourton-on-the-Water, Benjamin Beddome (1717–1795). Ele também tinha vinte e cinco anos, e abriu seu coração em uma proposta apaixonada, até mesmo fazendo uma analogia do primeiro momento em que a viu à primeira visão de Eva por Adão em Paraíso perdido, de John Milton. Não temos registro da resposta de Anne. Parece que a eloquência de Beddome falhou em persuadi-la. Evidentemente, Beddome se recuperou o suficiente de seu desapontamento para se casar com Elizabeth Bothwell em um momento posterior.
Algum tempo depois, Anne recebeu propostas de casamento, mas ela fez a escolha consciente de permanecer solteira. Em uma carta que escreveu à sua meia-irmã após recusar uma dessas propostas – possivelmente a de Beddome –, ela disse que o pretendente tinha oferecido sua mão para ajudar a subir um lance de escada, quer dizer, se casar. Mas, quando ela observou o campo do casamento, escreveu: “Olhei e não vi flores; observei, sim, muitos espinhos, e suponho que existam mais escondidos debaixo das folhas, mas, como não há pastos o suficiente para cobrir metade deles, deve estar próximo do inverno, como penso que geralmente acontece quando olho para tal campo”.
Anne, então, permaneceu solteira. Mas sua solteirice deu a ela tempo de se dedicar à escrita de poesia e hinos, um dom com o qual o Senhor a abençoara ricamente. Cerca de dez anos antes de sua morte, sessenta e dois hinos foram publicados no hinário batista intitulado Uma coleção de hinos adaptados para a adoração pública (1769), mais conhecidos como a “Coleção Bristol”, produzidos para os batistas calvinistas por dois pastores: Caleb Evans e John Ash. Esse hinário deu aos hinos dela ampla circulação por todos os meios batistas e, com o tempo, seus hinos se tornaram tão conhecidos nos círculos batistas quanto os de Isaac Watts.
Anne compôs hinos de toda a gama de tópicos úteis à adoração congregacional: batismo, Santa Ceia, as três pessoas da Trindade, a livre oferta do evangelho. Contudo, escreveu também sobre muitos outros temas, como criação, exaltação de Cristo, convicção, hinos nacionais, hinos para funerais, aproximação da morte e vitória sobre a morte. Muitos de seus hinos focam na transitoriedade dessa vida e em Deus como o único bem verdadeiro.
Quando Anne morreu, em 1778, foi velada por seu irmão, pela segunda esposa dele, por suas sobrinhas e sobrinhos, pelo círculo da igreja e por seus amigos. Mas ela ainda era desconhecida do público cristão em geral, visto que seus poemas e hinos haviam aparecido sob o pseudônimo Teodósia. Esse anonimato era exatamente o que ela havia desejado durante a vida. Dois anos depois de sua morte, sua identidade tornou-se conhecida, quando Caleb Evans republicou os poemas e hinos.
Este artigo é um trecho adaptado com permissão do livro 8 Mulheres de Fé, de Michael Haykin, Editora Fiel
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