Relacionamentos à moda de Cristo

Capítulo 1 da série Relacionamentos à luz da Bíblia

Este artigo faz parte da série de Luciana Sborowiski chamada Relacionamentos à luz da Bíblia.

 

O relacionamento interpessoal é o processo de conhecer, interagir e criar laços com indivíduos ou um grupo. No trabalho, podem ser os colegas, chefes ou qualquer outra pessoa que chegue em nossa vida por meios profissionais.

Os relacionamentos tóxicos e abusivos manipulam e humilham, as pessoas se tornam vítimas de um controle excessivo por parte do outro.

Os meus relacionamentos são diferentes dos seus. Temos histórias diferentes, personalidades diferentes e circunstâncias diversas. 

Os relacionamentos são muito bons, porque foram criados por Deus, como um feliz reflexo de si mesmo (Gn 2.18-22; Gn 1.26,27). 

Fomos criadas para sermos relacionais

Os cristãos são chamados a viver juntos. A Vida cristã não foi projetada para ser vivida na solidão. O verdadeiro Cristianismo é uma vida vivida em comunidade. 

Deus é um ser relacional (relacionamento perfeito, satisfeito entre as 3 pessoas da Trindade). 

Os relacionamentos são uma corrente indissolúvel e imbatível que se encontra ao longo de toda a narrativa da história de Deus. Há um desejo dentro de cada uma de nós, de pertencer a uma comunidade e um medo da solidão. Deus, em sua misericórdia, nos dá pessoas para satisfazer esse desejo. Nos deu famílias, amigos, colegas de trabalho, igrejas.

“O solitário busca o seu próprio interesse e se opõe à verdadeira sabedoria”. Provérbios 18.1 

Existe algo de errado no isolamento

O reino de Deus não é edificado em torno de solitários, mas prospera e cresce na comunidade. Deus reflete a sua glória através da comunidade da igreja.

Nos evangelhos, vemos que Jesus se aproximava das pessoas de forma relacional e então agia, cumprindo seu dever.

Mas, o pecado bagunçou as coisas. Quando Adão e Eva desobedeceram, os relacionamentos foram quebrados. Primeiro, entre o homem e Deus; depois, entre o homem e a mulher. Os relacionamentos se transformaram em vergonha, conflito, inveja e amargura. O pecado estragou todos os relacionamentos.

Existem relacionamentos perfeitos? Não! Sabe por quê? Existem determinados perigos que enfrentamos em nossos relacionamentos:

Idolatria

Temos facilidade de colocar pessoas num pedestal, deixando que ocupem o lugar em nosso coração que pertence somente a Deus. O mundo grita para colocarmos nossa confiança nas pessoas! Pessoas que amamos muito estão ao nosso redor o tempo todo; podemos vê-las, tocá-las, abraçá-las. 

Ídolo de aprovação alheia. Queremos falar sobre nós mesmas, deixar outros saberem de nossas conquistas, inteligência ou problemas. Focadas em nós não conseguimos ver o outro. Assim como recebemos graça, devemos dá-la. 

ídolo do conforto. Não gostamos de nos envolver com pessoas machucadas, que dão trabalho.

Egoísmo

É também a idolatria de si mesma. Nos coloca no trono de nossos relacionamentos, dando-nos uma desculpa para tratar as pessoas como instrumentos de nossa felicidade. Faz com que nossos relacionamentos sejam sobre a recompensa pessoal, inteiramente focados no lucro, faz com que sejamos exigentes em vez de bondosas, invejosas em vez de gratas, arrogantes em vez de humildes. Cria-se o foco em si mesma. É o receber sem o doar. Para me servir. Se der trabalho, me afasto. 

Propósito dos relacionamentos

Para o mundo, os relacionamentos são fáceis, confortáveis, se referem completamente a nós mesmas. Rejeitar a idolatria e o egoísmo é difícil, mas é possível com ação do Espírito Santo. Com as lentes do evangelho, em vez de abraçar essa visão, nós lutamos, tendo um novo propósito, que derruba o egoísmo e marca cada relacionamento que temos. A questão central é: O evangelho transforma os nossos relacionamentos ao nos dar um propósito neles, tornarmos mais parecidas com Jesus. Deus tem um propósito duplo: crescimento pessoal e testemunho para o mundo.

Os relacionamentos entre pecadores são confusos, difíceis, muito trabalhosos e exigentes, mas os relacionamentos são projetados para resultar na glória de Deus, para nosso bem, enquanto ele é adorado e nossos corações são transformados. 

Facilmente tomamos relacionamentos que pertencem a Deus e os usamos para os nossos propósitos egoístas. O relacionamento de Deus para conosco é amoroso e redentor. Ele quer que nossos relacionamentos espelhem essas qualidades.

Quando nos esquecemos do chamado para refletir o amor de Cristo, tratamos os relacionamentos como se fossem nossos. Muito da nossa ira se deve ao fato de sermos ladrões de relacionamentos. Pessoas não pertencem a nós, elas pertencem a Deus. 

Os relacionamentos são projetados para resultar na própria glória de Deus.

Espelhar essas qualidades de Deus significa 3 coisas. 

  1. Deus tem um alvo mais elevado para os nossos relacionamentos do que a nossa felicidade pessoal.
  2. Deus quer que nossos relacionamentos sejam o contexto para as mudanças que ele opera em e através de nós. 
  3. Precisamos construir relacionamentos que encorajem esta obra de mudança.

Na oração sacerdotal Jesus orou por mim e por você (João 17): que o teu povo possa crescer e refletir a tua glória como testemunho para o mundo. Nossos relacionamentos precisam ser moldados, não por aquilo que nós queremos, mas por aquilo que Deus quer.

O que Deus ensina sobre relacionamentos

1. Ensina que devemos fazer o bem para as pessoas. 

Não importa com quem você está interagindo (nas redes sociais ou face a face) o evangelho é um chamado para amar. 

“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei”. (Romanos 13.8)

2. Ensina que somos chamadas para amar sacrificialmente. 

“O amor não procura os seus interesses.” (1 Coríntios 13.5)

O amor abre mão pelo outro em coisas que podem ser tão pequenas (última mordida; lugar na fila) até um sonho que muda a vida toda. O amor deixa de focar em si mesma e busca servir com gratidão.

3. Ensina que somos chamadas para servir com verdadeira alegria. 

“O amor não se exaspera, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.” (1 Coríntios 13.5, 6)

O amor se manifesta como a verdadeira felicidade das pessoas e a celebração (não o ressentimento) por seus triunfos e alegrias (diferente da inveja). Facilmente você chora com os que choram, mas se alegra com os que se alegram?

“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.” (Romanos 12.15) 

4. Ensina que somos chamadas para amar com paciência

“O amor é paciente” (1 Coríntios 13.4) 

O amor não se frustra quando está esperando demoradamente por um irmão, não fica com raiva quando seus planos são frustrados ou fica irritada com demora pra ser atendida ou respondida no zap. O amor é compreensivo com as pessoas.

5. Ensina que somos chamadas para amar com encorajamento

“Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo”. (1 Tessalonicenses 5.11) 

O amor encoraja compartilhando textos, ligações para orar, cafés, conversar sobre a Palavra, problemas e alegrias; faz companhia e encoraja no silêncio.

Você tem cultivado relacionamentos que agradam ao Senhor? A Palavra de Deus nos dá instruções para nos relacionarmos à moda de Cristo.

 

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Por: Luciana Sborowski. © Voltemos Ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Revisor: Vinicius Lima. Editora da série: Renata Gandolfo.