Menno Simons | 1496–1561

O pacifista destemido

Se você está familiarizado com os menonitas contemporâneos, pode se surpreender ao saber que o fundador do grupo começou como um padre católico que nunca havia lido a Bíblia.

Um sacerdote sem a Bíblia

Em 1524, aos 28 anos, Menno Simons foi ordenado sacerdote da Igreja Católica em Utrecht, Holanda. Embora familiarizado com o grego e o latim e estudado na doutrina católica, Simons nunca havia lido as próprias Escrituras. “Eu não as toquei durante minha vida”, escreveu ele mais tarde, “pois temia que, se as lesse, elas me enganariam”.

Em 1526, ele começou a questionar a veracidade da doutrina católica da transubstanciação (a ideia de que o pão e o vinho se transformam na carne e no sangue reais de Jesus na Eucaristia). Simons pensou que essa dúvida poderia ser o diabo iludindo-o, então ele relutantemente começou a estudar a Bíblia. Embora ele não pudesse encontrar em nenhum lugar a doutrina da transubstanciação, ele descobriu o Evangelho da salvação pela graça por meio da fé em Cristo! Ele começou a compartilhar suas descobertas com outras pessoas do púlpito, impulsionando-o a um lugar de proeminência regional como um pregador do Evangelho.

Fumaça, mas sem chama

O estudo de Simons o convenceu da autoridade incomparável da Bíblia, levando-o a examinar a doutrina católica à luz das Escrituras. Ele também rejeitou a prática do batismo infantil como antibíblica e começou a encorajar os congregados a serem batizados de acordo com sua confissão de fé em Cristo. Apesar de abraçar a doutrina evangélica, ele permaneceu um padre na Igreja Católica e trabalhou por sua reforma. O tempo todo, no entanto, seu fascínio pelo ensino bíblico era meramente intelectual. Ele saboreava o cheiro doce de sua fama recém-descoberta, mas não tinha a chama pura da verdadeira afeição por Cristo.

A execução de trezentos anabatistas em Old Cloister perto de Bolsward em abril de 1535 o levou ao ponto de crise:

Refleti sobre minha vida impura e carnal, também a doutrina hipócrita e a idolatria que ainda praticava diariamente em aparência de piedade, mas sem prazer. Meu coração tremeu dentro de mim. Orei a Deus com suspiros e lágrimas para que ele me desse, um pecador entristecido, o dom de sua graça, criasse dentro de mim um coração puro e, graciosamente, pelos méritos do sangue carmesim de Cristo, perdoasse minha caminhada impura e vida frívola e fácil.

Vencido por seus pecados de orgulho, timidez e amor ao conforto, Simons renunciou decisivamente à sua “reputação, nome e fama mundanos”. “Na minha fraqueza”, escreveu ele, “temi a Deus; procurei os piedosos e, embora fossem poucos, encontrei alguns que eram zelosos e mantinham a verdade.

Inimigo do Estado – e do Diabo

Depois de ser batizado, Simons imediatamente se dedicou a pregar o evangelho, explicar as Escrituras e viajar muito. Simons descobriu que o diabo o havia afastado da Bíblia e da verdadeira conversão, e agora ele estava determinado a ser o inimigo jurado de Satanás. Sua pregação rapidamente atraiu a ira das autoridades católicas. O imperador Carlos V até emitiu um decreto contra Simons, oferecendo uma recompensa significativa a qualquer um que pudesse entregá-lo nas mãos das autoridades.

No entanto, Simons exortou seus colegas reformadores anabatistas a rejeitar meios violentos para realizar reformas, defendendo o pacifismo e a separação do poder mundano. Sua pregação e reformas foram tão bem-sucedidas que, eventualmente, os anabatistas do norte da Alemanha e holandeses seriam conhecidos como menonitas. No vigésimo quinto aniversário de sua renúncia ao catolicismo, a saúde de Simons piorou rapidamente e ele morreu no dia seguinte, 31 de janeiro de 1561, aos 66 anos.

Não mais enganado

Assim como o diabo enganou o jovem Menno, nosso inimigo também nos enganaria. Ele nos afastaria das Escrituras, de temer a Deus, da confissão de pecados e da fé humilde. Que possamos, em vez disso, “com suspiros e lágrimas” implorar e receber com alegria o dom da graça em nosso Salvador prometido, Jesus Cristo.

Embora eu resistisse em tempos passados à Tua preciosa Palavra e à Tua santa vontade com todos os meus poderes… não obstante, a Tua graça paternal não me abandonou, um pecador miserável, mas em amor me recebeu, … e me ensinou pelo Espírito Santo até que, por minha própria escolha, declarei guerra ao mundo, à carne e ao diabo. . . e voluntariamente me submeti à pesada cruz de meu Senhor Jesus Cristo para que eu pudesse herdar o reino prometido. (Simons, Meditation on the Twenty-Fifth Psalm [Meditação sobre o Salmo Vigésimo Cinco])

Para mais informações sobre Menno Simons:

Todos os escritos de Menno Simons estão disponíveis online gratuitamente. Comece com o Preface to Foundations of Christian Doctrine [Prefácio de Fundamentos da Doutrina Cristã].

The Anabaptist Story: An Introduction to Sixteenth-Century Anabaptism [A História Anabatista: Uma Introdução ao Anabatismo do Século XVI] por William R. Estep.

 

 

Publicado originalmente em DesiringGod.org e traduzido e distribuído em Português em parceria com o Ministério Fiel e Voltemos ao Evangelho.
Produção de audio por DBVoz Studios (voz de Duda Baguera). Revisão e edição por Vinicius Lima.