Estratégia para o envio de futuros líderes

Distinguindo os perfis mais adequados para plantação e revitalização de igrejas

Pergunte à maioria das crianças o que elas querem ser quando crescerem, e elas vão te dizer: Astronauta. Caçador de tempestades. Criador de Lego. É fofo, mas não é realista.

Faça essa pergunta a seminaristas ou a jovens líderes da igreja e eles vão se confundir com alguns cenários possíveis. Plantar uma igreja. Revitalizar uma igreja que está morrendo. Pastorear uma congregação estabelecida. Muitos simplesmente não têm certeza de onde e como seus dons são mais adequados para o trabalho.

Os pastores que estão desenvolvendo futuros líderes podem ajudar usando as sete perguntas a seguir, as quais podem fornecer um bom diagnóstico. Ao fazer isso, os pastores enviarão futuros líderes de forma mais estratégica.

  1. Ele é pastor ou gosta da ideia de ser pastor?

Esta é a questão. Devemos sempre começar aqui. Todo futuro pastor deve primeiro atender às qualificações bíblicas para o caráter e competência de alguém a quem é confiada a liderança na igreja (1 Timóteo 3.1–7; Tito 1.3–7; 1 Pedro 5.1–11). O que é um plantador de igrejas senão um pastor do povo de Deus? O que é um revitalizador de igrejas, um replantador, um pastor de igrejas estabelecidas senão alguém a quem foi confiada a tarefa de pastorear o rebanho de Deus?

De muitas maneiras, a dicotomia gritante entre plantação de igrejas e revitalização cria uma distinção que confunde em vez de ajudar. Tanto os plantadores quanto os revitalizadores devem aspirar às qualificações do ofício de pastor e não meramente alguma forma do trabalho que eles acreditam que se encaixa em seus dons ou habilidades.

Então comece aqui. Force os futuros líderes a lidar com o trabalho duro do desenvolvimento de seu próprio caráter. Veja se eles possuem um amor genuíno pelo povo de Deus. Observe como eles investem suas vidas como membros significativos da igreja. Permita que os pastores se distingam como pastores de fato antes de colocá-los em subcategorias pelas quais eles podem implementar sua função pastoral. Antes de ser um plantador ou revitalizador, é necessário ser um pastor. 

  1. Ele é mais eficaz em criar algo do nada ou em pegar algo e torná-lo melhor?

Uma vez que sabemos que temos um pastor, então podemos falar sobre alguma especialização. É verdade que alguns pastores são melhores plantadores de igrejas, outros melhores revitalizadores, e outros ainda melhores em entrar em uma igreja relativamente saudável e estabelecida. Isso não deve sugerir que um plantador eficaz não poderia também revitalizar, ou que alguém apto em revitalização pode não ser capaz de plantar uma igreja. Mas é sensato considerar a melhor forma de empregar a força dominante daqueles que enviamos.

Os plantadores começam do nada — sem sistemas, sem estrutura, sem pessoas — e constroem do zero. Alguns pastores gostam da liberdade, criatividade e fé que esse trabalho requer. Os revitalizadores, por outro lado, entram em algo que está quebrado e trazem estrutura, ordem e saúde. Aqueles com essa inclinação tendem a encontrar alegria no trabalho paciente necessário para identificar os problemas, construir unidade e redirecionar energia.

A melhor maneira de discernir qual destes se encaixa em um futuro líder é olhar para o histórico de sua vida e ver onde ele experimentou alegria e viu frutos no passado. Se o ministério passado não der indicação, então a igreja atual fornece um contexto para experimentação. Dê aos futuros líderes algo que está quebrado e veja o que eles fazem com isso ou dê a eles uma visão para algo que não existe e veja se eles podem dar vida a isso.

  1. Ele se relaciona melhor com pessoas de dentro ou de fora?

Não é se os pastores terão que liderar com visão, mas com quem eles devem começar a transmitir uma visão.

Pastores que lideram igrejas estabelecidas em direção à saúde começarão com um núcleo existente de frequentadores da igreja. Essas pessoas podem ou não ser cristãs. Elas podem não estar investidas significativamente na missão de Deus. Dependendo do grau de disfunção, elas provavelmente foram feridas por líderes anteriores e podem ter se apegado à igreja como uma organização e não à sua missão. Esses pastores entrarão nesse labirinto de complexidade e obrigarão algumas dessas pessoas a redirecionar sua energia para uma nova visão para o futuro da igreja. Eles também lançarão uma visão que faz com que alguns optem por sair e ir para outro lugar.

Em contraste, os plantadores de igrejas começam com novos relacionamentos. Embora possam ter uma equipe de plantação de igrejas ou alguns primeiros convertidos a Cristo, essas pessoas são muito menos conectadas do que os membros geracionais de uma igreja estabelecida. Frequentemente, os plantadores de igrejas começarão com não crentes que chegam à fé e se entregam à missão. Outras vezes, eles investirão em cristãos imaturos que nunca foram discipulados e veem pouco valor na igreja. Quem é atraído pela visão desse líder é um indicador-chave de onde ele prosperará.

  1. Ele tem amor genuíno pelos santos idosos?

Há uma diferença entre o fato de um futuro líder poder ser paciente com os cristãos mais velhos ou se ele realmente encontra alegria nesse trabalho.

O trabalho paciente com os santos idosos não será opcional para revitalizadores e pastores de igrejas estabelecidas. Eles assumirão uma função em que lidar com esses membros não será uma novidade. Muitos podem ter conexões geracionais com a igreja. Qualquer pessoa capaz de trazer saúde a uma igreja terá de se envolver no trabalho árduo de promover relacionamentos, cultivar a confiança e cuidar desses santos idosos.

Os plantadores, por outro lado, têm um desafio diferente quando se trata de santos idosos. Intencionalmente ou não, muitas igrejas plantadas são compostas por jovens que adotaram a igreja rapidamente. Para que um ministério vibrante e multigeracional crie raízes, no entanto, a igreja deve fazer permanecer santos idosos dispostos a se arriscar em uma nova congregação. Para isso, os plantadores precisarão desenvolver a habilidade de promover novos relacionamentos com cristãos e não cristãos que sejam muito mais velhos do que eles e que não tenham um compromisso de longa data com a igreja – ou com qualquer igreja. Não é que os plantadores não precisem amar os santos mais velhos, mas eles geralmente estarão começando de um lugar diferente no relacionamento.

  1. Ele consegue lidar com um ministério sem frutos por uma temporada?

Um plantador terá uma longa temporada de semeadura do evangelho por meio do evangelismo, durante a qual ele pode não ver um único convertido. Ele frequentemente não terá um prédio ou um orçamento. Não haverá equipe ou programas de ministério por um tempo. Nos primeiros anos, um pastor plantador deve ser capaz de viver com a realidade de que todo esse negócio pode realmente desmoronar amanhã.

Um revitalizador, por outro lado, pode herdar uma estrutura de prédios, estruturas e programas que poderiam existir por anos no mesmo estado de abandono. A solidez geracional da igreja provavelmente significa que a igreja não vai embora amanhã. Mas o revitalizador provavelmente terá temporadas prolongadas sem frutos também. Leva tempo para construir confiança, para ganhar o direito de liderar em um novo lugar. O trabalho para compartilhar o evangelho e integrar novos membros à igreja não acontecerá da noite para o dia. Purificar os membros, designar presbíteros e a organização de programas, tudo isso leva tempo.

Um futuro líder está escolhendo seu desafio. Onde ele pode lidar melhor com a complexidade da falta de frutos?

  1. Como ele se apaixonou pela igreja?

Não subestime a história do futuro líder ao considerar onde ele se encaixa melhor. Considere onde ele desenvolveu um amor pela igreja e aproveite o trabalho passado de Deus para o lançar no ministério futuro.

Por exemplo, um jovem que veio a ter fé e passou a amar a igreja por meio de uma plantação de igreja perto de sua universidade pode desejar replicar esse trabalho em outro lugar. Por outro lado, um homem que veio à fé por meio de uma igreja centenária e estabelecida pode ser atraído a investir no trabalho de restaurar a saúde desse tipo de igreja.

Da mesma forma que tendemos a cuidar de outras pessoas que passaram pela mesma dor que nós – os viciados são atraídos por outros viciados, os divorciados por aqueles que têm casamentos difíceis, as viúvas por outras viúvas -, os futuros líderes geralmente são mais adequados para um tipo de ministério nascido de sua história.

  1. Quais oportunidades estão diante de você?

As igrejas devem considerar que tipo de pontos fortes um homem pode ter. No entanto, elas também devem simplesmente pensar sobre onde as necessidades e oportunidades existem. Às vezes, as respostas que damos às seis perguntas anteriores podem sugerir que um homem se sairá melhor ministrando de uma maneira. Mas não somos oniscientes. Deus é.

Talvez uma igreja próxima tenha passado por momentos difíceis e precise de um pastor, e talvez a única pessoa cujas circunstâncias de vida permitiriam que ele e sua família fossem é alguém que sua igreja havia escalado como um possível plantador. Sem dúvida, devemos considerar como os dons de uma pessoa são melhor empregados. Mas como servos de Cristo, pastores são pastores, e cada um de nós deve estar disposto a alavancar nossas vidas para o bem da glória de Deus entre seu povo em sua igreja, em qualquer forma que sejamos necessários.

Afinal, quem você é (pastor) e o que você está liderando (a igreja de Deus) é muito mais importante do que onde você faz o trabalho.


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Por: Matt Rogers. ©9Marks. Traduzido com permissão. Fonte: Sending Out Future Leaders Strategically | Edição e revisão por Vinicius Lima.