Um blog do Ministério Fiel
Wolfgang Capito c. 1478–1541
O pacificador protestante
“Como é Deus? A quem devemos seguir?” Muitas pessoas devem ter feito essas perguntas durante os tempos turbulentos que agora celebramos como a Reforma. Reformadores, contra-reformadores, humanistas e anabatistas argumentaram (e às vezes lutaram) para definir nossa compreensão de Deus e seu Evangelho. Nada poderia ser de maior importância.
Muitas das pessoas que lutaram juntas (ou umas contra as outras) durante a Reforma Protestante ainda são bem conhecidas no século XXI. Mas a obra que Deus fez por meio da Reforma incluiu um elenco de centenas, até milhares, de desconhecido para muitos de nós hoje. Entre esse grupo está Wolfgang Capito (1478-1541), um reformador que desejava mais de Deus e pregava o Evangelho enquanto promovia a paz. E por essa razão, ele estava frequentemente em apuros com seus amigos reformadores.
Início do Humanismo
Wolfgang Capito nasceu na França em 1478. O pai de Wolfgang, Hans, era um ferreiro pobre e frugal. Ele valorizava a educação e mandou seu filho para uma escola de latim e depois para um treinamento em medicina. Quando Hans morreu em 1500, suas últimas palavras foram um comando, alertando Wolfgang contra se tornar um padre precipitadamente.
Precipitadamente ou não, Capito já estava se movendo nessa direção. Abandonando a medicina, estudou teologia. Especificamente, ele foi treinado como humanista cristão, tornando-se estudante e amigo íntimo de Erasmo. Como humanista, ele amava o texto bíblico e as línguas bíblicas, desejava a reforma do cristianismo (particularmente a moral de seus líderes e sacerdotes) e ansiava pela paz. Logo ele foi ordenado para o serviço na Igreja Católica.
Capito foi enviado para Basileia em 1515. Lá, na Catedral de Basileia, ele foi lentamente retirado do catolicismo e do mero humanismo para a Reforma. Enquanto estava em Basileia, ele se tornou amigo de Zwinglio e um correspondente de Lutero. Durante esse tempo, a teologia de Lutero o confundiu. No início, ele implorou a Lutero que fosse menos ofensivo, especialmente para o papa.
Conselho que Lutero não deu ouvidos! Mesmo assim, Capito publicou avidamente as obras de Lutero no norte da Europa em 1518. No entanto, sendo ele ainda um humanista, Capito realmente não as entendia. Ele continuou a dialogar com Lutero e, em 1522, visitou Wittenberg. Embora perturbado pelo pecado trágico que testemunhou lá, ele também descobriu o coração da Reforma no Evangelho – Deus encontrou seu coração.
Um apelo à paz
Quando Deus o mudou de humanista para reformador teológico, Capito explicou da seguinte maneira: “Mudei-me para o lado dos piedosos papistas e luteranos que buscam apenas a salvação da alma e nada temporal; e admoesto-os à unidade cristã, tanto quanto Deus me dá graça” (Wolfgang Capito, 94). Seu coração agora era de Deus. No entanto, sua formação humanista ressoou profundamente com o chamado bíblico à paz.
Durante sua vida, ele escreveu três hinos. Um deles perdurou em hinários alemães por séculos e é intitulado “Dê-nos Paz”:
Dê-nos aquela paz que nos falta, através da descrença e na vida doente.
A Tua Palavra a oferecer, Tu não deixas de oferecer,a qual nós cruelmente conquistamos.
Com fogo e espada, esta Palavra saudável alguns perseguem e oprimem.
Alguns com a boca confessam a verdade, mas sem piedade sincera.
Embora a Palavra de Deus estivesse sendo poderosamente pregada em toda a Alemanha, França e além, ainda assim havia perseguição e opressão dentro da Reforma que cansou Capito e o fez cair de joelhos em oração – e em sua pena. Ele continuou a chamar Lutero e Zuínglio para encontrar um terreno comum na teologia da Ceia do Senhor, e pediu que a misericórdia fosse mostrada aos anabatistas.
Ao longo de sua vida como reformador, muitos interpretaram seu apelo por misericórdia aos oponentes teológicos como significando que ele concordava com esses oponentes. No entanto, misericórdia não é acordo; sua condenação da violência, coerção e até mesmo linguagem ofensiva foi um chamado ao povo de Deus para não interferir na obra do Espírito Santo para disciplinar aqueles que se opõem.
O Servo do Senhor
“Como é Deus? A quem devemos seguir?” Tais questões ainda desafiam o mundo hoje. Ao procurarmos chamar muitos para se deleitarem no Deus de Lutero e Calvino, faríamos bem em seguir o exemplo de Capito e o mandamento de Deus:
“Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.”
(2 Timóteo 2.24-25).
Somos chamados a um compromisso gentil e pacífico, mesmo correndo o risco de sermos mal interpretados.
Para mais informações sobre Wolfgang Capito:
Wolfgang Capito: From Humanist to Reformer [Wolfgang Capito: De Humanista a Reformador] por James M. Kittelson
The Reformation: A History [A Reforma: Uma História] por Diarmaid MacCulloch