Um blog do Ministério Fiel
Igrejas internacionais como multiplicadores estratégicos do Evangelho
Uma maneira diferente de fazer missões e plantar igrejas
Como você imagina o evangelho se espalhando para novos lugares, entre pessoas que nunca ouviram falar de Jesus Cristo? Provavelmente, você tem uma ideia bem definida e não articulada de como isso deveria ser. Você imagina canoas, malária e um missionário solitário pisando em uma mata selvagem? Essa é certamente uma maneira. Outra maneira de avanço estratégico do evangelho são as igrejas de língua inglesa em contextos que não falam inglês [N. do editor: ou igrejas de Língua Portuguesa em países de outro idioma] — frequentemente chamadas de “igrejas internacionais”. As igrejas internacionais podem servir como um ponto de apoio ou acampamento base para mais testemunho do evangelho.
Deixe-me dar quatro exemplos de como isso pode ser.
1. Os expatriados precisam de Jesus, e os expatriados podem mostrar Jesus.
Pessoas que falam sua língua estão espalhadas pela maioria das grandes cidades ao redor do globo. São aposentados, empresários e estudantes universitários, e eles estão tipicamente inseridos nessas cidades com seus próprios conjuntos de relacionamentos. Imagine se Deus permitisse que alguns de nós fôssemos um meio de ajudar alguns deles a serem trazidos à fé e discipulado. O que isso poderia fazer pelo testemunho do evangelho em cada um desses países? Se uma igreja internacional ensina esses expatriados a trabalhar como para Cristo, os equipa para dizer sobre a razão da esperança que eles têm, e os discipula para se importarem com o bem-estar espiritual de seus colegas ou colegas estudantes, o que Deus poderia fazer? Tal trabalho equivale a treinar missionários que já estão no campo.
Acredito que mais cristãos estrangeiros na minha cidade do Oriente Médio serão bons para a igreja nativa nesta cidade porque, assim como a igreja dispersa de Atos 7, os cristãos fiéis proclamam o evangelho onde quer que estejam.
2. Cristãos intencionais e normais podem se juntar à obra.
É preciso que as igrejas construam um coração centrado em missões para ampliar a visão de cristãos comuns que se mudam para o exterior para fazer missões nas práticas comuns da vida. Vários caminhos fornecem diferentes avenidas para conhecer pessoas. Por exemplo, o aposentado em nossa igreja conhece diferentes tipos de pessoas do que eu. O mesmo acontece com o empresário e o estudante universitário. Ter pessoas vivendo e existindo em diferentes capacidades multiplica os tipos de pessoas em nossa comunidade que têm mais oportunidades naturais de mostrar Cristo à cidade e se envolver em conversas sobre o evangelho.
Uma igreja internacional é a peça que faltava para viabilizar essa visão de múltiplos caminhos. As igrejas nos Estados Unidos precisam de boas igrejas no local para enviar aposentados e estudantes universitários. Embora uma igreja doméstica formada por missionários possa certamente ser um local de desembarque, essa igreja é muito mais difícil de ser vista do outro lado do oceano. Uma igreja internacional que se reúne em um local de reunião mais tradicional, talvez com um website, canais nas redes sociais e presença na comunidade, é mais fácil de ser descoberta. Também é mais fácil para uma igreja nos Estados Unidos ver essa igreja como uma opção válida para enviar membros.
Alguns anos atrás, um empresário mais velho com vários clientes em nossa região se mudou da Flórida para nossa cidade. Ele e sua esposa queriam se mudar para um lugar onde há poucos crentes para que pudessem ser testemunhas. Nossa igreja ajudou esse desejo a se tornar realidade.
3. Os missionários precisam de cuidado pastoral.
Um amigo que trabalha para uma grande organização de envio observou que esta geração atual é a geração mais mobilizada para missões que a igreja já viu, pelo menos em termos de número de pessoas que se mudaram para o exterior por causa da Grande Comissão. É também a geração menos eficaz para missões — não em termos de impacto eterno do reino (que não estamos em posição de medir), mas em termos de duração dos trabalhadores. Hoje em dia, a maioria dos comissionados retorna ao seu país de origem em cinco anos. E uma das razões mais comumente declaradas para seu retorno? Cuidado pastoral insuficiente.
A maioria dos missionários que conheço estão confusos sobre sua própria necessidade de uma igreja local. Não importa o efeito prejudicial que isso tem sobre aqueles que eles discipulam, a falta de uma igreja também prejudica sua própria durabilidade. Os missiólogos que promovem a multiplicação rápida podem se opor à forma como sua estratégia está sendo implementada, mas o fato é que muitos jovens missionários treinados nesses métodos entendem que a estratégia exige que eles evitem a participação em qualquer igreja. Infelizmente, os crentes locais aprendem com esse exemplo. Eles acreditam no que veem na vida do missionário, não no que o missionário diz. Consequentemente, eles aprendem a afirmar a ideia de uma igreja, mas nunca se submeter a uma específica. Precisamos fazer melhor do que isso. Uma maneira é os missionários se juntarem a igrejas internacionais. Ao fazer isso, eles modelam o que querem que os outros façam.
Em outras circunstâncias, o relacionamento entre um missionário e a igreja nativa é repleto de dificuldades devido a diferenças culturais, disparidades econômicas ou história local. Adicione a isso o desafio da linguagem, e muitos missionários se encontram sem nenhum vínculo significativo com a igreja — mesmo em lugares onde existem igrejas.
Para ajudar com isso, muitas organizações de envio desenvolveram uma infraestrutura de cuidado aos membros cada vez mais sofisticada. Os encarregados de cuidado aos membros funcionam essencialmente como pastores itinerantes para missionários. Mas em vez de inovar com um sistema de cuidado pastoral fora do contexto da igreja local, por que não utilizar uma igreja para formar missionários, como uma igreja faz para todos os cristãos? Nunca nos formamos fora de nossa necessidade de uma igreja. Talvez o envolvimento da igreja ajude os missionários em dificuldades a perseverar.
Por várias razões, uma igreja internacional pode fornecer aos missionários o tipo de apoio pastoral que todo cristão normalmente precisa. João Calvino escreveu perceptivamente: “Vemos que Deus, que pode aperfeiçoar seu povo em um momento, escolhe não trazê-los à maturidade de nenhuma outra forma senão pela educação da igreja”, uma escola na qual passamos a vida inteira estudando. Os missionários também precisam dessa escola — não apenas no início de seu trabalho, mas durante todo ele. Engajar-se em uma igreja internacional pode reduzir a quantidade de tempo que um missionário pode investir entre os crentes locais, mas também os ajudará a perseverar — e talvez aumentar a qualidade de seu tempo discipulando os crentes locais.
4. Diferenças linguísticas entre igrejas podem provocar cooperação no reino.
A cooperação significativa da igreja sempre foi um desafio. É um processo confuso e ineficiente. A competição ímpia muitas vezes desloca a cooperação piedosa simplesmente porque é mais fácil fazer você mesmo do que gastar energia aprendendo sobre outros ministérios.
Sendo uma igreja que se reúne em inglês em uma cidade onde a maioria das pessoas não fala inglês, nossos presbíteros muitas vezes sentem a pressão de construir relacionamentos fortes com outras igrejas locais. Precisamos de algum lugar para enviar novos convertidos que não falam inglês, mas falam a língua majoritária. O “problema” de ser uma congregação de língua inglesa em uma cidade que não fala inglês é um presente de Deus. Isso nos pressiona a investir e orar pela saúde das congregações nativas para que possamos conhecê-las e confiar nelas o suficiente para confiar almas aos seus cuidados.
Pessoalmente, acho que a simples decisão de encorajar novos cristãos a se juntarem a outras igrejas locais fez mais para promover uma mentalidade de cooperação do reino entre as igrejas em nossa área do que qualquer sermão ou conversa. O cuidado de nossos membros com os cristãos que agora se juntaram a outras igrejas locais permitiu que os crentes locais vissem o interesse de nossos membros em suas igrejas não mais como a atenção de um concorrente, mas por aquilo que de fato é: amor cristão.
CONCLUSÃO
Igrejas internacionais podem funcionar como plataformas estratégicas para aprimorar o trabalho evangélico existente em uma cidade. Isso acontece por meio de uma variedade de abordagens para cooperação e encorajamento de mais pessoas a se mudarem para uma cidade internacional para viver vidas comuns para propósitos evangélicos.
Se aprofunde no assuntos de eclesiologia e plantação de igrejas por meio dos livros do ministério 9Marcas lançados pela Editora Fiel — CLIQUE AQUI para conhecê-los!